Saiba quais as prioridades e desafios de Tânia Eberhardt na Secretaria de Saúde de Joinville
Secretária relatou as principais dificuldades, prioridades e os passos a serem dados
Secretária relatou as principais dificuldades, prioridades e os passos a serem dados
“O difícil sempre me cativou”, diz a nova secretária de Saúde da Prefeitura de Joinville, Tânia Eberhardt, que tomou posse na última segunda-feira, 24. A servidora pública conversou com a reportagem do jornal O Município Joinville sobre as prioridades e os primeiros passos assumindo a pasta.
Segundo Tânia, ela não imaginava que continuaria trabalhando após 35 anos como servidora pública e uma sólida carreira na saúde catarinense. Tânia assumiu o cargo que era ocupado por Andrei Kolaceke, que pediu exoneração. Ela foi secretária de Estado da Saúde de Santa Catarina, secretária municipal da Saúde de Joinville e de Araquari. Foi diretora por cinco anos do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e do Hospital São José.
Porém, acredita que pode ajudar mais um pouco a área da saúde e pretende fazer uma reconstrução após dois anos perdidos por conta da pandemia de Covid-19. “É um desafio muito difícil. A pandemia derrubou muitos avanços estruturais de anos, estamos agora começando muitas coisas”, explica.
Os primeiros dias como secretária estão sendo dedicados a conhecer os problemas e analisar os primeiros dados apresentados. “O prefeito Adriano, quando fez o convite, pediu para que eu desse uma atenção ao nosso sistema de atenção básica, que são nossos postos de saúde”, conta.
Por conta disso, as primeiras ações serão voltadas à atenção básica de Joinville e à falta de medicamentos nas unidades. Para isso, Tânia quer recuperar o tempo perdido. “Durante a pandemia tivemos uma legislação que nos impediu de fazer novas contratações. Por conta disso, acumulamos essas demandas. Estamos estudando repor alguns funcionários que estão faltando em unidades”, pontua.
Tânia diz que a possibilidade de implantar algumas equipes está em análise. A falta de médicos especialistas também é outra questão em pauta. “A atenção básica é o que faz o básico. É a porta de entrada do serviço de saúde. Precisamos buscar suporte para exames, cirurgias e consultas”, enfatiza a secretária.
Para isso, a expectativa é agendar uma reunião com a regional de saúde do estado para analisar os dados e números de Joinville e região. Uma opção analisada é considerar o próprio mutirão de cirurgias do estado e se há a possibilidade de acelerar esse processo em Joinville.
Muitos problemas apresentados pela Saúde de Joinville estão ligados às verbas, porém para conseguir esses recursos o caminho é longo. Conforme explicado por Tânia, muitas ações são limitadas pela legislação.
“Eu não posso fazer o que eu quero, o que eu sonho. Eu tenho limites, assim como o prefeito. O dinheiro é curto, por isso precisamos buscá-lo organizando o sistema e mostrando nossas necessidades ao Ministério da Saúde e à Secretaria Estadual de Saúde”, acrescenta.
Outra forma é por meio de emendas parlamentares. Uma dificuldade é por conta da Tabela SUS, que não é atualizada há muitos anos. “Há serviços que são razoavelmente bem pagos, mas há outros como o caso da fisioterapia que, caso fosse seguido a tabela, não haveriam profissionais”, relata.
Porém, tudo acima da Tabela SUS precisa vir de recursos próprios. Joinville, atualmente, destina cerca de 40% do orçamento à saúde. “Esse dinheiro a mais sai de alguma secretaria. Não tem milagre. O que precisamos brigar é que haja mudanças de cima para baixo”, diz Tânia.
Sobre as filas para atendimento médico, Tânia relata que a solução não é fácil e precisa ser vista a longo prazo. Como exemplo, a secretária deu o Hospital Infantil, onde relatou que metade dos atendimentos realizados no ambiente deveriam ser feitos nas Unidades Básicas de Saúde, ou seja, na rede primária.
No entanto, há dificuldade para a contratação de especialistas, como os pediatras. “E na maioria das vezes é por falta de profissionais. Acredito que o cenário mudaria caso mais residências fossem abertas nos hospitais da região, já que formamos clínicos gerais e não especialistas em áreas”, conta.
Outra área em defasagem de profissionais é a psiquiatria. É um especialista muito requisitado, principalmente após a pandemia e o aumento de casos de saúde mental. “O que pretendo fazer é buscar deputados e colocar os assuntos como pauta. Temos hospitais que poderiam abraçar as residências, mas é necessário um incentivo financeiro”, comenta Tânia.
Uma das lutas de Tânia é o aumento de equipes para internação domiciliar. Em Joinville, há equipes, porém o aumento pode ser previsto nesta gestão. “A internação domiciliar é muito importante, principalmente porque muitos leitos são ocupados por pessoas que poderiam estar tratando suas doenças ou machucados em casa”, explica.
Isso porque alguns leitos são usados para internações longas ou para aplicação de remédios que, pela legislação, só podem ser dados em ambiente hospitalar. Para Tânia, com equipes de internação hospitalar, muitos leitos seriam desocupados, principalmente na ala ortopédica.
Na posse da nova secretária, o Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) levou uma faixa pedindo por concurso público na área da saúde. Questionada sobre o assunto, Tânia não confirma, nem nega a possibilidade, e diz que tudo precisa ser muito bem analisado antes de ser colocado em prática.
Ela também fala sobre as parcerias público-privada. “Faz diferença para a população quem está comandando a Secretaria de Saúde? Não. O que a população quer é um atendimento de qualidade e eficiência. Se eu sou a favor da organização social? Depende”, comenta Tânia.
No mesmo assunto, a secretária exemplifica que muitos serviços ofertados pelo Hospital Regional, do qual foi diretora por cinco anos, são terceirizados. “Tudo aquilo que a burocracia traz problemas para a gestão pode ser terceirizado”, conta. Para Tânia, muitas coisas podem ser facilitadas com essas parcerias, principalmente quando se passa por licitações.
A Prefeitura de Joinville já abriu uma convocação pública para qualificação de organização social na área da saúde, com objetivo de futuramente contratar uma empresa para fazer a gestão da UPA Sul.
Passar a gestão do Hospital São José para uma organização social é uma das propostas de campanha de Adriano Silva (Novo). Sobre o assunto, Tânia diz que ainda não sabe se deve acontecer ou não. Ela conta que reuniões estão sendo planejadas para analisar a possibilidade e os estudos ainda não foram concluídos. “Eu tenho responsabilidade. Não farei absolutamente nada que não for o melhor para a população”, finaliza.