Saiba quem é morador de Joinville que está entre os melhores paraciclistas do Brasil
João Paulo está entre os quatro melhores do país na categoria que disputa
“Foi o que me salvou”, assim define João Paulo Romanini, de 41 anos, sobre a relação que possuí com o paraciclismo após ter a perna esquerda amputada. Morador de Joinville, ele já está entre os melhores ciclistas do estado e do país mesmo estando apenas há dois anos na modalidade.
Amputação
Natural de Balneário Camboriú, João sofreu um acidente de trânsito leve em 19 de março de 2015. Porém, três infecções hospitalares agravaram o quadro. E, por decisão pessoal, pediu para que os médicos amputassem a perna esquerda.
“Eu já estava quase dois anos hospitalizado, já não tinha mais o fêmur e ainda precisava tentar fazer com um crescimento ósseo de 26 centímetros para ver se dava certo (de recuperar o membro)”, relembra.
“A dor era insuportável, tentei por um mês, mas não aguentei e pedi a amputação”, complementa.
O precedimento aconteceu no dia 14 de novembro de 2016 e, segundo ele, as maiores preocupações que teve após a amputação foram em ter que depender de alguém para realizar as tarefas diárias, do que iria sobreviver financeiramente, já que era autônomo, e que ninguém mais teria interesse nele no âmbito amoroso. “Achei que ia ficar inválido”, revela.
Contato com o esporte
A preocupação não se tornou realidade e João começou a trabalhar em uma lanchonete na cidade de Schroeder.
E, em 2018, começou a ter contato com algumas modalidades esportivas, como o basquete em cadeiras de rodas e o atletismo. Porém, explica que não conseguia descarregar toda a adrenalina que tinha no corpo.
Já em 2019, chegou em Joinville, após o convite de um amigo. Na cidade, trabalhou como pizzaiolo, profissão que exerceu até pouco tempo atrás.
Após dois anos na cidade, teve contato com dois grupos de ciclismo e realizou algumas pedaladas. A parceria se intensificou e João ganhou de presente dos companheiros uma bicicleta e desde então participa de competições. “Sempre foi empolgante demais. Precisamos descarregar a adrenalina e isso me completou. A bike supriu essa necessidade.”
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Competições
De início, participou de competições de mountain bike, a modalidade de ciclismo em montanhas e terrenos irregulares, com percursos que variavam de 100 a 150 quilômetros.
O paraciclista diz que desde a primeira prova que participou “pegou gosto” e não parou mais. Tanto é que mudou do mountain bike para a estrada, que é com a bicicleta speed.
Na nova modalidade, teve resultados impressionantes. Chegou até o terceiro lugar no ranking nacional na categoria C2. Neste ano, ficou na quarta posição no brasileiro.
Além disso, também em 2023, conquistou o terceiro lugar na Copa Brasil e duas taças Curitiba, no estado do Paraná. No ano passado, foi Campeão Catarinense. Também acumula o título carioca e vice-campeão paulista.
Para João, as conquistas vão muito além do que o primeiro lugar em um pódio ou um trófeu, mas sim de ter a sensação de estar livre.
“O esporte me dá liberdade, paz. Eu posso ser alguém, até ser reconhecido. É onde faço meus objetivos, onde quero chegar”, frisa.
Rotina e financeiro
Treinos diários, competições e vaquinhas. Esta é a rotina de João em Joinville. Segundo ele, são, no mínimo, três horas de treino por dia. Mas, em média, chega a quatro.
Para poder manter isto, precisa ter recursos financeiros, mas diz que é muito difícil ter um emprego fixo e manter a constância dos treinos necessários.
Com isso, para pagar as contas realiza vaquinhas online, recebe uma bolsa atleta da prefeitura de R$ 430 e quatro patrocínios. Dos patrocínios, um é a sua própria bike, outro é de vestuários e dois são com dinheiro, sendo um mensal e outro por competição.
João diz que se mantém desta forma, mas que o objetivo é conquistar uma bolsa atleta nacional.
Para conseguir isto, precisava participar de mais duas provas que ainda vão acontecer em João Pessoa (PB), no dia 16 de setembro, e em Conceição do Pará (MG), no dia 28 de outubro.
Entretanto, no momento, não tem os valores necessários para poder participar destas duas importantes competições. Conforme o paraciclista, seria necessário em torno de R$ 5 mil a R$ 6 mil para estar nas duas competições.
Mesmo diante do cenário, ele diz que a cidade possui muitos incentivos para quem é do ciclismo e foca nos benefícios que a prática esportiva pode trazer.
“Quem é do ciclismo sabe quantos grupos de pedais que temos na cidade e que as pessoas podem se agregar para ter uma melhoria de vida. O esporte salva vidas e tem uma variedade de coisas que podem ser curadas por meio dele. Ansiedade, obesidade, depressão. Só a bike me levou a lugares incríveis que jamais ia passar de carro”, finaliza.
Contatos
Para pessoas interessadas em apoiar João de alguma forma, pode entrar em contato pelo Instagram e pelo telefone (47) 9-9170-2550. Ele recebe valores das vaquinhas por meio do pix 006.169.539-41.
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