“São os mais diversos cenários”: veterinária de Joinville relata resgates no Rio Grande do Sul
Rafaela faz parte do Grupo de Resposta a Animais em Desastres
Rafaela faz parte do Grupo de Resposta a Animais em Desastres
Após uma quarta-feira de chuvas intensas no Rio Grande do Sul e cerca de uma semana de atuação do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad), a médica veterinária Rafaela Zluhan conversou com a equipe do jornal O Município Joinville para relatar como está o trabalho na região.
Rafaela é de Joinville e atua como voluntária do Grad Brasil desde 2020, quando Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí, passou por uma das maiores enchentes da história. Na época, ela ainda era estudante. No ano seguinte, em 2021, fez a primeira formação do Grad e entrou oficialmente no grupo.
Rafaela conta que o Grad realiza assistência às famílias multi espécies, realizando apoio e ajuda humanitária. “Quando ocorre um desastre, nós vamos estar realizando todo um apoio pensando na família afetada, realizando os primeiros atendimentos médico-veterinários”, explica.
No caso das enchentes do Rio Grande do Sul, a veterinária relata os mais diversos cenários, obrigando a equipe a estar sempre alerta. “Cada resgate é diferente, esses animais estão com fome, medo, eles estão em dois extremos”, explica. “Ou estão com calor demais, porque a temperatura no Rio Grande do Sul estava batendo 32°C. Ou eles estão molhados, hipotérmicos”, complementa.
“A gente foi resgatar os animais do vizinho, mas a água estava subindo e então resgatamos uma mãe com a filhinha de 15 dias; quando a gente retornou para resgatar os animais, a água já tinha subido e esses animais faleceram”, relata a voluntária de Joinville.
Embora haja momentos em que os resgates não ocorrem como o planejado, existem ocasiões em que uma família se reencontra graças à atuação do Grad. Um caso que Rafaela ressalta é de uma mulher que tinha 32 gatos presos no gatil, mas apenas seis sobreviveram. “A gente conseguiu realizar o resgate dos seis cachorros delas, essa gratidão que ela teve com a gente foi muito tocante”, diz.
Quando chegaram no Rio Grande do Sul, a equipe ainda não tinha um barco, mas logo conseguiram uma embarcação. Segundo o Grad, o grupo está atuando junto à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul.
Os quatro médicos veterinários e bombeiros se dividem entre as regiões de Esteio, São Sebastião do Caí, Taquaras, Caxias do Sul, Lajeado, Arroio do Meio, Muçum e Porto Alegre.
Além de passarem pelas ruas procurando possíveis animais ilhados, o Grad disponibiliza um centro de cadastro para pessoas que precisam resgatar seus animais. A plataforma de cadastro de animais que precisam de resgate está no site do Grad.
Como as águas estão alcançando a altura dos fios dos postes de energia, a equipe encontra obstáculos ainda mais perigosos que a água. Os voluntários acabam precisando fazer o corte dos fios, sobem em telhados, entram em casas com a água até o pescoço, pois, para eles, “toda vida importa”.
Assim que resgatados, os animais passam por uma triagem para analisar a situação alimentar e possíveis traumas sofridos. Depois disso, qualquer tratamento necessário é iniciado. No caso de animais cujos tutores pediram o resgate, eles levam os bichos para os abrigos.
Mas há situações em que os animais precisam ficar em abrigos temporários, até os tutores serem encontrados. Para isso, o Grad disponibilizará um catálogo com imagens de cada animal e um meio de contato; assim, os tutores poderão reaver seus bichos.
O Grad Brasil já resgatou centenas de animais ilhados e presos. São galinhas, calopsitas, patos, aves diversas, cachorros, gatos e outros. Rafaela ressalta que ainda há muito trabalho a ser realizado, mas que qualquer pessoa pode ajudar.
As equipes do Grad Brasil precisam de doações, pois não há previsão para o fim da operação. Quem puder ajudar, pode enviar recursos através do Pix 54.465.282/0001-21.
De Presidente Getúlio até o Rio Grande do Sul, Rafaela viajou pelo Brasil resgatando animais atingidos por enchentes, queimadas e os mais diversos desastres. Ela esteve na linha de frente quando o Pantanal estava em chamas, também atuou nas enchentes de Recife, em 2023 esteve no RS quando um ciclone extratropical atingiu o estado. Rafaela esteve na Amazônia resgatando botos e no Espírito Santo.
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