População pede mudanças no transporte coletivo e Seinfra afirma que Joinville terá licitação
Em reunião na Câmara de Vereadores, população criticou corte de linhas e custo da passagem
Durante reunião na Câmara de Vereadores, na noite desta segunda-feira, 19, o secretário de Infraestrutura Urbana, Jorge Luiz Correia de Sá, afirmou que a prefeitura já possui uma equipe que trabalha na licitação do transporte coletivo de Joinville. O prazo para o documento ser lançado é o segundo semestre de 2022.
O encontro foi marcado para discutir o funcionamento do serviço na cidade, que tem gerado reclamações por parte dos moradores. No plenário, o corte de linhas e horários foi o principal alvo das críticas.
“Situação dos bairros é triste. Pessoas doentes esperando mais de uma hora [pelo ônibus]”, criticou Edison Rodrigues, morador da zona Sul. Para o morador, o transporte não tem sido acessível, principalmente para a população que mora nestes locais mais afastados.
João Pedro do Movimento Passe Livre (MPL) relatou que a falta de acessibilidade ao transporte coletivo, por conta do preço da passagem e falta de linhas, afeta a população mais pobre. “Pessoas doentes vão de a pé, bicicleta, porque não pode pagar o ônibus”, comentou.
Para Reinaldo Pschaeidt, morador do Adhemar Garcia, o atual sistema de transporte não atende as necessidades dos moradores. “Cidade dos trabalhadores, dos estudantes, com linhas que não passam das 20 horas. Não há sensibilidade [por parte das empresas]”, criticou. Além disso, ele também reclamou dos espaçamentos entre os horários das linhas, que podem demorar de 30 minutos a três horas, dependendo do local.
O vereador Brandel Junior (Podemos) e Diego Machado (PSDB) defenderam que há a necessidade da empresa lucrar com o serviço, mas afirmam que os passageiros e suas necessidades estão sendo esquecidos neste momento, o que precisaria ser revisto.
Brandel aproveitou para questionar qual havia sido a última vez que os empresários do transporte utilizaram o ônibus, principalmente em linhas periféricas. Reinaldo também levantou o mesmo ponto do vereador. “Vocês não conhecem a realidade da sociedade que utilizam o transporte coletivo da cidade”, afirmou.
Enquanto os vereados citaram a questão do lucro, o integrante do MPL também defendeu a necessidade de repensar o atual modelo do sistema de transporte. “Enquanto o transporte for lucrativo, a conta nunca vai fechar”. Para ele, o lucro é levado mais em conta do que o serviço ser acessível para a população que precisa utilizá-lo.
Segundo o secretário da Seinfra, Jorge Luiz Correia de Sá, com a licitação, questões deverão ser acertadas. Porém, para garantir o serviço de qualidade, o processo deverá ser feito com segurança, o que pode levar mais tempo. “Licitação não pode ser feita do dia para noite. Ninguém faz licitação sem segurança jurídica. […] Cidades já mostraram que concorrências mal feitas já levaram ao caos”, defendeu.
O vereador Neto Petters (Novo) defendeu também o cuidado com a questão jurídica para garantir uma licitação feita com qualidade. Ele citou a importância da população na discussão sobre o tema e a necessidade da transparência no sistema de transporte, porém, disse que o debate deve ser feito com cuidado, por conta do valor da tarifa. Ele chegou a comparar o pedido de retorno de linhas com “atender cada um na sua casa”.
Propostas
Diego Machado concordou sobre a necessidade da licitação, porém, afirmou que uma solução mais rápida precisa ser encontrada, já que o processo licitatório pode demorar. O morador do Adhemar Garcia fez coro ao vereador e pediu que, tanto a Câmara quanto a prefeitura solucionem o problema. “Não é para 2022, é para agora. Isso é para o gestor, pensar em como amenizar isso”, afirmou.
Neto Petters também aproveitou o momento para questionar as empresas sobre a possibilidade de outras formas de financiamento do serviço, como a publicidade, a fim de reduzir o preço da passagem.
Segundo Alcides Bertoli, gerente de operações da Passebus, a situação atual é complicada. Ele afirmou que entende a necessidade da população, porém, que precisa de passageiros nos ônibus. De acordo com ele, há linhas que rodam sem clientes. “O grande problema é como fazer isso e manter o sistema ativo”, apontou.
Para tentar encaminhar uma solução, Brandel sugeriu o retorno de todas as linhas, custeadas 50% pela prefeitura e, a outra metade, pelas empresas. A ideia surgiu porque o município já subsidia o serviço com cerca de R$ 1 milhão por mês.
Mas, Bertoli comentou que, no momento, não podia responder o pedido do parlamentar, por questão técnica, como contrato de pessoal. Em contrapartida, Brandel propos, então, que fossem reduzidos os espaçamentos entre os horários, já que a passagem das linhas são demoradas.
Neste momento, Bertoli pediu que os vereadores conhecessem a operação das empresas, para entender o funcionamento e chegar em uma conclusão. O secretário da Seinfra aproveitou e também pediu aos vereadores que participassem de uma das reuniões da pasta, onde discutem e estudam a atual situação do transporte. A preocupação, afirma Correia de Sá, é atender um determinado público e prejudicar o financeiro.
Após as discussões, o secretário afirmou aos vereadores que os pedidos feitos pela população e vereadores serão discutidos na Seinfra. “Não se pode ser irresponsável e tomar uma decisão sem analisar”, explica.
Com isso, Diego Machado pediu ao secretário que fosse repassado à Câmara o debate realizado na pasta a partir da discussão da noite. “Para que nós, Câmara e sociedade, possamos entender como este processo vai acontecer”, explicou.