Registros de estupro de crianças crescem 20% em 2021, em Joinville; veja dados
Mais de 100 crianças entre zero a 11 anos foram vítimas de abuso sexual
Mais de 100 crianças entre zero a 11 anos foram vítimas de abuso sexual
Um crime silencioso e difícil de ser combatido. Em Joinville, apenas em 2021, 123 crianças entre zero a 11 anos sofreram abuso sexual. O número 20,5% maior que em 2020. Os dados foram coletados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC), e corresponde ao período de janeiro a dezembro.
Segundo a delegada Claudia Gonçalves, titular da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), os números de denúncias diminuíram por conta da pandemia, principalmente nos primeiros meses de 2020.
“Mesmo com essa diminuição sabíamos que o número não condizia com a realidade. Tendo em vista que a vítima estava ali juntamente com o agressor, de forma muita mais próxima”, explica a delegada.
Segundo ela, essa diminuição é um reflexo do fechamento das escolas no período. “É no ambiental educacional que conseguimos a maioria dos relatos, elas são parceiras da Polícia quando se trata de denúncias”, comenta Claudia.
Com o retorno das aulas presenciais em 2021, os números voltaram a média anual da cidade. A delegada considera alta a quantidade de registros, principalmente se comparada com outros crimes.
Os dados levam em consideração o estupro de vulnerável entre crianças, do gênero feminino e masculino, de zero a 11 anos. Confira os dados completos:
Outro reflexo da pandemia de Covid-19 foi o aumento nas denúncias pelos meios não presenciais, como os canais de Disk e na Delegacia Virtual de Santa Catarina. “Essa era a plataforma que já existia, mas não era tão conhecida. Com a campanha massiva, as pessoas tomaram conhecimento da plataforma”, pontua Cláudia.
As denúncias envolvendo violência doméstica e sexual, incluindo a infantil, cresceram durante 2020 e 2021. “Esses são crimes que acontecem dentro de quatro paredes e com o isolamento social dificultou a ida da vítima até as delegacias para denunciar os casos”, completa a delegada.
Conforme informações repassadas pela delegada Cláudia Gonçalves, o perfil dos abusadores são homens, com idade entre 40 a 60 anos. “Nas últimas duas semanas de dezembro pelos menos cinco suspeitos foram presos por estupro de vulnerável na cidade com esse perfil”, relata.
Além da idade, os crimes são cometidos por pessoas próximas como familiares e parentes. Tios, padrastos, avôs e vizinhos são os autores mais recorrentes. “Essas são pessoas que circulam nas casas e são de confiança das famílias”, explica a delegada.
Essa proximidade com a família da vítima dificulta no confronto das versões entre a criança e a versão do adulto, que normalmente nega o crime.
Outra barreira é a que ocorre antes da denúncia, como ameaças e frases utilizadas pelos agressores. “Ninguém vai acreditar em você” ou “Quem vai acreditar na sua versão?” são formas de gerar medo nas vítimas, que acabam não denunciando os casos pelos autores conviverem com a família da vítima. Gratificações e presentes também são estratégias comuns usadas pelos acusados de crime sexual infantil.
A delegada ressalta que os abusadores não têm um perfil com histórico de delitos. “As vezes eles não têm nem mesmo históricos anteriores, mas mesmo assim cometem o crime”, acrescenta.
Para Cláudia, a atenção na criança é a principal chave para descobrir se algo está errado na relação da vítima com o autor. “Esse crime coage e inibe a vítima de ter segurança para relatar e denunciar o ocorrido”, completa.
Conforme os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC), as meninas de quatro anos são as principais vítimas na cidade, com 17 casos em 2021. Já os meninos de cinco anos são as principais vítimas, com seis casos.
Os relatos mais difíceis são quando a criança tem de zero a quatro anos de idade. Com uma equipe de psicólogas policiais, Joinville trabalha com a observação dos fatos e a habilidade de conversar com crianças vítimas de abuso sexual.
“Todos os crimes deixam vestígios e depois de um conjunto de fatores, junto ao relato da criança, que as provas são analisadas”, pontua. No caso das vítimas que não conseguem relatar o fato, há outros meios e vestígios que comprovam o ato.
O recomendado pela Polícia Civil é estar atento aos detalhes e as atitudes das crianças, sejam elas da família ou não. “Escutem e observam essas criança porque elas dão sinais do que está acontecendo. Confie nas crianças e escutem elas”, finaliza.
Podem ser registrados boletins de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescentes, localizada na rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, 843, bairro Bucarein, que funciona das 12h às 19h.
Ou na 7ª Delegacia de Polícia, na rua Pref. Helmuth Fallgatter, 215, bairro Boa Vista, que conta com atendimento 24 horas. A delegada titular da Dpcami orienta o registro de forma presencial para a execução de perícias e diligências policiais.
Durante a pandemia, os canais de denúncia ampliados pela Polícia Civil de Santa Catarina também abrangeram casos de violência contra menores de idade.
Além do Disque 100, um canal aberto para qualquer denúncia de crime em território nacional, e do Disque 181, que recebe denúncias em Santa Catarina, também está disponível um contato por WhatsApp.
Nesse caso, mensagens podem ser enviadas a qualquer horário para o (48) 9-8844-0011.
Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município Joinville. Clique na opção preferida: