Programa que capta amostras de DNA em Joinville pode auxiliar na busca por desaparecidos

Ação faz parte de uma campanha nacional

Programa que capta amostras de DNA em Joinville pode auxiliar na busca por desaparecidos

Ação faz parte de uma campanha nacional

Por fim ao drama de famílias que procuram por respostas é o intuito do Programa Conecta, que capta amostras de DNA de familiares de pessoas desaparecidas para auxiliar nas buscas. A ação faz parte de uma campanha nacional e, em Joinville, o trabalho é realizado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP).

Nathalia Cristina Gonzalez Ribeiro, papiloscopista do IGP de Joinville, explica que os familiares são identificados e contatados por meio de boletins de ocorrência de pessoas desaparecidas registrados nas polícias Civil ou Militar.

Caso tenham interesse em participar do programa, são chamados para uma entrevista presencial com perito papiloscopista, profissional responsável pela coleta do material biológico.

A reportagem do jornal O Município Joinville acompanhou uma dessas conversas. Na ocasião, foram entrevistados pais de um jovem desaparecido desde agosto do ano passado. Eles acreditam que o homem, à época com 28 anos, tenha sido assassinado logo após ser abordado por cinco homens e jogado dentro de um veículo.

Antes da coleta de DNA, os familiares respondem a um questionário que relembra fatos do dia do desaparecimento e características físicas da pessoa desaparecida, além de relatarem tudo o que sabem sobre o caso.

Depois que o material biológico é retirado da boca junto à impressão digital e a assinatura dos familiares são obtidos, as informações são inseridas em um banco unificado que pode conter os perfis biométricos, antropológicos e odontolegais dos desaparecidos. O objetivo é que esses dados sejam confrontados.

“Esse trabalho de tentar identificar pessoas a gente já faz há bastante tempo. Agora só oficializou mesmo com o Programa Conecta, quando entrou também essa parte do DNA, que é o diferencial do projeto”, afirma Nathalia.

Desaparecidos em Joinville

A perita em papiloscopia aponta que, quando a campanha iniciou, no mês passado, havia cerca de oitenta famílias com pessoas desaparecidas em Joinville.

Ela diz, no entanto, que este número pode não representar a realidade, já que há possibilidade do desaparecido já ter retornado para casa e a família não ter informado o reaparecimento, como também pode acontecer de familiares não procurarem a polícia em casos de desaparecimento. “A gente não sabe se este número é superestimado ou subnotificado”, define.

Nathalia afirma que há várias possibilidades de identificação de um desaparecido, seja por impressões digitais, por amostras de DNA ou pela arcada dentária. Os dados colhidos são confrontados com informações já inseridas no sistema, seja de pessoas vivas ou mortas.

“As pessoas não necessariamente estão mortas. A gente já pegou alguns casos onde a pessoa ou sofreu um acidente ou às vezes estava em situação de rua, e aí acabou sendo hospitalizada, inconsciente. Já tiveram uns dois casos que, por meio das impressões digitais, a gente conseguiu identificar essa pessoa hospitalizada e aí encontrar a família”.

Nathalia conta que os casos mais antigos que chegaram ao IGP são de, no máximo, dois anos. Ela não descarta a possibilidade de existirem casos mais antigos, de até 20 anos. No entanto, diz que a busca por informações desses casos é mais complicada pela falta de informações no prontuário digital do estado. Também pode ocorrer de os próprios familiares não lembrarem com clareza detalhes sobre o fato.

Fim às buscas

Com a inserção das informações no banco de dados nacional, assim que houver uma compatibilidade, o órgão entra em contato com os familiares.

No entanto, a perita explica que o fim das buscas depende da aparição do indivíduo compatível, por isso, não há como estimar o tempo de espera para os reencontros.

“Pode ser que, de repente, [o desaparecido] já esteja com o DNA no banco de dados, só está esperando lá pra bater os dados do familiar. Mas também pode ser que essa pessoa ainda não tenha sido encontrada”, explica.

O programa também possibilita que desaparecidos em Joinville, por exemplo, possam ser encontrados em outras regiões o país, já que a base de dados é nacional.

Para Nathalia, compartilhar do drama dessas famílias gera uma mistura de sentimentos. Ela diz que encontrar uma pessoa pode trazer a tão esperada resposta, mas, muitas vezes, esta resposta pode ser incompleta.

“Às vezes essa pessoa é encontrada num IML, já faleceu. A gente sabe que é um, digamos, fim triste, porém não deixa de ser o fim. A pessoa tem direito de ter o sentimento do luto também”, finaliza a especialista.


Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município Joinville. Clique na opção preferida:

WhatsApp | Telegram


• Aproveite e inscreva-se no canal do YouTube

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo