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Setembro Amarelo: saiba nove mitos e verdade sobre o suicídio

Setembro é o mês da campanha de conscientização e prevenção ao o suicídio. Você sabe por que setembro é amarelo? Existe uma história por de traz da escolha desta cor e da data oficial em 10 de setembro como Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio: em 1994 um rapaz, chamado Mike Emme, de 17 anos, acabou cometendo suicídio.

Mike era um rapaz muito tranquilo e amável, sempre muito caridoso e conhecido pelo seu gosto pela mecânica. Mike tinha um Mustang 68, que pintou de amarelo e do qual cuidava e gostava muito. No funeral de Mike, a família e amigos dele entregaram cartões com fitas amarelas contendo a frase “Se você precisar, peça ajuda”.

Isso começou a se espalhar e em 2003 a Organização Munidal de Saúde instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, e o amarelo, como o Mustang de Mike, foi a cor escolhida para representar essa campanha.

Mesma que esta campanha exista desde 2003, ainda é um tema muito delicado e sempre importante que olhemos com mais carinho para a temática de prevenção do suicídio. Uma das formas de nos munir para essa prevenção é entender melhor o tema e poder orientar e falar sobre ele com mais propriedade. Por isso hoje trouxe aqui alguns mitos e verdades sobre o suicídio:

“Mudanças de comportamento podem indicar risco de suicídio”

Verdade. Existem algumas mudanças que são importantes de ser observadas: mudanças muito bruscas na forma de ser; desânimo constante; fala constante sobre a morte; alterações no sono e alimentação; comportamentos autodestrutivos; comentários depreciativos; pessimismo… Abuso de álcool e uso de drogas também são fatores de risco.

São algumas questões que precisam de mais atenção, mas não são indicativos absolutos de nada. É sempre importante estarmos atentos principalmente às pessoas do nosso convívio mais próximo, pois é quem conseguimos com um pouco mais de facilidade perceber essas alterações…

Se você conhece alguém que está apresentando alguns desses comportamentos, converse com essa pessoa sobre isso. O acompanhamento profissional também é muito importante!

“Se a pessoa está determinada a se matar, nada vai impedi-la, não tem o que fazer”.

Mito. Bem pelo contrário. Existe ambivalência entre viver e morrer. Pessoas que tentam o suicídio, muitas vezes não desejam a morte, mas uma vida diferente, uma saída para seus sofrimentos.
É importante entendermos que a pessoa que fala em acabar com sua própria vida está falando de um sofrimento muito intenso, em nível insuportável para aquela pessoa e para o qual não consegue ver saída e, naquele momento, enxerga a morte como única possibilidade. Isso é muito sério e muito profundo!

“O suicídio é hereditário”.

Mito. Nem todos os suicídios podem ser associados à hereditariedade. Uma história familiar de suicídio, no entanto, é um fator de risco importante para o comportamento suicida. Mas novamente, não é nada definitivo. Assim como não quer dizer que se não tem nenhum caso naquela família todos que fazem parte dela vão estar isentos.

“Quem comete suicídio tem algum problema mental”.

Mito. Independentemente do estado mental da pessoa que fala em se matar, se qualquer pessoa toca neste assunto expressando esta vontade isso é um importante sinal de alerta que deve ser entendido como um pedido de ajuda. É comum achar que o suicídio ocorre apenas em quem tem um grave problema mental, mas isso nem sempre é verdade. Assim como nem todo mundo que tem algum transtorno mental, depressão, ansiedade ou outra situação, vá tentar suicídio. Não é uma regra!

“O suicídio é falta de Deus, de trabalho, de coisa pra fazer”.

Mito. O suicídio atinge todas as classes sociais, independentemente de sexo, raça, idade, crença religiosa ou política. Independente de a pessoa ter muita ou pouca coisa pra fazer, ou de trabalhar ou estar desempregada. Não existe um aspecto tão simples para dizer isso é a causa! Claro que pode ser um dificultador para a pessoa que já está passando por diversas situações na vida, por exemplo, perder o emprego em uma situação difícil pode ser desesperador, mas isso por si só não é causa absoluta.

É importante que não façamos julgamento moral dessa pessoa que acaba buscando suicídio como forma de alívio para seu profundo sofrimento. Devemos, sim, oferecer compreensão e acolhimento, tanto para a pessoa como para seus familiares. O que leva ao suicídio, em geral, é uma dor psíquica muito intensa em nível insuportável e não uma atitude de covardia ou de coragem.⠀

“Muitas pessoas deixam de procurar tratamento porque sentem vergonha e preferem esconder a situação mesmo de amigos e familiares”.

Verdade! Situações como a depressão ainda são percebidas como um sinal de fraqueza pela nossa sociedade, o que faz com que a pessoa fique constrangida em assumir a doença e retarde a busca por tratamento. Falar em suicídio, mesmo que não esteja relacionado com algum transtorno psicológico, como a depressão, ainda é um tabu muito grande também e muitas vezes essa pessoa não é compreendida na profundidade de seu sofrimento quando resolve compartilhar com alguém.

Sabemos como falar de algo tão intenso, de uma dor tão profunda também não é fácil e nem todos estão de verdade abertos para escutar isso. Por isso é importante que a gente faça nossa parte, se alguém confiar em você para falar sobre isso, não ignore, acolha e indique que essa pessoa busque ajuda profissional.

“Quem tentou uma vez suicídio vai continuar tentando pro resto da vida”.

Mito. A pessoa que acaba tentando o suicídio como forma de se livrar dessa dor tão intensa, pode sim tentar mais vezes,  até que ela possa enxergar outras saídas para o sofrimento que está sentindo. Mas isso não quer dizer que tente para sempre, até que tenha êxito.

Novamente, não tem uma regra. Não é que sempre vai haver repetição dessa tentativa, mas é importante que se houve alguma tentativa já ocorrida, haja um cuidado especial com a saúde mental dessa pessoa! Sempre indique que ela busque ajuda profissional, faça terapia, avaliação psiquiátrica.

“Quem fala sobre se matar, não faz”.

Mito. Pessoas que falam sobre suicídio ou morte estão procurando ajuda/suporte, pois não conseguem ver sozinhas outras saídas para o sofrimento que estão vivendo. O comportamento suicida em si é uma ação extrema de uma pessoa em profundo sofrimento que não vê outra saída a não ser a morte. Precisamos sempre estar atentos a esse sinal, quando alguém fala isso, verbaliza, ela está dizendo está compartilhando com você essa dor! Não deve ter sido fácil para ela falar isso pra você, então tente ao máximo acolher e indicar ajuda profissional!

“Não se deve perguntar se a pessoa está pensando em se matar porque isso pode induzi-la ao suicídio”.

Mito. Ao perceber sinais de que a pessoa está pensando em suicídio, o tema deve ser abordado abertamente, porém, com cautela e de forma acolhedora. Proporcionar um espaço para que essa pessoa possa falar sobre seu sofrimento, mostra que você se importa com ela e auxilia para que essa pessoa possa minimamente pensar e ver que outras saídas são possíveis! Indicar outros meios de ajuda também é uma forma de auxiliar essa pessoa!

Nem sempre vamos conseguir falar com a pessoa sobre esse tema, mas indique que ela busque ajuda profissional de um psicólogo! Outro caminho pode ser indicar o CVV, que é o Centro de Valorização da Vida, que acolhe todo o país pelo 188. É um caminho para que a pessoa possa colocar para fora inicialmente essas emoções difíceis de compartilhar com seus conhecidos pelo medo do julgamento. Mas ainda assim, buscar ajuda profissional se faz muito importante!

Se puder, faça terapia!

Psicóloga Ana Carolina Schmidt