“Sonho virou pesadelo”: mãe denuncia negligência após morte de filha em maternidade de Joinville

Fernanda Fresch denunciou falhas graves no atendimento da Maternidade Darcy Vargas durante parto da filha

“Sonho virou pesadelo”: mãe denuncia negligência após morte de filha em maternidade de Joinville

Fernanda Fresch denunciou falhas graves no atendimento da Maternidade Darcy Vargas durante parto da filha

Bernardo Gonçalves

A joinvilense Fernanda Fresch denunciou a Maternidade Darcy Vargas após a morte da filha recém-nascida durante o parto. O caso ocorreu entre quarta e quinta-feira, 4 e 5 e, segundo ela, houve falhas graves no atendimento prestado pela equipe da unidade.

Segundo relato enviado ao jornal O Município Joinville, Fernanda chegou à maternidade na quarta-feira, por volta das 13h, sendo atendida apenas uma hora depois. Gestante de alto risco, com pressão alta e diabetes, ela afirmou que pediu exame de toque por estar em contrações silenciosas, mas a médica responsável teria reagido com ironia. Após a avaliação, constatou-se que já estava com cinco centímetros de dilatação.

Inicialmente, a paciente relatou que o processo correu bem, com monitoramento e a filha, chamada Ayanna, apresentando batimentos cardíacos normais. Porém, ao atingir sete centímetros de dilatação, as dores se intensificaram. Ela recebeu anestesia, mas acabou vomitando após ser servida com refeição. Mesmo assim, a criança seguia ativa.

A família solicitou cesariana, mas, segundo Fernanda, o pedido foi negado sob justificativa de que a evolução era favorável. Um médico de origem venezuelana chegou a acompanhar o caso, mas teria retornado para outros atendimentos após verificar que a dilatação estava em oito centímetros e que a situação era considerada estável.

“Tenho certeza de que, se ele tivesse sido informado do meu sofrimento real, teria optado pela cesárea”, frisa.

No relato, Fernanda também denunciou precariedade nos equipamentos da maternidade: aparelho de medicação intravenosa estragado, o que obrigava o marido a apertar manualmente o soro, aparelho respiratório da UTI quebrado e aparelho de pressão arterial com defeito.

Maternidade Darcy Vargas, em Joinville. | Foto: Secretaria de Estado da Saúde/Divulgação

Fernanda diz que realizou diversas posições para ajudar a filha a nascer. “Na última, de quatro, Ayanna conseguiu colocar a cabecinha para fora. Nesse momento, chamaram vários profissionais do corredor, mas ninguém conseguia finalizar o parto. Eu já estava exausta e roxa da cintura para baixo. Foi então que chamaram novamente o médico venezuelano”, detalha.

“Ele chegou indignado e disse: ‘Vocês estão loucos? Por que ela está nessa posição? Vira ela, vamos!’ Em seguida, colocou a mão, puxou Ayanna e me salvou. Ele sabia o que estava fazendo. Infelizmente, os residentes não informaram que eu não estava bem e que eu havia pedido cesariana. Se ele soubesse, tenho certeza que teria me levado à cirurgia”, complementa.

Fernanda relata que Ayanna nasceu saudável, mas não resistiu aos supostos erros dos residentes. Por isso, o médico teve que escolher entre salvar ela ou a bebe. “Eu compreendo a decisão dele, mas nunca aceitarei a negligência que tirou a vida da minha filha. Tentaram fazer um laudo na maternidade, mas poderiam escrever qualquer coisa para se isentarem da culpa.”

Ela ainda relatou que o laudo feito pelo IML comprovou que Ayanna não apresentava problemas de saúde. A bebê nasceu com 4,2 quilos e 57 centímetros, mas morreu após 12 horas de trabalho de parto.

“A verdade é uma só: quem matou minha filha foram os residentes da maternidade, não fazendo um ultrassom para ver o peso dela e insistiram no parto normal. Os únicos que não têm culpa nessa tragédia somos eu, meu marido e o médico venezuelano, que, no momento crítico, pensou em me salvar.”

A denúncia também inclui relatos de desrespeito religioso. Segundo Fernanda, enfermeiras riram do fato de o pai usar uma guia de umbanda, fazendo comentários sobre a diversidade no plantão. Além disso, afirmou que, em momento crítico, uma médica permaneceu sentada, de braços cruzados, sem auxiliar os residentes.

“Nosso sonho virou um pesadelo, nossa alegria virou tristeza. Meu marido sempre ficou comigo e não largou minha mão. Obrigado à Maternidade Darcy Vargas por matarem nossa filha”, finaliza.

O que diz a maternidade?

Em nota enviada ao jornal O Município Joinville, a Maternidade Darcy Vargas confirmou que Fernanda Fresch era acompanhada no Ambulatório de Gestação de Alto Risco e que foi internada após avaliação no setor de emergência. A instituição informou que o parto evoluiu de forma normal e que todos os cuidados assistenciais foram prestados.

A unidade lamentou a morte da recém-nascida, disse ter fornecido suporte psicológico à família e declarou que o caso está sendo analisado com “seriedade e rigor técnico” pelo Núcleo de Segurança do Paciente.

Confira a nota na íntegra:

Nota Oficial

A Maternidade Darcy Vargas esclarece que a paciente em questão era acompanhada no Ambulatório de Gestação de Alto Risco da unidade. Após consulta, foi encaminhada ao setor de emergência, onde recebeu avaliação e os devidos encaminhamentos, sendo posteriormente internada. A evolução do caso resultou em parto normal, com todos os cuidados assistenciais prestados pela equipe multiprofissional.

Infelizmente, o recém-nascido evoluiu para óbito. A direção da unidade, ao tomar ciência do fato, assegurou o devido suporte à família, com acompanhamento psicológico e apoio assistencial. A Maternidade Darcy Vargas manifesta profundo pesar pelo ocorrido e se solidariza com a família neste momento de dor.

Reforçamos nosso compromisso com a excelência na atenção integral à saúde da mulher e do recém-nascido, e asseguramos que o caso está sendo analisado com seriedade e rigor técnico pelo Núcleo de Segurança do Paciente, a fim de garantir a devida apuração dos fatos.

Colaborou: Rafael Moreira

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