Saiba como funcionava campanha que desviou valores doados ao Hospital Bethesda
Instituição de Joinville e hospitais de outras cidades foram vítimas de golpe investigado pela Polícia Civil
Instituição de Joinville e hospitais de outras cidades foram vítimas de golpe investigado pela Polícia Civil
A campanha irregular investigada pela Polícia Civil, que deveria beneficiar o Hospital Bethesda, foi feita em parceria com a empresa de call center de Joinville, Slaviero Benefits, foi responsável por arrecadar doações feitas por consumidores da Celesc.
O Bethesda foi vítima de um esquema de desvio dos valores e, nesta sexta-feira, 5, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na unidade para obter documentos de interesse da investigação.
A campanha tinha o slogan “Mantenha acesa a luz da esperança” e pretendia angariar recursos para a manutenção do hospital. Moradores da região recebiam ligações da Slaviero Benefits solicitando contribuições para a unidade.
Ao receber a ligação, a pessoa poderia optar por contribuir com o hospital por meio de sua fatura de energia elétrica, doando valores a partir de R$ 10.
Para captar as doações, a empresa entrava em contato com pessoas cadastradas no banco de dados do hospital e que já haviam procurado a instituição para realizar algum tipo de tratamento de saúde.
As atendentes ligavam de um telefone com prefixo 047 para números fixos ou celulares, se identificavam como prestadoras de serviços do Bethesda e explicavam sobre a campanha. O contato era feito apenas com o titular ou representante legal da residência.
A partir do momento em que a pessoa autorizava a doação, ela informava ao atendente o número da sua unidade consumidora e, somente depois disso, a cobrança era feita diretamente na conta de energia elétrica.
Além do Bethesda, a campanha também foi realizada para o Hospital Azambuja, de Brisqie, e o Hospital Misericórdia, localizado em Blumenau, que também foram vítimas do golpe.
A reportagem também tentou contato com a Slaviero Benefits, porém as ligações para a empresa não foram atendidas.
Em nota, a Celesc reforçou que não participa da gestão ou destinação dos recursos e que também se considera vítima.
A Celesc esclarece que atua apenas como meio de arrecadação em doações via fatura de energia, repassando integralmente os valores autorizados pelos consumidores às entidades conveniadas, como bombeiros voluntários, APAEs e outras instituições que prestam serviços essenciais à sociedade.
A companhia não participa da gestão nem da destinação dos recursos arrecadados.
No caso investigado pela Polícia Civil, foram identificadas empresas que, de má-fé, ligavam para consumidores solicitando doações, mas não repassavam integralmente os valores às instituições.
A Celesc também se considera vítima, já que seu serviço foi utilizado de forma indevida, estando essas empresas atualmente sob investigação das autoridades competentes.
Importante ressaltar que, antes mesmo da operação policial, a companhia já havia adotado medidas preventivas, como reforço na fiscalização dos convênios, implementação de novos controles e envio de aviso ao consumidor sempre que há inclusão de débitos de doação nas faturas — ações que ampliam a transparência e permitem identificar eventuais irregularidades.
A Celesc vem colaborando com a Polícia Civil desde o início das investigações e reforça que o consumidor pode cancelar ou rever sua autorização de doação a qualquer momento pelos canais oficiais da companhia.
A Celesc reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a confiança da sociedade.
Segundo o delegado Rafaello Ross, empresas intermediadoras cadastram doações em faturas da Celesc e, posteriormente, migram doadores para códigos/contas ligados ao grupo investigado.
Ainda conforme Ross, entre janeiro de 2023 e julho de 2025, lançamentos somaram mais de R$ 4 milhões, com R$ 3,9 milhões destinados às estruturas investigadas e apenas R$ 885,8 mil às entidades. Os valores ainda seguem em auditoria.
“Contratos previam percentuais atípicos às empresas (casos de até 94%), reduzindo o valor final às entidades”, explica o delegado.
Na operação, foram decretadas prisões temporárias, buscas e apreensões, quebras de sigilo (de dados, telemático, bancário e fiscal) e medidas para bloquear valores até o limite de R$ 4.088.657,48.
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