Subvenção às empresas de ônibus enfrentaria resistência na Câmara de Joinville
Parte dos vereadores já havia se pronunciado contra o projeto antes mesmo de entrar em tramitação no Plenário
Sem chegar a tramitar oficialmente na Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ), a proposta de subvenção de R$ 7,5 milhões às empresas do transporte já havia sido criticada por parte dos parlamentares, que se posicionaram contra o projeto, enviado pela prefeitura na última quarta-feira, 29, e retirado quatro dias depois. O presidente da CVJ, Cláudio Aragão (MDB), acredita que a proposta enfrentaria resistência no Plenário se seguisse adiante.
Para Aragão, existe o entendimento de que isso seria uma ajuda financeira às empresas, mas ele conta que o projeto foi enviado pensando em como financiar o transporte coletivo, que está operando com valores negativos e pode estar em risco. “Caminha pra isso, chance de ficar sem”, diz.
Parte dos vereadores da oposição e independentes acreditam que esta seria uma forma do executivo joinvilense privilegiar apenas um setor empresarial. Por isso, Aragão conta que haveria a possibilidade de resistência caso o projeto não tivesse sido retirado.
Iracema do Retalho (PSDB), por exemplo, acredita que subsidiar o valor para as duas empresas é privilegiar o segmento em detrimento de outros e que isso não é justo com os demais. “Os comerciantes e profissionais sofrem os efeitos da pandemia sem receber nenhum auxílio da Prefeitura”, diz.
“Tantos outros estão em situação bastante delicada e clamando por um apoio do governo municipal há meses”, conta Rodrigo Fachini (PSDB). O vereador lembra que os profissionais da cultura e de eventos, por exemplo, estão sem poder trabalhar desde março.
Segundo Odir Nunes (PSDB), por atuarem há muitos anos em Joinville, a Gidion e a Transtusa possuem patrimônio, por tanto, seria mais fácil para elas negociarem um empréstimo, por exemplo, se comparadas aos pequenos empresários e autônomos, que têm mais dificuldades. Ele também conta que recebeu diversas mensagens da população, todas contrários a proposta. “É um projeto impopular”, afirma.
A vereadora Tânia Larson (PSL) conta que entende a dificuldade das empresas de transporte, já que ficaram paradas por diversos períodos durante a pandemia, mas que foi algo necessário para conter a infecção. “Mas todos merecem uma atenção, por que dar para apenas um segmento?”, questiona. Além disso, Tânia lembra que muitos trabalhadores foram demitidos e as famílias têm passado necessidades.
Inclusive, Maurício Peixer (PL) cita que valor poderia ser revertido alimentação. “Com R$ 7,5 milhões você poderia comprar 120 mil cestas básicas, mais ou menos, que se dividir em três meses, são 40 mil famílias ajudadas”, sugere.
Repasse para a Saúde
Além de serem contrários ao “privilégio” que a Prefeitura de Joinville estaria dando aos empresários da Gidion e Transtusa, os vereadores criticam a falta de leitos e testes em Joinville, que poderiam ser subsidiados com o valor proposto no projeto.
“Pesquisei e o projeto está na legalidade, está correto. Mas por que só um setor? Por que negligencias a Saúde na pandemia? Está faltando leitos, testes.”, diz Fachini. Para o vereador, o executivo tem errado desde o início da pandemia, quando faltaram exames nos três primeiros meses e que, segundo ele, isso teria prejudicado o enfrentamento à Covid-19.
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“Não tem dinheiro para comprar os exames. Tanta gente querendo fazer o teste do coronavírus e eles não atendem. Isso é uma vergonha”, diz Nunes.
O vereador conta que preferia que não fosse necessário fazer a discussão da proposta. “Eu gostaria que o prefeito retirasse esse projeto antes de segunda-feira, 3”, afirma. A partir desta semana, o texto começa a tramitar e passará a ser analisado pelos vereadores nas comissões da Câmara.