Retorno das aulas 100% presenciais em Joinville divide opiniões; prefeitura explica decisão

Retomada do modelo 100% presencial ocorre de forma escalonada na cidade

Retorno das aulas 100% presenciais em Joinville divide opiniões; prefeitura explica decisão

Retomada do modelo 100% presencial ocorre de forma escalonada na cidade

Fernanda Silva

A Secretaria de Educação anunciou a retomada das aulas 100% presenciais para os mais de 50 mil estudantes do ensino municipal, que será realizada de forma escalonada, a partir desta segunda-feira, 13. Até então, apenas alunos dos 1º ao 3º ano, já haviam retornado, no fim de agosto. O retorno, porém tem divido a opinião dos pais, por conta do possível contágio pela Covid-19.

Algumas famílias temem o aumento de casos, outros, acreditam que a nova realidade precisa ser normalizada. Apesar disso, todos concordam que as aulas presenciais melhoram a aprendizagem das crianças, que vem sendo prejudicada no modelo online.

“Estamos com dificuldades que vieram [com aulas online], como o menino ter muita ansiedade, dificuldades nas palavras”, conta Jucimara Ferreira da Silva, gerente administrativa e mãe de duas crianças, um menino de 6 anos e uma menina de 12.

Para Sandra Vobornik Blan de Sousa, técnica em enfermagem e mãe de duas crianças, de 9 e 13 anos, o ano passado foi ainda pior, já que as aulas eram apenas no modo online. “Mais complicado, até porque nós pais tivemos que ser também os professores, voltando ao tempo para ensinar as crianças”, comenta.

Já o modelo híbrido havia sido bem avaliado pela família da técnica em enfermagem, pois garantia o contato direto com o professores, mesmo que a cada duas semanas, e mantinha as turmas divididas. Agora, o retorno, com mais alunos dentro de sala de aula, é o que preocupa Sandra.

“Com a volta presencial, sala de aula mais cheias, isto preocupa até mesmo quem tem idosos, pessoas autoimune em casa”, avalia. A mãe também cita o aumento no número de casos e a variante delta como motivo para a preocupação.

Por outro lado, Jucimara acredita que, no atual momento, a sociedade precisa se adaptar à nova realidade. “Temos que ser realistas que isso não vai passar tão cedo e sim precisamos voltar à escola”, afirma.

Prefeitura de Joinville/Divulgação

Experiência na família

No caso de Sandra, o marido e a filha de 9 anos tiveram Covid-19. A mãe conta que a pequena ficou muito abatida. “Sofreu bastante”, diz. O contágio, acredita, veio do pai, que foi positivado no mesmo período.

Após os exames, a menina precisou ser afastada das aulas híbridas e ficar de quarentena. Os pais auxiliaram a aluna nas tarefas que acumularam em casa.

A experiência do dia a dia como técnica de enfermagem e a infecção da filha, deixam Sandra preocupada com o retorno, possíveis novos contágios e uma reinfecção.

“Eu ainda acho que não seria o momento para retornar 100%, eu digo pois sou da área da saúde e vejo a situação todos os dias”, conta.

O que diz a categoria

A presidente do Sinsej – sindicato dos servidores públicos de Joinville, Jane Becker, afirma que os professores e demais trabalhadores da educação estão receosos com a possibilidade de contágio pela Covid-19, principalmente por conta da variante delta, mais transmissível.

“O distanciamento diminui [com o retorno totalmente presencial], às crianças não estão vacinadas, nem todos os servidores receberam a segunda dose e a pandemia teve um grande aumento no último período”, explica a presidente.

Agora, Jane conta que o sindicato tem trabalhado para fiscalizar as medidas de contenção. São realizadas visitas nas unidades e o Sinsej tem orientado que os servidores façam denúncias junto ao sindicato em casos de descumprimento de regras sanitárias.

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Motivos do retorno

O secretário de Educação, Diego Calegari Feldhaus explica que há dois principais fatores que contribuíram para a decisão de retomar as aulas totalmente presenciais, entre eles, o avanço na aprendizagem.

“A aprendizagem de alunos do ensino remoto para o híbrido teve um salto de qualidade imensa. Eles já estão tendo um ganho que é inestimável por terem a oportunidade de retornar a escola, retomar os vínculos com os colegas, com os professores”, explica.

Pensando nisso, foi decidido que apenas os três primeiros anos deixassem o formato híbrido e retornassem ao ambiente escolar semanalmente no fim de agosto. “É quando a criança está sendo alfabetizada. Passando pelo processo de letramento, tanto no sentido da leitura e da escrita quanto letra matemática, então é um momento muito importante na formação do indivíduo, por isso que a gente priorizou estes primeiros três anos”, diz o secretário.

O acompanhamento dos dados atuais da Covid-19 na cidade foi o segundo fator levado em conta para o retorno. De acordo com Diego, os dados analisados mostram que o ambiente escolar não é um local de transmissão da Covid-19, tendo em vista que os protocolos de segurança sanitária estão sendo cumpridos, não há notícia de surtos em escolas e vacinação dos trabalhadores da educação tem avançado.

Além disso, ele destaca que, entre os mais de 5 mil profissionais da educação, atualmente 20 estão afastados por conta da infecção pelo vírus. Outros 68 casos são suspeitos, segundo a Secretaria de Educação. O secretário afirma que, na maior parte dos casos, o contágio é feito fora da escola, em eventos sociais ou contatos familiares.

“Os protocolos adotados desde o início do ano têm sido eficazes pra garantir que as nossas escolas não tenham promovido a contaminação entre adultos e, muito menos, entre crianças e adolescentes”, afirma. De acordo com a Secretaria de Educação, desde de janeiro deste ano, 660 servidores da área, entre professores, auxiliares, estagiários e gestores, testaram positivo para a Covid-19.

Após três semanas de aulas presenciais com os 1º, 2º e 3º anos, o retorno foi avaliado como “bem-sucedida” pela prefeitura. Por isso, a Secretaria de Educação anunciou na última quinta-feira, 9, o retorno presencial das demais turmas, do 4º ao 9º ano.

Ensino remoto

Segundo o levantamento mais recente, realizado na última sexta-feira, 10, dos 51.452 alunos matriculados na rede municipal de ensino, 2.211 optaram por permanecer no sistema 100% remoto.

Esta modalidade está disponível para alunos com comorbidades, que acompanham os conteúdos de forma virtual. Nas séries iniciais, de 1º a 3º ano, 18.882 alunos retornaram ao ensino 100% presencial. Ao longo desta semana, será realizado o levantamento da adesão dos alunos de 4º, 5º e 9º anos ao sistema.

Retorno presencial para demais turmas

Nesta segunda-feira, 13, estudantes de 4º, 5º e 9º anos deixam o ensino híbrido e retornam totalmente às aulas presenciais. Na semana seguinte é a vez das turmas de 6º, 7º e 8º anos.

Cerca de 16,8 mil estudantes retornaram ao ensino totalmente presencial nas escolas. Aluno do 9º ano da Escola Municipal Governador Pedro Ivo Campos, na zona Norte de Joinville, Cauã Binner, 15 anos, estaria em casa nesta segunda-feira se não houvesse o retorno ao presencial para todos os alunos de sua série.

“Voltar para a escola todos os dias é bom porque não teremos mais essas dificuldades para estudar e aprender. Para mim, principalmente as lições de português, com todas aquelas regras de gramática, eram as mais difíceis de fazer quando estava na semana de ensino à distância”, comenta Cauã.

O retorno de todos os alunos da turma para a sala de aula também faz com que os estudantes comemorem a reunião com colegas com quem não se encontravam desde março de 2020, quando a pandemia começou.

“Eu estava sentindo falta dos meus amigos e ficar em casa sem a convivência com os colegas era muito chato. Além disso, é mais fácil de aprender na sala, quando temos o professor sempre por perto”, analisa a estudante Camilly Cristina Küsten, 11, aluna do 5º ano da escola Governador Pedro Ivo Campos.

CEIs mantém sistema híbrido de ensino

As aulas dos Centros de Educação Infantil (CEIs) de Joinville continuarão no sistema híbrido, com escalas para cada grupo.

A decisão leva em consideração as orientações dos regramentos estaduais, que determina o espaçamento entre os alunos no refeitório.

Por isso, para a educação infantil, o retorno 100% presencial ainda não é possível. A Secretaria de Educação está em estudos para buscar soluções para contemplar esta faixa etária.


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