Saiba quais são as principais ações de Ana Lucia na Câmara de Joinville

"Fala, vereador!" recebe Ana Lucia, que destaca a atuação no combate ao racismo e na igualdade de direitos

Saiba quais são as principais ações de Ana Lucia na Câmara de Joinville

"Fala, vereador!" recebe Ana Lucia, que destaca a atuação no combate ao racismo e na igualdade de direitos

Bernardo Gonçalves

Professora e servidora pública aposentada, Ana Lucia (PT) está no primeiro mandato como vereadora em Joinville. Nas eleições de 2020, fez 3.126 votos, sendo a primeira mulher negra a conquistar uma cadeira no poder legislativo do município na história. Ana é moradora do bairro Centro e afirma ter um mandato focado mais na zona Sul da cidade.

Fala, vereador!” é uma série de reportagens de O Município Joinville com os atuais vereadores da Câmara. As matérias serão publicadas às segundas e quintas-feiras em omunicipiojoinville.com. A ordem de veiculação é aleatória, com base na agenda de entrevistas montada pelo setor de Comunicação da Câmara.

Ana se diz “candidatíssima” para releição em 2024. Ela afirma que se a população reconhecer que o trabalho dela e de sua equipe deve continuar, vão estar no próximo mandato, mas que é uma tarefa difícil, já que não está na base do governo municipal atual.

Nas ruas

Como primeira mulher negra a estar na Câmara, Ana tem como principais causas a representatividade e uma maior igualdade de direitos. Desta forma, tem como maior principal bandeira o atendimento de mulheres negras, imigrantes e a população LGBTQIA+.

Ela explica que isto acontece por estes grupos serem historicamente esquecidos e invisibilizados na sociedade.

Em relação a isto, critica a atuação da Câmara de Vereadores sobre um projeto de lei que elaborou para criação de uma medalha de reconhecimento de um trabalho antirracista de professores nas escolas da cidade.

“Achar que criar essa medalha, com o grande nome que é a de Antonieta de Barros, não é uma prerrogativa da Câmara de Vereadores, é dizer que a Câmara não está comprometida com o combate ao racismo”, analisa.

Segundo a vereadora, o projeto foi discutido na Comissão de Educação e tiveram dois votos contrários, orientados pelo parecer técnico, que também foi contrário ao projeto.

Primeiro encontro de Afroempreendedoras realizado pelo vereadora. | Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, busca em suas ações dar voz e ouvidos à população mais carente, principalmente da zona Sul de Joinville.

Para isso, se diz uma vereadora “da rua”, ou seja, que está nos bairros para ouvir as demandas dos moradores e realizar os encaminhamentos necessários.

“O principal trabalho do verador é ouvir a comunidade, fazer a fiscalização e cobrar o executivo de que aquilo que está sendo reivindicado pela população seja atendido. Esse é uma característica do nosso mandato”, destaca.

Ela conta que os bairros que mais tem atuado são o Floresta, onde morava, Itinga, Ulysses Guimarães, Paranaguamirim e Adhemar Garcia, sendo que gostaria também de estar mais atuante nos bairros Fátima e Guanabara. Com os compromissos no gabinete, ressalta que está mais presente nestes locais às quintas e sexta-feiras.

Nesses locais, revela que as maiores demandas que recebe da população são em relação à área da saúde e de infraestrutura, sendo a última de modo geral, como a falta de ponto de ônibus, acessibilidades em parquinhos e até a falta de tampa de bueiros, por exemplo.

Visita de Ana Lúcia à Praça Tiradentes, no Bairro Floresta, para conferir a acessibilidade dos brinquedos neste mês de setembro. | Foto: Arquivo Pessoal

Porém, Ana frisa que o mais ouve é sobre a falta de medicamentos e médicos especializados nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) dos bairros. “Nós tivemos uma demanda, que iniciou já ano passado e permanece, que é a falta de profissionais de psicologia e psiquiatras, tanto nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) quanto nas UBS”, conta.

Assim que essas demandas são ouvidas, a vereadora busca realizar, primeiramente, um pedido de informação à Prefeitura de Joinville e, posteriormente, uma moção de apelo. “Nesse pedido de informação em específico nós perguntamos quantos profissionais de psicologia estão faltando nos Caps. A gente já sabe, pois estivemos no local, mas buscamos entender os motivos”, complementa.

A falta destes profissionais e também de outras áreas dentro da saúde pública de Joinville, de acordo com vereadora, seria resolvida por meio de um concurso público.

Já uns dos últimos pedidos de informação protocolado por Ana aconteceu na última semana, em que solicitou informações sobre cirurgias de implante de próteses de quadril em Joinville. Porém, acabou sendo arquivado.

Ana explica que ela mesma arquivou o pedido, após o vereador Cassiano Ucker (União), que é médico, avaliar que as perguntas realizadas poderiam ser mais específicas e diretas, para que as respostas também sejam. Com isso, o pedido de informação deve ser protocolado novamente nos próximos dias.

“É muito importante esse pedido, porque estamos acompanhando pessoas que estão há seis anos na fila esperando uma prótese de quadril. Essas pessoas estão perdendo a mobilidade. Então estamos pedindo essas informações para saber porque da fila e se os materiais estão sendo usados nestas cirurgias são recomendados.”

“Somos contra terceirização”

A vereadora ressalta que é contra a terceirização de serviços públicos e comenta a mudança no sistema da merenda escolar, que passou a ser gerenciado totalmente por uma empresa licitada, com acompanhamento da prefeitura.

Ana Lucia diz que, com “um olhar de fora”, o ideal era manter as cozinheiras da própria escola que, segunda ela, já conhecem a comunidade e, principalmente, os alunos. Segundo a prefeitura, as cozinheiras de carreira estão auxiliando a equipe nessa etapa de transição.

“O curioso é que recebemos nas nossas redes sociais, de uma professora que tem que levar a criança lá na cozinha – no meio da aula – que ela não comeu de manhã. E sabemos que isso é uma realidade nas nossas escolas, principalmente na periferia da zona Sul”, compartilha.

“Inclusive, queríamos fazer uma discussão com a Secretaria de Educação, sobre os alunos terem um lanche logo na chegada. Um copo de leite, três bolachas, uma banana, para ela se servir. Não faz sentido não oferecer essa alimentação. Criança com fome não aprende”, critica.

Diante disso, deve realizar uma moção de apelo para que isto seja discutido pelo poder Executivo,

Rotina

Além das visitas à população joinvilense, Ana Lucia participa de segunda a quarta-feira das reuniões das duas comissões que participa – de Cidadania e Direitos Humanos e de Educação, Cultura, Desportos, Ciência e Tecnologia – e também das sessões de rotina da Câmara.

Nas comissões, junto com outros vereadores, Ana se reúne a cada 15 dias para discutir projetos temáticos que estão relacionados aos assuntos atribuídos às comissões.

Ana Lúcia em reunião na comissão de educação na última semana. | Foto: Arquivo Pessoal

Além das reuniões ordinárias, podem acontecer também encontros extraordinários com a população, em horário alternativo, além de realizar audiências públicas para debater determinado assunto.

Ainda dentro da Câmara, é procuradora da Procuradoria Especial da Mulher, ao lado da vereadora Tânia Larson (União).

Ana Lucia explica que a Procuradoria da Mulher é um porta-voz de denúncias, que podem ser realizadas junto ao órgão, que deve atuar na defesa contra violências e pela garantia e busca de direitos previstos na lei.

Ela ressalta a importância de uma maior divulgação e autonomia para a Procuradoria. “Ter a Procuradoria é uma grande conquista e nem é dessa legislatura. É algo que vem de solicitação de uns 15 anos para discutir os direitos das mulheres. Porém, quando foi criada, não tinha nada determinado de onde é destinado os recursos para a realização das atividades da Procuradoria”, explana.

“Hoje, utilizamos a verba destinada para a comunicação (da Câmara) para poder divulgar e realizar os eventos. Então não tem um recurso próprio para a Procuradoria”, complementa.

Diante disso, a vereadora conta que será feito um novo projeto de resolução para que o próximo orçamento da Câmara tenha um recurso destinado à Procuradoria.

Mesmo sem recursos próprios, nesta quinta-feira, 28, aconteceu o primeiro seminário da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara. Com a presença, Cláudia Bressan de Brincas foi discutido sobre a violência política de gênero e a violência contra as mulheres.

As próximas reuniões devem ser divulgadas nas redes sociais da própria Câmara de Vereadores.

Outra atuação que Ana tem fixa na rotina é a participação em grupos de articulação de alguns bairros, especificamente da zona Sul.

Também busca estar presente em reuniões de grupos que considera de extrema importância, como do grupo de mulheres imigrantes, coletivo de mulheres negras, além também no Centro Dos Direitos Humanos (CDH) de Joinville, na comunidade quilombola, entre outros.

Projetos

Com três projetos aprovados e sancionados – sendo eles a implementação de um sistema integrado de Informações relacionadas à violência contra a mulher, a política de prevenção à violência familiar e a política municipal de erradicação da pobreza menstrual – Ana Lucia diz que em outubro realizará três conferências com o poder Executivo, uma para cada assunto, para saber quais são as ações que estão sendo tomadas.

Sobre a erradicação da pobreza menstrual, a vereadora informou que já havia realizado um pedido de informação e que a prefeitura encaminhou uma reposta nesta semana ao seu gabinete.

Segundo ela, o município relatou que absorventes estavam sendo distribuídos nas escolas municipais. Com isso, ela deverá ir até unidades escolares para saber se está mesmo sendo realizado.

Como uma proposta de campanha, Ana também buscou a equiparação salarial base dos auxiliares de educação com os demais profissionais, o que segundo ela foi realizado.

Ana afirma que possui ao menos mais sete projetos de lei que ainda devem ser protocolados, sendo que alguns devem ser voltados em buscar uma melhor política pública à população LGBTQIA+.

“Não é o meu lugar de fala, mas eu assumi o compromisso de trazer para a Câmara de Vereadores essas pautas, dessas vozes e corpos que historicamente não estavam presentes aqui”, finaliza.


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Região de Joinville já era habitada há 10 mil anos: conheça os quatro povos anteriores à colonização:

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