Registros de violência doméstica caem na quarentena, em Joinville, mas delegada acredita em queda de denúncias

De acordo com titular da Dpcami, o fato dos números terem caído não significa que não aconteceram casos

Registros de violência doméstica caem na quarentena, em Joinville, mas delegada acredita em queda de denúncias

De acordo com titular da Dpcami, o fato dos números terem caído não significa que não aconteceram casos

Fernanda Silva

Desde que o isolamento social começou em Santa Catarina, no dia 18 de março, o número de denúncias de casos de violência doméstica diminuiu em Joinville. Em março, a cidade recebeu 312 registros do crime. Desses, 210 foram feitos antes da quarentena e 102 nos dias seguintes.

No restante do estado não foi diferente. No último mês de março, foram registrados 5.585 casos de violência contra a mulher. Até o dia 17 de março, foram 3.642. Após a data, quando deu-se início à quarentena, foram 1.943 registros. 

Em Joinville, os cinco primeiros dias do mês de abril registraram 32 casos. No mesmo período de março, foram 48. A cidade do Norte catarinense foi a segunda que mais registrou casos de violência doméstica, tanto na quarentena quanto no restante do mês de março, ficando atrás apenas da capital Florianópolis.

A delegada Geórgia Bastos, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), concorda que houve sim uma redução nos números, mas que isso não significa que durante o isolamento não houve violência dentro das casas joinvilenses. 

A Polícia Civil não tem conhecimento das ocorrências porque de fato elas não foram denunciadas, em razão dessa mulher ter tido dificuldade de se locomover, da suspensão dos ônibus, de estar junto com esse homem dentro de casa. Ele pode estar impedindo que isso aconteça”, explica a delegada.

Para Geórgia, o fato de muitas mulheres não terem locais seguros, de acolhida, faz com que as denúncias não aconteçam. 

Ainda que muitas não tenham acesso à meios de transporte para irem até a delegacia, ou acesso a Internet para fazerem o registro no site ou por WhatsApp, a delegada conta que a maior parte dos boletins são feitos por mulheres de baixa renda.

“Na minha opinião violência doméstica não tem classe sociais. O que a gente percebe é que as pessoas de classes sociais mais baixas tendem a denunciar mais. Talvez porque as pessoas com poder econômico melhor se preocupam mais com a reputação. Acho que acaba interferindo na hora de fazer uma denúncia”, opina Geórgia.

Mesmo com os serviços reduzidos, a Dpcami continua aberta para receber as denúncias. Enquadra-se como violência doméstica, casos em que a mulher sofre ameaça, calúnia, dano, difamação, estupro, feminicídio, injúria, injúria qualificada pelo preconceito, lesão corporal leve, grave ou gravíssima.

Como identificar uma violência

Nem sempre é a própria vítima que faz a denúncia. A delegada conta que há diversos sinais que podem ser percebidos por familiares ou vizinhos de uma mulher. Barulhos, gritos e marcas aparentes no corpo, por exemplo, podem ser indicativos de violência. 

“Então se eu ouvi alguma coisa, desconfiar, suspeitar, ligar imediatamente pro 190, para a Polícia Militar ir até o local averiguar a situação”, explica. Também é possível acionar os telefones 181 ou 100. As denúncias podem ser feitas anonimamente. Tanto a vítima quanto uma terceira pessoa podem fazer o registro de violência doméstica.

Outros canais estão sendo disponibilizados pela Polícia Civil na quarentena é o WhatsApp, pelo número (48) 98844-0011. A população também pode fazer as denúncias presencialmente na Dpcami, localizada na esquina da rua São Paulo com a Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, no Bucarein.

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