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Psicólogo acredita que vítima de estupro em loja de Joinville foi coagida e não hipnotizada

Para ele, a hipnose não é capaz de manter a pessoa em transe durante situações extremas

Vista como um dos possíveis meios utilizados para o homem de 70 anos estuprar uma mulher em uma loja de Joinville, na última quinta-feira, 23, a hipnose não é capaz de ser um fator para isso. É o que afirma Alexandre Aleixo, psicólogo clínico e especialista em hipnose ericksoniana.

Para ele, em casos com este, acontece um fenômeno de ordem violenta, no qual a mulher é uma vítima fragilizada e que nem sempre tem condições de reagir ao trauma.

Aleixo acredita que o suspeito utilizou a violência, manipulação e força para coagir e abusar sexualmente da mulher. “Achar que a hipnose vai ser a razão que ele conseguiu estuprar não é correto”, afirma. “Existem fenômenos psicológicos envolvidos no ciclo da violência”, complementa.

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O professor do projeto de extensão “Palhaçoterapia” da Univille diz que processo de indução, domínio e manipulação não existe na hipnose. “Isso é uma ideia fictícia, não existe. A ideia de entrar na mente de uma pessoa para fazer o que eu quero não é real”, ressalta.

Ele destaca que a hipnose no Brasil é influenciada por espetáculos de palco, no qual o hipnotista induz a pessoa a comer uma cebola ou imitar uma galinha, por exemplo. “Isso é apenas um show. A hipnose é uma ferramenta terapêutica muito além de um processo lúdico”, critica.

Apesar de mudar o estado do corpo, a hipnose não é capaz de se manter em situações extremas e de risco. “Existem casos em que o corpo fica extremamente relaxado, mas pensar ela pode paralisar uma pessoa a ponto dela sofrer um estupro não faz sentido”.

Alexandre Aleixo é psicólogo e professor do projeto de extensão “Palhaçoterapia” da Univille | Foto: Divulgação

Alexandre é contra a ideia de responsabilizar a técnica psicológica pelo crime. “A hipnose não tem nada a ver com a prática do crime”, destaca.

O psicólogo pensa que em vez de responsabilizar a hipnose, a sociedade deveria promover mais cuidados preventivos envolvendo a violência contra a mulher.

Para ele, é necessário a criação políticas públicas que combatam a violência contra a mulher, responsabilizar o criminoso, acolher a mulher que foi vítima e pensar em mecanismos que possam proteger a mulher no ambiente de trabalho.

“A cultura do machismo e do preconceito é o que gera casos violentos contra a mulher. Eu não acredito que a hipnose tenha a ver com o estupro”, finaliza.

Vendedora foi estuprada no ambiente de trabalho

A Polícia Militar prendeu no final da noite desta quinta-feira, 22, um homem de 70 anos suspeito de estuprar uma mulher de 24 anos dentro de uma loja de roupas no Centro de Joinville.

A prisão ocorreu por volta das 22h30 em um hotel próximo a rodoviária. A identidade do homem não foi revelada.

Em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira, 23, na sede da Delegacia Regional de Polícia, a titular da Delegacia de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), Cláudia Lopes Gonzaga, afirmou que as filmagens mostram a vítima em uma espécie de transe. “Na imagem, ela aparece como uma boneca na mão dele”, conta.

O acusado, um homem de 70 anos, afirmou que foi até o local para praticar um trabalho de evangelização e que durante as conversas, a vítima relatou que estava com problemas no casamento, então teria surgido uma atração entre eles e que o ato foi consentido.

Além de abusar sexualmente da jovem, de acordo com as imagens, o homem roubou R$ 220 do estabelecimento.

O homem foi ouvido pela Civil e preso em flagrante. Ele permanece preso na Delegacia de Polícia. Um pedido de prisão preventiva já foi solicitado, agora, os delegados aguardam o mandado ser liberado pela Justiça.


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