Veganismo: joinvilenses relatam como aderiram ao estilo de vida; confira dicas
Cerca de 14% das pessoas se consideram vegetarianos
Cerca de 14% das pessoas se consideram vegetarianos
O estilo de vida vegana e vegetariana vem crescendo em Joinville e no resto do país. Segundo dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), 46% dos brasileiros já deixam de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana. Já outros 14% se consideram vegetarianos e estavam dispostos a escolher mais produtos veganos.
A nutricionista Gislaine Engelmann, explica que vegetariano é toda pessoa que exclui da alimentação todos os tipos de carnes, aves, peixes e derivados.
A base de uma alimentação vegana e vegetariana deve ser variada contendo cereais, leguminosas, sementes, vegetais, frutas e algas. “Uma grande combinação é o consumo de cereais junto a leguminosas para possibilitar a ingestão completa dos aminoácidos essenciais”, explica Gislaine.
O acompanhamento nutricional também é imprescindível para a montagem de um planejamento alimentar individualizado. “O nutricionista será responsável pela prescrição de suplementos alimentares para tratar ou prevenir deficiências nutricionais”, relata.
Para as pessoas que não comem carne, a insuficiência de B12 pode ser uma realidade. A vitamina é encontrada em ovos, leite e laticínios, mas para vegetarianos estritos e veganos, a suplementação é necessária. “É também realizada a avaliação periodicamente dos níveis sanguíneos de vitamina B12″, aponta a nutricionista.
A joinvilense Gabriela Cristina Sampaio, de 29 anos, soube do veganismo por conhecidos. Depois de realizar algumas pesquisas sobre o tema, conheceu o site “Vista-se”, sendo a primeira influência no estilo de vida.
Aos 15 anos, Gabriela se tornou ovolactovegetariana, uma das ramificações do vegetarianismo que não come nenhum tipo de carne, mas consome alimentos com ovos e leite. “Eu segui essa dieta até os 18 anos, quando comecei a pesquisar sobre o veganismo”, recorda.
Para se tornar vegana, ela não teve orientações. “Na época não era um tema muito conversado e eu não tinha amigos veganos. Foi na fé e na coragem”, relata. A transição alimentar foi aos poucos, cortando os derivados de origem animal com o passar das semanas.
“Passei uma semana sem consumir mel, ovos e leite. Na outra, eliminei os queijos e requeijões e assim por diante”, explica. Sua principal motivação é o respeito pelos animais, não apenas pelo amor a eles.
Para ela, o ser humano faz parte da natureza tanto quanto os demais animais. “Não há sentido explorar animais indefesos ou recursos ambientais apenas para suprir o luxo alimentar. Eu não amo todos os animais, mas os respeito”, relata.
Gabriela é formada em Administração, mas foi na internet que encontrou uma forma de se conectar com os ideais em que acredita. “Joinville é uma cidade com muitas opções veganas, mas eu sentia falta de um espaço que centralizasse as informações”, conta.
De forma despretensiosa, a joinvilense criou o Instagram Veganismo Joinville. “Eu sempre tive um quê de blogueira, então naturalmente comecei a dar dicas e mostrar como é o dia a dia de uma vegana”, acrescenta.
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Em Joinville, o movimento vegano vem crescendo com a procura de alimentos e produtos sem base animal. As grandes e pequenas empresas também já vem inserindo produtos veganos ou vegetarianos no portfólio.
No entanto, ainda há dificuldades, principalmente quando se trata de desmistificar o tema. “As pessoas tem a ideia de que todo vegano é chato e quer ficar convertendo as pessoas. Sendo bem sincera, queremos mais adeptos, mas temos forma sutil de fazer isso”, relata.
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Os julgamentos que acontecem dentro do próprio movimento também são barreiras, junto a falta de identificação nos produtos vendidos. “Existem muitos que não são testados em animais e não contém derivados na composição, porém não são identificados como veganos”, pontua. Isso pode dificultar na identificação do produto, tendo que se realizar o contato com atendimentos, se tornando um processo demorado e exaustivo.
Para quem está começando a aderir o estilo de vida, a dica é estudar e pesquisar muito sobre os assuntos. “Digo isso, pois as pessoas questionam o tempo todo. Tenha paciência. Você vai ouvir muitas piadas sem graça, respire e explique seus motivos”, lembra.
Gabriela também relata que é importante realizar exames de sangue e procurar um nutricionista, caso seja possível, para orientação.
“A transição para o veganismo tem que ser algo leve, respeitando o seu tempo, corpo e rotina. O importante é acontecer”, ressalta. Ela diz que o processo, mesmo que desafiador, é transformador.
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