TJSC inocenta idoso acusado de maltratar cães em Joinville
Após a apreensão de 10 cães, o caso gerou comoção entre os vizinhos de Ademar
Após a apreensão de 10 cães, o caso gerou comoção entre os vizinhos de Ademar
A 2ª Vara da Fazenda Pública de Joinville inocentou Ademar Manoel Melin, de 71 anos, acusado de maltratar cães, no bairro Bucarein. No dia 4 de abril, o idoso perdeu a guarda de 10 cães após ser denunciado por não promover cuidados básicos de higiene e saúde aos animais.
No documento do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (TJSC), a decisão aponta que o Município de Joinville e o Centro de Bem Estar Animal (CBEA) não têm interesse em novas apreensões dos animais que estão sob os cuidados de Ademar.
“[…] Desnecessária a providência, não viria sequer em benefício dos cães porque o CBEA, para onde seriam levados, encontrasse lotado. Até que isso se revele recomendável, melhor é que fiquem com o dono que os ama”, diz o documento.
O caso gerou comoção entre os vizinhos de Ademar. Exemplo disso é o que aconteceu com a advogada Rebeka Futuro. Disposta a ajudá-lo, ela decidiu defender o caso na Justiça.
A advogada conta que o caso começou quando um vizinho que não gosta dos cachorros fez denúncias contra o dono dos animais. A partir disso, uma protetora de animais foi ao local com ração e suplementos, tirou fotos e encontrou um cão que estava machucado e precisando de tratamento. Segundo Rebeka, a questão financeira atrapalhou os cuidados.
“O Ademar vive em situação de extrema pobreza, recebe doações e um salário mínimo. Por causa desse cão debilitado, a protetora foi à promotoria e o caso foi visto como maus-tratos”, explica.
Rebeka lembra que o idoso tinha 17 cães, mas após a decisão da polícia, a Justiça permitiu que ele ficasse com apenas três. Para ela, a forma que os animais foram recolhidos foi errada. “Chegaram no local sem assistente social. O ato da apreensão foi arbitrário, pois não respeitaram a integridade psicológica do Ademar”, lamenta.
A falta da companhia dos cães está sendo negativo nos dias de Ademar. “O período é traumático. Ele ficou muito fragilizado no momento da apreensão. Ele não sabia de nada. O ‘baque’ foi grande, além da exposição midiática e nas redes sociais que o deixou fragilizado”, ressalta Rebeka.
Após centenas de compartilhamentos acusando o idoso sobre o caso, a advogada pensa que as pessoas deveriam usar a internet de maneira mais responsável. “Não pensam sobre a responsabilidade que têm ao compartilhar algum conteúdo. O Ademar tem um amparo de um grande círculo de pessoas que deram suporte, mas e quem não tem?”, finaliza.
Nesta terça-feira, 22, a Frada Joinville comentou o caso. Em um post no Facebook, a associação de defesa dos animais cita que quando compartilharam a denúncia, não sabiam das condições particulares do Ademar.
O grupo destaque que não foram os responsáveis por divulgar a situação. “Por termos compartilhado uma ação da polícia, muita gente pensou que a Frada havia denunciado, mas quem o denunciou foi uma protetora que não tem nada a ver com a Frada”.
SOBRE O CASO DO SEU ADEMAR Quando compartilhamos um post da polícia civil sobre um caso de cães em situação de…
Publicado por Frada – Frente de Ação pelos Direitos Animais em Terça-feira, 22 de setembro de 2020