Vereadores apresentam campanha de enfrentamento à violência contra a mulher no Agosto Lilás

Joinville registra, em média anual, 800 casos de violência contra mulheres

Vereadores apresentam campanha de enfrentamento à violência contra a mulher no Agosto Lilás

Joinville registra, em média anual, 800 casos de violência contra mulheres

Redação O Município Joinville

Por sugestão da vereadora Ana Lucia (PT), os parlamentares da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, da qual ela é integrante, puderam conhecer a campanha desenvolvida pela Secretaria Municipal de Comunicação “Use a sua voz” e outras ações do “Agosto Lilás”, mês de enfrentamento à violência contra mulheres, em reunião extraordinária nesta quinta-feira, 26. Joinville registra, em média anual, 800 casos de violência contra mulheres, segundo a prefeitura.

“A luta contra a violência contra a mulher acontece não só em agosto, mas não podemos deixar de chamar a atenção para um problema que cresce a cada minuto”, disse Ana Lucia, autora do projeto de lei que institui o “Agosto Lilás” no calendário municipal.

O secretário de Comunicação de Joinville, Thiago Boeing, apresentou detalhes da criação da campanha de mídia “Use a sua voz”. Elaborada a partir de uma reunião com representantes da Secretaria de Assistência Social, sociedade civil, policiais e políticos, sua intenção é encorajar vítimas de qualquer tipo de violência a denunciá-la pelo número de telefone 180.

O vídeo publicitário, exibido na TV e disponível no YouTube, mostra mulheres com a boca tapada por uma fita adesiva, sem voz, enquanto são dubladas por vozes masculinas, que falam por elas. “Pior do que a mulher não ter voz, é ela querer falar e não deixarem”, comentou o secretário. Além do vídeo, no ar em sete canais de TV, foram produzidos áudios para nove rádios, três mil cartazes e materiais para sites e redes sociais.

Delegacia

Uma das colaboradoras da campanha, a delegada Claudia Gonçalves, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), afirmou haver número insuficiente de policiais para atender às denúncias, que cresceram neste ano em comparação com o ano passado. A comissão decidiu enviar uma moção ao governo estadual, cobrando aumento no efetivo da Polícia Civil, em resposta a apelo da delegada.

Questionada por Ana Lucia sobre a demora em liberar números da violência (a vereadora fez um pedido em março e ainda não teve resposta), a delegada Claudia disse estar proibida pela Secretaria de Segurança Pública de SC de divulgar dados, porque havia divergência entre os números da secretaria e da ouvidoria. Agora, os interessados em ter acesso a dados públicos recebem um link da ouvidoria para fazer o pedido.

Na tribuna, a delegada informou receber até 15 denúncias de violência contra mulheres por dia, só por telefone, e que as medidas restritivas chegam a quatro ou cinco diariamente. “A gente está percebendo que essa mulher está mais informada, já chega sabendo de parte de seus direitos”, afirmou Claudia.

Parlamentares demonstraram ainda preocupação com o atendimento às vítimas nas delegacias. Ana Lucia disse que as mulheres chegam “fragilizadas” e, muitas vezes, são “revitimizadas” por comentários sexistas e descrédito perante sua situação. Claudia afirmou que os servidores da DPCAMI são treinados e há estagiários de psicologia disponíveis das 12h às 18h.

Para o vereador Brandel Junior (Podemos), as mulheres ainda têm muita dificuldade de relatar a violência na delegacia. Ele contou que conheceu o programa “Abraço”, da Prefeitura de Balneário Camboriú, que dispõe de atendimento até por WhatsApp, e convidará representantes da Prefeitura de Joinville a conhecer o projeto.

Presidente da comissão, Pastor Ascendino Batista (PSD) afirmou que, quando pedem conselhos a ele, incentiva a denúncia. “Não podemos admitir violência”.

Outras ações

Coordenadora de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos da Secretaria de Assistência Social, Deise Gomes informou que a secretaria promoveu um ciclo de debates sobre prevenção à violência contra mulheres e atividades educativas.

Sobre o atendimento às vítimas, Deise lembrou que “nem sempre a porta de entrada é a delegacia, pode ser um Centro de Referência da Assistência Social (Cras) ou uma igreja”.

Representante do Conselho Municipal do Direito das Mulheres, Simone do Nascimento Silva mostrou ações do conselho de prevenção à violência. “Nós temos que meter a colher e não ficar omissos”, recomendou.

Os vereadores Sales (PTB), Érico Vinícius (Novo) e Henrique Deckmann (MDB) também estiveram na reunião.


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