Secretária de Saúde de Joinville compara fila nos hospitais com trânsito até a praia
Fala ocorreu durante reunião da comissão de saúde na Câmara de Vereadores, que evidenciou transtornos causados pela epidemia de dengue
Na tarde desta quarta-feira, 10, a secretária de Saúde de Joinville, Tânia Eberhardt, esteve na Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Joinville. A reunião tratou dos problemas enfrentados pelos joinvilenses nas últimas semanas, principalmente devido à epidemia de dengue. Durante a fala, Tânia comparou a fila no hospital com o trânsito enfrentado por quem vai à praia.
Só este ano, cerca de dez mil casos de dengue foram registrados e 17 pessoas morreram em decorrência da doença na cidade. Há problemas relatados com casos de grande espera em diversas unidades de saúde e hospitais da cidade.
“A dengue A e a dengue B não são problemas para o município de Joinville. Tem uma filinha de quatro horas, cinco horas, seis horas? Tem, tem dias que tem, tem fila sim. Mas para mim ir para a praia, para São Francisco no fim de semana, para Enseada, para Barra Velha, eu também levo quatro horas na BR-280 para ir. Então, eu quero dizer para os senhores, eu não me importo com esse tipo de manifestação. Eu só quero dizer para vocês que se eu estou doente, o que eu preciso é de uma porta aberta, o que eu preciso é de acesso e Joinville está oferecendo acesso no que diz respeito a todos os pacientes A e B”, disse a secretária.
Assista ao trecho:
Em resposta à reportagem do jornal O Município Joinville, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Joinville informou que não vai se manifestar sobre a comparação.
Hospitais lotados
Há alta procura por atendimento na rede pública municipal e estadual e nos hospitais privados.
Os pronto atendimentos da cidade registram filas que superam seis horas de espera. Durante a reunião na Câmara, Tânia relatou que as 54 unidades básicas de saúde, de atenção primária, foram abertas para atender pacientes com dengue, e que 70% dos usuários são classificados com dengue do tipo A – existem também os tipos B, C e D.
Nesta terça-feira, 9, o Hospital Infantil informou que as cirurgias eletivas, ou seja, programadas, estão temporariamente suspensas na unidade. O motivo, segundo o hospital, é o “aumento expressivo no volume de atendimentos de urgência e emergência”.
Medidas no combate à epidemia de dengue
Ao longo da reunião, a secretaria ressaltou as medidas tomadas pela Prefeitura de Joinville no combate à epidemia de dengue. Das 54 unidades de Joinville, 21 passaram a atender até mais tarde, informou Tânia.
Conforme a secretaria, nas unidades sentinelas, os pacientes são encaminhados para exames e recebem hidratação (soro na veia). Depois, os usuários são monitorados via telemedicina. Segundo a secretária, desde janeiro foram feitos cerca de nove mil atendimentos dessa forma.
“Isso tudo era para reduzir a demanda dos pronto-atendimentos, para aliviar a pressão dos PAs 24 horas”, explicou Tânia. Sem isso, ainda conforme a secretária, cerca de 13 mil pessoas estariam nas UPAs, que não teria capacidade de atender o dobro de pacientes.
Ela reconheceu que há filas de até seis horas para atendimento, mas diz que Joinville está “oferecendo acesso a todo o paciente [com dengue dos tipos] A e B”. Disse ainda que abril terá números mais altos de atendimentos, que já somaram dez mil nos primeiros oito dias deste mês.
Os pacientes com tipos C e D de dengue acabam internados, em geral. Em Joinville, 45% das internações têm como causa a dengue.
Na cidade, foram contratados mais 45 agentes de combate a endemia, pagos pelo Ministério da Saúde. Cerca de R$ 1 milhão foi enviado pela União para ser usado no combate à dengue. O dinheiro é usado para compra de insumos, por exemplo. A secretária comentou que os sais estão em falta, mas o soro, não.
Em resposta aos vereadores Cristovão Petry (PT) e Pelé (MDB), a secretária Tânia disse que a Central de Hidratação na UBS do bairro Glória funciona exatamente como um hospital de campanha, com 40 leitos.
Além disso, afirma haver leitos num espaço privado de saúde que já chegaram a receber 30 pacientes com dengue. “Ou seja, nós temos hoje dois hospitais de campanha no município”, disse.
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