Em entrevista exclusiva, Adriano Silva explica reforma administrativa, prega diálogo saudável com a Câmara e projeta obras, entre outros temas
Por Lara DonnolaEm entrevista ao jornal O Município Joinville nesta quinta-feira, 21, o prefeito Adriano Silva (Novo) avaliou o início do segundo mandato como um período de estabilidade, com continuidade de obras e projetos. Entre os destaques da gestão estão investimentos em infraestrutura, saúde e educação. Ele afirmou que, até o fim do mandato, os joinvilenses terão melhorias significativas em mobilidade, atendimento à população e qualidade de vida.
O prefeito comentou que o início do segundo mandato trouxe mais estabilidade à gestão. Diferente do primeiro, quando precisou estruturar a equipe e conhecer os projetos e finanças da prefeitura, agora a administração segue em continuidade, dando sequência aos trabalhos. Segundo ele, não houve mudanças no secretariado, o que permitiu manter o planejamento já existente e dar andamento às obras em curso.
“Eu acho que um dos pontos que mais demonstra o quanto o time estava estruturado e técnico, é que ninguém, nenhum secretário saiu para concorrer a vereador”, destacou Adriano. “E ao mesmo tempo a gente teve sucesso também na votação da Câmara de Vereadores. Conseguimos dividir muito bem o papel de cada um, do executivo e do legislativo, e ter bons resultados”, complementou.
Em relação a área da saúde, que já foi afirmada pelo prefeito Adriano Silva como prioridade da gestão, ele destacou a entrega de duas Vilas da Saúde, no Morro do Meio e no Espinheiros, que ampliaram a estrutura de atendimento básico, com mais equipes, consultórios odontológicos e áreas de convivência.
Segundo o prefeito, também houve investimentos nas unidades de pronto atendimento. A UPA Sul passa por obras de expansão, aproveitando o andar inferior antes usado como estacionamento, enquanto a UPA Norte está em fase final de ampliação. “Tivemos esse investimento para continuar aumentando o atendimento de urgências e emergências”, ressaltou.
No Hospital São José, Adriano citou a preparação para a compra de um equipamento de ressonância magnética, que deve ser adquirido no próximo ano. As adequações físicas já começaram para receber o aparelho, considerado o maior investimento da gestão em equipamentos hospitalares. Além disso, ele informou que há conversas com o governo estadual para ampliar as UTIs.
O prefeito lembrou ainda da parceria com o Hospital Bethesda, que permitiu reduzir filas de cirurgias eletivas por meio de convênios municipais e estaduais. Ele ressaltou que a estrutura do hospital garante cumprimento da agenda, ao contrário do Hospital São José, que precisa priorizar emergências. “Toda vez que entra a emergência lá (no São José) tem que quebrar a agenda da cirurgia eletiva. Já no Bethesda, o que está agendando se cumpre. Então temos investido lá e temos tido resultado”, comenta.
“É uma grande parceria porque ali a gente conseguiu ter um modelo extremamente ágil, com muita eficiência, que praticamente zerou muitas filas que nós tínhamos em cirurgias eletivas”, analisou.
Adriano também adiantou que em breve será inaugurada a nova sede do Núcleo de Assistência Integral ao Paciente Especial (Naipe), planejada especialmente para o atendimento e com estrutura moderna. “Será um marco nessa área, que é um grande investimento e um equipamento completamente novo, e pensado para esse atendimento, diferente das casas anteriores que foram casas datadas para o atendimento”, disse.
O prefeito Adriano Silva avaliou como positiva a relação de sua gestão com a Câmara de Vereadores de Joinville. Ele reconheceu a existência de críticas de parte da oposição. “Alguns vereadores vão para um extremo de críticas e oposição, o que é lamentável, isso não agrega à política nenhuma”, comentou. No entanto, afirmou que a maioria dos parlamentares busca o diálogo em favor da cidade.
Segundo o prefeito, esse alinhamento foi fundamental para avanços, como as mudanças em leis voltadas à desburocratização. “A quantidade de leis que foram alteradas na Câmara só foi possível graças à visão da grande maioria dos vereadores de participarem e apoiarem iniciativas que beneficiam o joinvilense”, afirmou.
Adriano destacou ainda que os poderes Executivo e Legislativo mantêm “a distância necessária para respeitar a independência dos poderes”, mas compartilham o mesmo objetivo, que é “melhorar Joinville”. Para ele, quando as prioridades são voltadas para a cidade, e não a interesses partidários ou pessoais, todos acabam tendo seu trabalho reconhecido.
O prefeito avaliou que a saúde em Joinville evoluiu durante sua gestão, apesar dos desafios da área. Ele lembrou que a saúde sempre enfrenta limitações orçamentárias em relação ao que a Constituição prevê, mas ressaltou a qualidade do atendimento no município em comparação a outras regiões do país. “Dentro do cenário nacional, se compararmos a qualidade da saúde que nós temos em Joinville, eu diria que é incomparável”, comenta.
Segundo ele, moradores que vieram de outros estados costumam relatar a diferença. O prefeito citou relatos emocionados de famílias que percebem o atendimento humanizado e a estrutura da rede municipal como muito superiores à média nacional. Ele também mencionou um caso em que uma família da região Norte do país confundiu uma escola pública de Joinville com uma instituição privada, pela qualidade do serviço oferecido.
O prefeito Adriano Silva considera viável a proposta de estadualização do Hospital São José. “A gente vem conversando com o governador e ele não se mostra de forma contrária, muito pelo contrário, ele está disposto a conversas”, afirmou.
Segundo o prefeito, o principal desafio é o peso orçamentário que o hospital representa para o município. “Se a tabela do SUS tivesse sido corrigida pela inflação, não haveria necessidade de discutir a mudança de gestão”, disse. Adriano lembrou que, pela Constituição, cabe aos municípios manter o atendimento básico e secundário, como unidades de saúde e UPAs, enquanto hospitais de alta complexidade são de responsabilidade estadual.
“Esses equipamentos são tão grandes que não podem ser construídos um em cada cidade. Então, ele já nasce regionalizado. No caso do Hospital São José, ele é estadualizado, porque nós somos referência por exemplo em queimados pro estado todo”, exemplifica. Por isso, ele defendeu que a estadualização pode ser o futuro orçamentário mais sustentável para a unidade.
Na área de infraestrutura, o prefeito destacou que a duplicação da avenida Santos Dumont deve começar em breve. Ele classificou a obra como uma conquista histórica para Joinville, já que por muitos anos o projeto foi considerado inviável devido ao custo das desapropriações.
Segundo o prefeito, a solução veio por meio de decreto que permitiu viabilizar o processo, além da doação do projeto executivo por empresários da cidade e já há verba para a execução. Com isso, a obra, aguardada há décadas, poderá ser executada. Ele também mencionou os avanços da duplicação na Ottokar Doerffel e o início das obras da Ponte Anêmonas, que vai impactar as regiões dos bairros Itaum, Fátima e Adhemar Garcia.
Além disso, o andamento da construção da Ponte Joinville já passou de 30%, e as rampas de acesso já começaram a ser feitas, informou o prefeito. Além disso, o Parque Porto Cachoeira, em frente ao Mercado Municipal já está em fase final. Serão mais de 110 mil metros quadrados de área contemplada. “Ao lado de lagos, árvores, dois restaurantes em operação. Então será um marco de turismo para a cidade e ao mesmo tempo um parque para o joinvilense”, disse.
O prefeito Adriano Silva defendeu a reforma administrativa proposta neste ano e rebateu as críticas da oposição sobre o aumento de cargos. Segundo ele, a medida foi necessária para acompanhar o crescimento da cidade e garantir a continuidade dos serviços públicos.
Adriano explicou que Joinville teve aumento populacional e de receita nos últimos anos, o que exige mais estrutura administrativa. Ele citou, por exemplo, a falta de engenheiros para fiscalizar obras, já que os salários da prefeitura estavam defasados em relação ao mercado. Ele disse que a reforma permitiu ajustar planos de carreira e atrair profissionais.
O prefeito destacou ainda que novas lideranças foram incluídas para atender áreas que se expandiram, como escolas, unidades de saúde e operações urbanas consorciadas. “Foi tudo muito bem mapeado, onde a gente realmente precisava aumentar. Isso vai refletir em serviços de maior qualidade e dentro do orçamento do município”, afirmou. “Nós não estamos fazendo com que o município fique endividado, nós não estamos passando os limites providenciais, muito pelo contrário, a gente está dentro dos nossos limites para que a gente possa crescer com qualidade”, reitera.
O prefeito avaliou que Joinville tem avançado nas ações voltadas à população em situação de rua, embora reconheça que o tema não tenha solução única. “Esse é um trabalho que no mundo não existe uma referência do que dá certo ou é qual é o caminho que tem que seguir”, afirmou.
Ele destacou que a localização estratégica da cidade, a maior de Santa Catarina e próxima à BR-101, atrai pessoas em situação de rua de outras regiões. Ainda assim, segundo o prefeito, as iniciativas locais têm se tornado referência para outros municípios.
Comitê se reúne para avaliar ações voltadas à população em situação de rua em Joinville
Adriano citou os trabalhos do Grupo de Ação de Orgulho Público (Gaop) e do Grupo Estratégico de Orgulho Público (OOP), que atuam de forma conjunta em ações de ordem pública. Para ele, a pessoa em situação de rua é “a ponta do iceberg” de falhas ou ausência de políticas coordenadas, e enfrentar a questão exige articulação entre diferentes áreas.
De acordo com o prefeito, os resultados têm sido positivos, refletindo em redução da população em situação de rua e maior organização da cidade.
O prefeito Adriano Silva informou que a licitação do transporte coletivo de Joinville ainda depende da análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo ele, o processo está parado devido a uma nova prorrogação de prazo determinada pelo órgão.
Adriano afirmou que, assim que o relatório final for liberado, a prefeitura fará as adequações necessárias para então dar sequência ao processo. “Enquanto não tivermos o relatório final do Tribunal de Contas, não temos como seguir”, explicou.
O prefeito Adriano Silva afirmou que Joinville terá a construção simultânea de 15 novos Centros de Educação Infantil (CEIs), que devem abrir cerca de 10 mil novas vagas em creches, número acima da demanda atual, considerando o crescimento da cidade.
Além disso, a prefeitura aposta na Parceria Público Privada (PPP) para viabilizar a construção de mais de 30 escolas, nas quais a gestão da infraestrutura ficará a cargo das empresas responsáveis, enquanto servidores municipais se dedicarão apenas às atividades pedagógicas.
Segundo Adriano, esse modelo permitirá mais produtividade para os profissionais da educação e abrirá espaço para avançar na implantação do ensino em tempo integral.
Entre os novos CEIs, o do bairro Comasa já está em operação, o Vila Cubatão deve iniciar atividades no próximo mês e o de Nova Brasília também está em fase final. A expectativa é que, a partir de 2026, um grande volume de novas unidades esteja pronto para atender a comunidade, segundo o prefeito.
Adriano foi eleito em 2020 para o primeiro mandato como prefeito e, em 2024, foi reeleito com votação recorde, de 78,69% no primeiro turno.
Ao encerrar a entrevista, o prefeito Adriano Silva afirmou que os joinvilenses podem esperar, até o fim de 2028, entregas que marcam avanços de décadas em infraestrutura. “O que podem esperar é uma cidade que avançará em oito anos o que não avançou em décadas”, mencionou. Segundo ele, os investimentos vão garantir melhorias na mobilidade, no acesso a serviços e também no setor habitacional, com impacto direto na qualidade de vida da população.
Região de Joinville já era habitada há 10 mil anos: conheça os quatro povos anteriores à colonização:
 avaliou o início do segundo mandato.){kind=link}