Para escrever sobre o futuro indígena no litoral Norte de Santa Catarina, a nossa equipe de comunicadores guarani entrevistou o xeramoin (ancião/pajé) Miguel Veríssimo, da Aldeia Pindoty, na Terra Indígena Pindoty, em Araquari. “Não temos como melhorar, mudar ou saber o futuro. Porque tanto os mbya (guarani), os indígenas em geral e os jurua kuery (não-indígenas) não estão fazendo seu papel”, afirmou Veríssimo.

O crescimento urbano é constante na região, onde o território indígena resiste na preservação de nascentes de água, flora e fauna.

O futuro é incerto para todos nós. Mas isso não significa que não devemos sonhar com uma vida melhor. A resistência indígena no Brasil é muito antiga: desde a época em que existiam muitas matas nativas para viver, muitos alimentos naturais e bons lugares para pescar e caçar. Hoje, vemos muito desmatamento e destruição de todas as maneiras. No litoral norte de Santa Catarina não é diferente. Mas as nossas lutas de hoje, pela preservação da natureza,  são a faísca de esperança para o futuro.

O conhecimento transmitido pelos mais velhos, durante as falas do nhemongueta, aos mais jovens os preparam para os desafios do futuro.

Na visão guarani, o futuro não é um tempo distante desconectado do agora. O futuro é a continuidade, a responsabilidade de transmitir conhecimentos e tradições para as gerações que chegam. Para nós, indígenas, o futuro depende da nossa capacidade de manter viva a conexão com a terra, a Terra e os ensinamentos ancestrais que sustentam as culturas. A preservação das línguas, das práticas espirituais e das sabedorias sobre a natureza são aspectos fundamentais para que os povos indígenas brasileiros possam garantir suas identidades e autonomia, como está escrito na Constituição Federal de 1988.

 

Mídia Mbya Arandu

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