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Thiaguinho, atacante do JEC, conta sobre emoção de ganhar celular do técnico Vinícius Eutrópio

Vídeo do atleta de 20 anos recebendo o aparelho viralizou em todo país

O sonho de pisar na grama e se tornar vitorioso no futebol, conquistar títulos, virar celebridade e receber um salário alto é consenso entre todos os atletas do esporte bretão. Viver isso, porém, é para poucos.

Para uma parcela significativa de atletas, a realidade é crua, sofrida e pouco luxuosa. Exemplo disso é o que vive, atualmente, Thiaguinho, atacante do Joinville, de 20 anos.

Nascido em Itabuna (BA), começou a ver o futebol como profissão aos 16 anos, quando entrou para a categoria de base do Santo André (SP). Em 2020, chegou na maior cidade de Santa Catarina, quando veio fazer um teste no JEC para disputar o Campeonato Catarinense sub-20.

O início do sonho em SC foi interrompido pela pandemia da Covid-19, que cancelou competições ao redor do mundo. Por isso, foi liberado e retornou à Bahia.

Com o sentimento de esperança na ponta da chuteira, voltou a Joinville em outubro do mesmo ano, quando começou a transição à equipe profissional.

Acostumado a enfrentar uma final de campeonato diariamente, Thiaguinho explica que, apesar de nunca ter muito, sua família sempre fez o possível para manter o jogo da vida em pé.

“Meu pai e minha mãe nunca deixaram faltar comida na mesa, tínhamos o necessário”, conta.

Hoje, ao lado de outros jovens, o atleta mora no alojamento do Centro de Treinamento (CT) Wilson Florêncio, na zona Oeste de Joinville.

A perda do celular

Na última semana, um acontecimento fez Thiaguinho viralizar em todo país. A perda de um celular, que seria apenas mais uma entrada dura de algum adversário, se transformou em um símbolo de solidariedade.

O atacante conta que, depois de enfrentar o Juventus, pela semifinal da Copa Santa Catarina, viu o aparelho paralisar e ficar com a tela totalmente branca.

A partir dali, não conseguia mais acompanhar a programação dos treinos como antes. “Perguntava para os meus companheiros de trabalho sobre os horários”, explica.

O problema afetou diretamente o seu dia a dia. Além da dificuldade em manter a organização profissional, ficou dias sem falar com a família, a quilômetros de distância.

Cercado de saudades e preocupações, a alternativa foi pegar um tablet emprestado de um amigo de alojamento. Essa era a única forma do atleta agendar o despertador para o pré-treino.

“Eu perguntava o horário dos treinamentos para conseguir ajustar o relógio”, destaca.

Após achar que a situação estava contornada, Thiaguinho voltou a sofrer pela falta do antigo aparelho.

Após o JEC se classificar para final da Copa SC, a representação do elenco estava marcada para segunda-feira, às 16h30, porém, uma mudança não foi avisada para o atacante.

“Eu sabia do horário, só que mudou de repente. Cheguei atrasado em um dos treinamentos por conta disso”, lembra.

O que seria um problema, se tornou a assistência para uma feliz atitude.

Surpresa antes do título

Thiago assinou recentemente o contrato profissional com o Joinville. Por isso, sua ideia era esperar virar o mês, receber o salário, juntá-lo com uma ajuda do pai e comprar um celular novo.

A história, junto com o atraso do atacante, fizeram a solidariedade ocupar os sentimentos e palavras do técnico do Tricolor, Vinícius Eutrópio.

Antes da segunda partida da final da Copa Santa Catarina, durante a preleção, o treinador questionou Thiaguinho sobre o atraso.

Thiaguinho com a taça da Copa Santa Catarina | Foto: Vitor Forcellini/JEC

Em seguida, pediu para o atleta pegar uma caixa. Nela, além de um aparelho, guardava a emoção que o fizeram derramar lágrimas nos pés.

“Quando recebi o celular do Vinícius eu desabei, fiquei muito emocionado. Ele me ajudou e me abençoou num momento que eu precisava demais”, recorda.

Para ele, o momento será lembrado para sempre. “Vou levar para o resto da minha vida. Muitos vão precisar de ajuda e, no futuro, vou lembrar disso e poder ajudar alguém”, ressalta, emocionado.

Naquele mesmo dia, Thiaguinho entrou na partida decisiva aos 34 minutos do segundo tempo e, ao lado dos companheiros de time, conquistou o título para o Joinville que, além da taça, rendeu uma vaga na Copa do Brasil e R$ 540 mil pela participação na primeira fase da competição nacional.

Para quem passa por situações parecidas, o jovem sugere que ninguém desista dos sonhos. Em vez disso, se deve seguir trabalhando firme.

“O que acontecer de ruim, transforme em combustível para ir além. A dificuldade pode ser um degrau para você subir”, finaliza.


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