Prefeitura de Joinville/Divulgação
Praia do Vigorelli, em Joinville, se mantém própria para banho durante todo o ano
Há quase duas décadas a praia não fica própria durante um ano inteiro
Desde 2007, a balneabilidade da praia do Vigorelli, em Joinville, alternou entre própria e imprópria para banho, mas em 2025 a qualidade está própria durante todo o ano. Os dados são do Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
A última vez que a praia do Vigorelli ficou própria durante um ano inteiro de acordo com as análises do IMA foi há quase 20 anos, em 2006.
Com relação à balneabilidade do Vigorelli, a Companhia Águas de Joinville realizou a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) compacta na localidade. A estrutura contribuiu para melhorar a qualidade da água da região, já que os efluentes passaram a receber tratamento adequado.
A Águas de Joinville concluiu, em março de 2024, obras de saneamento na comunidade do Vigorelli, que possui cerca de 130 economias ativas de água e esgoto (residências e comércios).
Além da estação de tratamento de esgoto, planejada para atender 100% das residências e dos comércios da localidade, com capacidade de tratamento de pelo menos 129,6 mil litros por dia, a Companhia executou a instalação de 1,5 km de rede coletora e de uma unidade de bombeamento.
O investimento total em obras de esgoto na comunidade foi de aproximadamente R$ 3 milhões.
Porém, a qualidade da água não depende apenas dessa fonte. A Vigorelli recebe também outras influências por ser uma baía, e isso pode fazer com que a qualidade da água sofra oscilações.
Balneabilidade do Vigorelli
Santa Catarina é referência nacional no monitoramento de balneabilidade e possui a segunda maior rede de pontos de coleta no Brasil.
Diego Hemkemeier Silva, diretor de Controle, Passivos e Qualidade Ambiental do IMA, explica que a balneabilidade é o monitoramento da qualidade da água em praias e balneários utilizados para banho e atividades recreativas. O objetivo é informar à população se esses locais oferecem condições seguras do ponto de vista sanitário para o contato direto, prevenindo riscos à saúde.
O IMA segue resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 2000, que rege a classificação da balneabilidade das praias e é realizada com base na quantidade de bactérias do grupo coliforme termotolerante, em especial, a Escherichia coli.
Segundo a norma, um ponto de coleta é considerado próprio para banho quando, em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas, no mesmo local, houver no máximo 800 unidades de Escherichia coli por 100 mililitros de água. Será considerado impróprio quando mais de 20% das amostras apresentarem valores superiores a esse limite ou, ainda, quando a última coleta isoladamente indicar mais de 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.
“A impropriedade pode ser causada por diversos fatores, como ocorrência de chuvas e despejo de esgoto doméstico sem tratamento em rios, córregos ou valas de drenagem. A água da chuva, ao escoar sobre áreas urbanas e naturais, carrega resíduos como lixo, sedimentos, matéria orgânica, fezes de animais e esgoto, que acabam desaguando em rios, lagoas e no mar, elevando a carga de poluentes microbiológicos”.
De maneira geral, a qualidade da água é afetada por fatores antrópicos, como despejo irregular de esgoto, e fatores naturais, como as chuvas que atingem a região.
No caso específico da Vigorelli, segundo Diego, trata-se de um ecossistema que não tem uma renovação hídrica constante, além da fragilidade do mesmo, pois se trata de uma baía estuarina (ambiente aquático de transição entre um rio e o mar) com a presença de mangues e restingas.
Veja as medições de 2023, 2024 e 2025
As medições na praia do Vigorelli são feitas à direita do trapiche.
Dados: IMA
Como é feita a análise
Recentemente o IMA também firmou uma parceria com o Laboratório de Algas Nocivas e Ficotoxinas (Laqua), sediado no campus do Instituto Federal (Ifsc) em Itajaí, para a identificação de algas nocivas que podem afetar a qualidade da águe para contato primário. Com a parceria, a identificação dessas microalgas deve ser agilizada, o que garante ainda mais segurança para os banhistas.
“Os técnicos fazem as coletas da água do mar a até 1 metro de profundidade, na quantidade de 100 mililitros em cada ponto. O material coletado é submetido a exames bacteriológicos durante 18 horas. São necessárias cinco semanas consecutivas de coleta para se obter um resultado tecnicamente confiável. Para as análises, são levados em consideração aspectos como condições de maré, incidência pluviométrica nas últimas 24 horas no local, a temperatura da amostra e do ar no momento da coleta (parâmetro físico) e a imediata condução para a pesquisa em crescimento bacteriano”.
De outubro a março, o IMA realiza o monitoramento da balneabilidade das praias catarinenses semanalmente e às sextas-feiras, divulga o balanço da semana. Já entre os meses de abril e setembro, a coleta e a divulgação são mensais.
Já a avaliação sobre microalgas ocorre por demanda, ou seja, caso observada alguma alteração no aspecto da água, uma coleta específica é realizada e a amostra é encaminhada ao Laqua.
Como manter a qualidade da água
Por uma questão de cumprimento de legislação, os municípios são titulares do saneamento básico — ou seja, são os responsáveis pela drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, pela limpeza urbana e pelo manejo de resíduos sólidos, bem como, pelo abastecimento de água potável e pelo esgotamento sanitário.
Esgotos domésticos, ao serem lançados em rios, valas e drenagens sem o devido tratamento, conferem suas características a esses corpos d’água, afetando sua qualidade e aumentando a possibilidade de transmissão de doenças.
Um dos fatores que podem potencializar a impropriedade da balneabilidade são as fortes chuvas.
“Elas provocam a limpeza dos leitos carroçáveis e dos sistemas de drenagem urbana, bem como, elevam o lençol freático. Há de se considerar que em Santa Catarina não são todos os municípios que possuem sistema público de coleta e tratamento de esgoto, portanto, ainda persistem os sistemas individuais ou coletivos, compostos basicamente de fossa, filtro e sumidouros ou, muitas vezes, descarte irregular no sistema de drenagem pluvial”.
Sendo assim, o trabalho de monitoramento da balneabilidade realizado pelo IMA é uma ferramenta importante, que serve como indicador para os municípios onde as coletas são realizadas. “Com base nas informações da balneabilidade, as gestões municipais podem criar ou potencializar medidas que visam melhorar os índices de balneabilidade nas praias do estado e, consequentemente, a qualidade das águas no litoral”.
A população deve colaborar com a balneabilidade ao realizar a ligação do esgoto das suas residências ao sistema de coleta e tratamento, quando esse existe, ou por meio da limpeza periódica das fossas domésticas com contratação de limpa-fossa regularizado. O IMA disponibilizou uma nova ferramenta onde os cidadãos podem consultar se o prestador do serviço está com a licença ativa e, dessa forma, coibir a atividade de caminhões limpa-fossa não regularizados que, muitas vezes, são responsáveis pelo descarte de esgoto em locais irregulares.
“O IMA pratica a preservação e a recuperação dos ambientes através das licenças que emite, impondo programas e controles ambientais às atividades licenciáveis. A proteção e a recuperação ambiental são os pilares que norteiam o nosso trabalho, principalmente, dentro do rito de licenciamento ambiental, cujo objetivo é contribuir com o desenvolvimento econômico e sustentável em Santa Catarina”.
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