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Quando a Romênia jogou em Joinville: amistoso histórico do JEC completa 45 anos

Partida fez parte das comemorações do quarto ano de fundação do Joinville Esporte Clube

No dia 29 de janeiro completou 45 anos que o estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, o Ernestão, em Joinville, recebeu um amistoso internacional entre o Joinville Esporte Clube (JEC) e a Seleção da Romênia. A partida aconteceu em 1980, como parte das comemorações do quarto ano de fundação do tricolor. O jogo terminou sem gols.

O amistoso também abria a temporada do clube após o segundo título do Campeonato Catarinense seguido. Mesmo com ambiente festivo, o duelo só ocorreu após pressão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Federação Catarinense de Futebol (FCF), segundo relato do jornal Hora H.

Em trecho não assinado, o jornal informa que o presidente do JEC à época, Waldomiro Schützler, era contra a realização do jogo, mas caso não aceitasse, os presidentes da CBF, Giulite Coutinho e FCF, José Elias Giuliari – segundo site da entidade -, não indicariam o tricolor para a Copa de Ouro, nomenclatura usada para o Campeonato Brasileiro daquele ano.

Relato do jornal Hora H | Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Seleção romena no Brasil

O amistoso contra o JEC aconteceu durante excursão da seleção da Romênia pelo Brasil. Antes de desembarcar em Joinville, a equipe venceu o Santos-SP por 1 a 0. Por se tratar de um jogo internacional e também pelo primeiro jogo da temporada, a tendência era de um Ernestão lotado.

Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

O público exato não foi confirmado pelos jornais da época, mas, de acordo com o Jornal de Joinville, teve uma renda de 731,5 mil cruzeiros, o que teria sido satisfatório.

Em campo, os relatos dos jornais locais de Joinville citaram um bom desempenho do tricolor. “Abrindo a temporada esportiva em Santa Catarina, o JEC conseguiu em excelente resultado ao empatar com a Romênia ontem à noite no Ernestão em 0 x 0”, publicou o Jornal de Joinville no dia seguinte ao jogo.

Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Em nota não assinada, o jornal Extra relatou que o Joinville demonstrou uma nova filosofia de jogo. “Os torcedores puderam ver uma equipe que, se não foi velozmente a esperada, ao menos já demonstrou um melhor entrosamento no seu meio de campo, onde Lico sem dúvidas é o grande maestro. E se a equipe não foi mais veloz, isso ocorreu devido à falta de ponteiros que se lancem à linha de fundo e efetuem os cruzamentos”, diz trecho.

O elogio sobre a filosofia tinha a ver com a mudança de técnico. No ano anterior, o treinador era Carlos Froner. Quem assumiu foi Maurílio José de Souza, o Velha, que retornava ao cargo após três anos.

Registro do técnico Velha antes do início da temporada de 1980. | Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

A partida também teve repercussão na imprensa romena. O jornal Sportul relata que a equipe ficou frustrada sem a vitória por conta de um possível gol “perfeitamente legal”, mas invalidado por um dos árbitros assistentes. “Além disso, Dinu e Cămătaru, em situações muito boas de gol, mandaram a bola no travessão”, complementa.

Confira o relato traduzido na íntegra:

Recém-chegado

Em início de preparação para a temporada, o JEC tinha cinco novos contratados para o amistoso: Ladinho, Clóvis, Valdo e Zé Carlos Paulista. A escalação completa do JEC foi: Danilo; João Carlos, Wagner, Jorge Carraro e Ladinho; Jorge Luiz (Clóvis), Mateus e Lico; Britinho (Nana), Zé Carlos Paulista (Néia) e Valdo (Veiga).

Dos recém-chegados, o centroavante Zé Carlos Paulista assumiu logo de cara a camisa 9 mesmo com apenas 23 anos. Ele foi titular no amistoso. O jornal Hora H informou que ele foi contratado por um milhão de cruzeiros e mais o empréstimo de dois outros atletas, após despertar o interesse da direção tricolor em jogo contra o Anapolina-GO, seu ex-clube, válida pela Copa Brasil.

“Na oportunidade, o Joinville foi derrotado pelo marcador de 1×0, gol inclusive marcado pelo próprio Zé Carlos Paulista. A sua boa movimentação, seu impulso, sua intimidade com a bola, foram argumentos superiores para os dirigentes do tricolor bi-campeão, que a partir daquele dia se manifestavam interessados em ter o concurso do jovem artilheiro”, detalha o jornal.

Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Em entrevista ao jornal O Município Joinville, o ex-jogador diz que o amistoso foi o primeiro jogo internacional da carreira. “Coincidentemente, minha estreia foi contra a Romênia, uma seleção que recentemente tinha disputado uma Copa do Mundo. Foi um jogo zero a zero, muito equilibrado. Joinville era uma equipe muito forte, equilibrada, e tinha esse poder de intercâmbio”, exalta.

Assim como os jornais da época, não conseguiu dimensionar o número de torcedores que estavam no Ernestão naquele dia, mas enfatiza que o estádio sempre estava lotado. “Girava sempre entre dez a 20 mil pessoas. O Joinville sempre trazia muita torcida junto por ser uma equipe campeã”, complementa Zé Carlos.

E foi justamente por ser um clube vencedor que Zé Carlos Paulista escolheu vestir a camisa do JEC. “Eu tinha feito um brasileiro de 1979 muito bom, Inclusive, despertou interesse de mais dua equipes, que foram o Internacional-RS e Coritiba-PR. Na época os salários eram mais ou menos equiparados e eu escolhi a equipe campeã. Tenho uma lembrança muito boa e saudade desse Joinville que tinha a capacidade de competir com várias equipes do Brasil e do exterior”, finaliza.

A partir daquele jogo contra os romenos, Zé Carlos Paulista fez história com a camisa do JEC, sendo o terceiro maior artilheiro da história do clube com 84 gols marcados em apenas três temporadas. Neste período, conquistou três títulos estaduais – 1980, 1981 e 1982.

Por conta disso, foi homenageado em 2019 pelo conselho deliberativo do clube com a honraria “Tricolor dos Tricolores”, após ser escolhido pelos conselheiros em votação.

Zé Carlos Paulista (à dir.) recebendo placa de homenagem do JEC. | Foto: Arquivo JEC

O ex-jogador recebeu a homenagem das mãos de Darthanhan de Oliveira, presidente do conselho deliberativo na época e atual presidente do JEC. Na rotina atual, Zé Carlos divide a semana entre Joinville e Campo Alegre, onde possui um sítio.

Destaque romeno

Já a Romênia, segundo o jornal Extra, tinha feito um bom jogo na vitória contra o Santos e era um bom teste para o início de temporada do JEC.

Não há informações sobre a escalação completa da equipe romena. Mas há registro de que o elenco contou com o meia Ilie Balaci, considerado um dos melhores jogadores de futebol do país.

Em julho de 2015, o atleta romeno concedeu entrevista ao repórter do jornal O Município, João Vitor Roberge. Ele falou sobre a passagem por Joinville e destacou, principalmente, as características da cidade. Balaci morreu em outubro de 2018, aos 62 anos, vítima de infarto.

Assista ao relato:

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