Vida dedicada à saúde: conheça Gustavo Witt, que trabalha há 76 anos como farmacêutico em Joinville
Gustavo começou a vida profissional ainda quando criança, na Farmácia Minancora
Conhecido por dedicar quase toda a sua vida à saúde da comunidade, Gustavo Witt começou cedo na profissão de farmacêutico, na qual atua até hoje, aos 86 anos. Ainda quando criança, foi convidado a sair da região do Rio Bonito, onde nasceu e cresceu, para morar no Centro de Joinville e trabalhar em uma famosa farmácia da cidade, a Minancora.
Gustavo lembra que o convite foi feito diretamente por Eduardo Gonçalves, fundador da empresa, quando o mesmo havia ido visitar seu pai após uma cirurgia. Gustavo tinha 10 anos. Foi a partir dali que sua vida mudou. “Tive boa vontade e levei o convite a sério”, diz. Com tanto aprendizado, aos 18 anos, conseguiu o documento que o reconheceu como profissional farmacêutico.
Aos 86 anos, Gustavo continua atuando na área da saúde. A ligação que tem com a população é combustível para o trabalhador. Ele exerce a profissão na Drogaria Rio Bonito há 19 anos e conta que já conhece os moradores locais e entende seus anseios e dificuldades. Então, através da saúde, pode ajudar.
No trabalho, ele procura orientar a população, a fim de desafogar os atendimentos em unidades públicas de saúde. Isso porque, muitas vezes, a comunidade procura atendimento para coisas simples, na qual ele pode auxiliá-los.
O joinvilense acredita que pode contribuir muito para a comunidade. “Porque a saúde pública está precária, deficitária. Fazem coisas que não condizem com as necessidades da população, que fica desamparada”, comenta.
Por isso, planeja continuar trabalhando até quando puder e, se possível, depois disso também. “Na próxima reencarnação quero ser farmacêutico de novo”, afirma rindo.
Trajetória
A paixão pela profissão segue firme até os dias atuais, mas, pesar de continuar a trabalhar, Gustavo conta que já chegou a se aposentar.
Após trabalhar e comandar o próprio negócio, a Farmácia Rio Bonito, por 36 anos, Gustavo resolveu vender o estabelecimento em 1989. Aposentou-se e foi morar em Garuva, mas o status de aposentado não durou muito tempo.
Ele lembra que na década de 90 era obrigatório que farmácias disponibilizassem um farmacêutico para atender nos balcões. “Foi uma correria na minha casa para eu voltar a trabalhar, então resolvi voltar”, ri.
Anos depois, resolveu voltar a Joinville. Em 2002, foi contratado como responsável técnico na Drogaria Rio Bonito. Desde então, Gustavo trabalha atendendo a comunidade em todas as tardes.
Escritor
Mas não só da dedicação à saúde comunitária vive Gustavo. No período em que não está trabalhando, ele dedica seu tempo a admirar a natureza, a Estrada Bonita, ajudar a esposa e escrever.
As belezas naturais do local onde mora, a Estrada Bonita, já foram inspirações para os provérbios de Gustavo, texto que gosta de escrever. Enquanto dava entrevista, por telefone, ao Jornal O Município Joinville, fez o provérbio: “o verde das florestas é alma da natureza”. No momento, ele olhava pela janela de casa e era isto que via, conta.
Em 1967, escreveu o primeiro livro, sobre as histórias da comunidade onde cresceu e agora vive. Gustavo explica que, na obra, fala sobre o início da imigração do Rio Bonito, a educação, saúde e vida comunitária local.
O conhecimento da história vem da ligação com o bairro. Ele já foi presidente da associação de moradores, atuou na diretoria da igreja luterana, na comunidade ginástica, por exemplo. “Fazíamos festas memoráveis” lembra. Festeiro, organizava as confraternizações com muita música. “Isso aproxima a gente da comunidade”, conta.
Além deste, Gustavo teve outros livros publicados. Em 2018, deu início às suas várias edições de provérbios. O primeiro volume contou com 600 textos. Outros vieram em 2019, 2020 e 2021. A edição do próximo ano também já está escrita.
Futuro
Entre seus planejamentos para o futuro está o trabalho. Gustavo quer atuar na profissão até quando puder. E também, quer escrever e admirar as coisas naturais da vida, como o ambiente onde mora.
Além disso, deseja viver muito tempo ainda, até os 104 anos, por duas razões. A primeira, porque Oscar Niemeyer, de quem é fã e admirador, faleceu com essa idade. E, também, porque quando fez uma angioplastia, aos 74 anos, o médico disse que ele poderia viver por mais 25.
Honraria
A trajetória de vida e dedicação à saúde renderam a Gustavo uma homenagem. Em junho, foi aprovado na Câmara de Vereadores, o Título de Cidadão Benemérito de Joinville.
“Não esperava por tanto, é algo de orgulho”, diz surpreso. Agora, aguarda a solenidade de entrega do título, que, por conta da pandemia, ainda não foi entregue.