Leitura de relatório da CPI da Pandemia por Renan Calheiros foi de causar náuseas
“Espetáculo”
Não há que se negar vários méritos da CPI da Pandemia, mas foi de causar náuseas ver seu relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos piores políticos da nossa recente República, sob todos os holofotes, por longo tempo, posando como a grande estrela do “espetáculo”, montado por ele, ontem, ao ler o relatório final. Fosse outro, o conteúdo teria mais crédito e o “espetáculo” atores melhores.
O crime e o discernimento
Assunto nas rodas de psicólogos, policiais, advogados e tantos outros nas últimas horas: o resultado da perícia médica anexada ao processo declarando que o jovem Fabiano Kipper Mai, autor da chacina em uma creche de Saudades, em maio, tinha plena capacidade de discernimento sobre o crime que cometeu. Agora se decidirá se ele será julgado pelo Tribunal do Júri, como quer o Ministério Público.
Edumania
Sensação da Série B do futebol brasileiro, o atacante Edu, do Brusque, que até ontem tinha marcado 16 gols na competição – mas que também tem atuado como goleiro – tem tanta idolatria na cidade que torcedores mais entusiasmados estão se organizando para construir uma estátua em sua homenagem.
Hablas?
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou terça-feira projeto que inclui na grade do ensino médio a obrigatoriedade da oferta de ensino da língua espanhola. O deputado Gilson Marques (Novo-SC) se insurgiu dizendo que se virar lei não vai fazer com que as pessoas aprendam coisas goela abaixo. Questionou: “Que estudo, que métrica foi utilizada para se entender que isso vai melhorar a qualidade do ensino, uma vez que nem o básico nós ensinamos?”. Olha…
Violência inquietante
A violência contra a mulher em SC está em um grau tão preocupante que o Ministério Público estadual decidiu criar esta semana um núcleo especializado para intensificar seu enfrentamento. Serviço não faltará: somente no ano passado o MP-SC ofereceu cerca de 4,5 mil denúncias por atos de violência contra a mulher, crime que apresenta peculiaridades inquietantes e por isso é necessário olhá-lo com as lentes de gênero.
“Tudo conectado”
A deputada estadual Ana Campagnolo (PSL) exibiu no telão da tribuna um vídeo da invasão do MST e da Via Campesina à sede da Aprosoja, em Brasília, e responsabilizou a ideologia de esquerda pelo vandalismo praticado. Foi além: associou o ato, entre outros, ao curso de extensão sobre “a criminalização do agronegócio” oferecido recentemente pela UFSC.
Sem aulas
A UFSC nunca teve maiores simpatias no poder Legislativo de SC. Pelo contrário, sofre constantes ataques, como anteontem, via contundente manifestação do deputado Bruno Souza (Novo), com direito a coro no plenário, criticando-a pelo “transcurso” de 19 meses sem aulas presenciais e sem ter, ainda, uma data definida para o retorno. O parlamentar acionou o Ministério Público Federal (MPF), cobrando responsabilidade dos seus dirigentes, sem resultado.
Cota de gênero
Que sirva de alerta para as eleições de 2022. Mais um partido foi punido pelo Tribunal Regional Eleitoral de SC por lançar candidaturas femininas “fictícias” em 2020. Foi o Republicanos de Garuva, cidade vizinha a Joinville. Dos 14 candidatos indicados pela agremiação no pleito, cinco tiveram o registro indeferido por ausência de filiação partidária. Desses, três eram mulheres.
Nomes polêmicos
Bolsonaro vetou um projeto de lei que nomeava a BR-153, entre Cachoeira do Sul (RS) a Marabá (PA), como Rodovia Presidente João Goulart. Justificou que homenagens a personalidades da história do país podem ser feitas em âmbito nacional desde que “não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado democrático”. Se encaixaria, no caso, outro projeto para nominar de Dom Moacir Greschi, catarinense de Turvo, arcebispo de Porto Velho, falecido recentemente, uma estrada federal no norte do país? O religioso foi o mentor político da ex-seringueira Marina Silva, crítica ácida do capitão-presidente.
Bode expiatório
A pandemia tem sido usada como desculpa para gestores públicos relaxarem em muitas ações. O TJ-SC determinou a um município (não informa qual, em habitual desserviço à boa informação) da obrigatoriedade de disponibilizar, em 18 meses, independente ou não da pandemia, a acessibilidade em dois prédios públicos locais que atendem pessoas, sob pena de interdição de ambos.