Vereadores e moradores debatem instalação do Centro Pop no Bucarein, em Joinville
Residentes da região alegam que mudança pode trazer problemas de segurança pública
Residentes da região alegam que mudança pode trazer problemas de segurança pública
Em audiência pública na noite desta quarta-feira, 10, vereadores da Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ) receberam representantes da Secretaria de Assistência Social (SAS), moradores e empresários da área central de Joinville. O objetivo do encontro era discutir uma possível mudança do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) para o bairro Bucarein.
A reunião, realizada no plenário da CVJ, foi proposta conjuntamente pelos vereadores Brandel Junior (Podemos), Maurício Peixer (PL) e Ascendino Batista (PSD). Segundo eles, a sugestão do tema partiu de comerciantes do bairro. A Associação de Moradores do Bucarein, por exemplo, acredita que a mudança geraria problemas para a segurança pública na região.
Na explanação sobre a questão das pessoas em situação de rua em Joinville, a secretária de Assistência Social, Fabiana Cardoso, declarou que o tema é um desafio de longa data. Com relação à mudança de endereço da unidade, Fabiana explicou que é uma necessidade para uma adequação às políticas nacionais.
Entre os requisitos, ela destacou que a unidade precisa estar em local de fácil acesso, onde há concentração de pessoas em situação de rua e próximo de locais que oferecem outros serviços que garantem os direitos fundamentais dessas pessoas, como o Restaurante Popular.
Fabiana destacou haver moradores em situação de rua em todas as áreas da cidade, não somente na região central. Sobre as medidas já tomadas na pasta, Fabiana destacou a campanha “Não dê esmola”. Segundo ela, às vezes quem está na rua tem o recurso para viver, mas é aliciado por terceiros.
A secretária também contou que um dos desafios da assistência é convencer as pessoas, já que muitos não aceitam ajuda. Ainda sobre a questão da abordagem, ela contou que por vezes se depara com situações complexas. “Algumas pessoas têm casa, mas a casa é pior que a rua”, disse a secretária.
O presidente da Associação de Moradores do Bucarein, Marco Antônio Costa, contou que foi procurado por moradores e empresários contrários à mudança. Ele afirmou que o problema de ter o Centro Pop no bairro não é o morador em situação de rua, e sim a criminalidade que seria consequência da mudança.
Proprietário de uma escola no Bucarein, Yuri Alves falou que se a mudança ocorrer irá fechar as portas e demitir 14 funcionários. Ele afirmou que o atual Centro Pop não tem segurança e irá propor soluções.
Moradora do Bucarein, Diva Nikaedo defendeu a instalação de equipamentos assistenciais na periferia da cidade, onde, na opinião dela, estão as pessoas carentes. Em uma reunião anterior na CVJ sobre o mesmo tema, Diva chegou a dizer que “não queria um problema social na porta da sua casa”.
Outra moradora, Andréa Foscarini, criticou, palavras dela, a “mente vazia” de quem vive em situação de rua no centro da cidade e sugeriu a instalação no Centro Pop na zona rural.
Também contrário à mudança, Rodrigo Feldhaus argumentou que, com a possível mudança, o Centro Pop sairia de um imóvel próprio para um imóvel alugado.
Líder comunitário do Anita Garibaldi, Gilson Bohn declarou entender o posicionamento dos moradores do bairro vizinho. Gilson contou que a família dele tem negócios nas proximidades do Centro Pop e que eles vivem “tempos de inferno” por conta da localização.
Os vereadores que sugeriram a audiência pública se posicionaram ao lado dos moradores do Bucarein. Presidente de Proteção Civil, Ascendino Batista (PSD) destacou que o papel dos vereadores é ouvir o apelo dos munícipes e tentar encontrar uma solução adequada e positiva para todas as partes.
Maurício Peixer (PL) contou que o prefeito Adriano Silva (Novo) estipulou um prazo de 30 dias para que uma solução seja encontrada. Para atingir o objetivo, Peixer sugeriu que novos encontros sejam realizados pela SAS nos próximos dias.
Brandel Junior (PODE) afirmou que ninguém quer um Centro Pop ao lado de casa, já que gera insegurança e afasta clientes.
Na opinião de Cláudio Aragão (MDB), somente a mudança de bairro não funciona para resolver o problema do morador em situação de rua. O vereador sugeriu uma força-tarefa de política pública municipal como solução.
Líder do governo no Legislativo, Érico Vinicius (Novo) parabenizou a participação popular na audiência.
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