VÍDEO – Rotatória em importante avenida de Joinville é alvo de inquérito no MP-SC
Rotatória instalada no cruzamento entre a avenida Marquês de Olinda e a rua João Pessoa gera reclamações desde a implantação
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) instaurou um inquérito para investigar possíveis irregularidades na sinalização da rotatória instalada no cruzamento entre a avenida Marquês de Olinda e a rua João Pessoa, no bairro Santo Antônio, em Joinville. O inquérito foi instaurado no dia 3 de março.
Instalada desde agosto de 2021, a rotatória já foi tema de uma reportagem no jornal O Município Joinville. À época, os moradores e comerciantes relataram confusão e o perigo de acidentes, já que os motoristas não respeitavam a sinalização.
Na quarta-feira, 19, a reportagem foi até o local novamente e conversou com moradores e lojistas da região. Tainara Correa trabalha em uma loja em frente a rotatória. Ela conta que a loja foi inaugurada no dia 31 de março deste ano e desde então já viu dois acidentes acontecerem.
“Não são acidentes graves, mas que causam danos materiais. Dá para perceber que as batidas são causadas por falta de atenção”, relata. No local, muitos clientes também reclamam do fluxo dos veículos e como é difícil usar a rotatória pela imprudência de terceiros.
A moradora de Joinville, Michele Luckoh, sempre utiliza a avenida Marquês de Olinda para levar os filhos até o colégio, próximo ao local. Segundo ela, a rotatória ainda é confusa. “É horrível, aqui tranca o trânsito em horário de pico, com a imprudência das pessoas piora ainda mais. Já vi acidentes acontecendo por causa da falta de respeito”, conta.
Rafael Santos mora perto da avenida Marquês de Olinda. Para ele, a rotatória melhorou os acidentes graves, mas ainda é confusa. “Pela rotatória ter sido instalada há dois anos, muitos já sabem como é o funcionamento, mas ainda é necessário ter mais respeito com quem tem preferência na via”, conta. O trânsito, segundo ele, melhorou um pouco, mas a falta de atenção ainda é um agravante.
Confira o vídeo do fluxo:
Andamento do processo
O processo no MP-SC iniciou em janeiro de 2022, com uma denúncia de um morador da região. No documento ele relata que mesmo com a placa de sinalização, os motoristas não respeitam e passam direto pela placa “pare”.
“Há uma escola próxima e diversos pais reclamam e estão preocupados. Contatamos a prefeitura, mas recebemos como resposta que eles não tinham culpa e que os motoristas não respeitam o local”, relata a denúncia.
Os moradores também pediram que fossem colocadas tartarugas ou tachões na via antes da rotatória. A Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) relatou, em fevereiro do mesmo ano, que não participou da implantação da rotatória e que isso estaria a cargo do Departamento de Trânsito de Joinville.
Em resposta, o departamento constatou em documento que o cruzamento foi pauta em diversas discussões e que análises foram feitas para a implantação da rotatória. “Dentre as várias alternativas, a mini rotatória se mostrou mais adequada para o momento. Ainda, as alterações foram realizadas visando dar mais segurança na travessia de pedestres e ciclistas”, relata o documento.
A prefeitura enviou ao MP-SC uma imagem indicando os movimentos possíveis antes da implantação da rotatória. Confira:
“Verifica-se que a configuração do cruzamento, anterior a agosto/2021, apresentava grande quantidade de conflitos e consequentemente maior risco de acidentes de trânsito”, justifica.
Na avaliação da prefeitura, a rotatória reduziu a velocidade dos veículos na avenida Marquês de Olinda, oferecendo maior segurança aos veículos que saem da rua João Pessoa para acessar a avenida.
Sinalização confusa
Um representante do MP-SC foi até o local e ele considerou o fluxo confuso, pois “há placa de pare em todos os quatro sentidos, entendendo que ninguém tem preferência de passagem”. Ele também considerou que os veículos que param na rotatória têm dificuldade de seguir em frente e diz que a via é muito estreita para a instalação de uma rotatória.
Dentre as considerações para a abertura do inquérito, o MP-SC cita a insegurança da rotatória. “Concluiu-se, por todo o contexto probatório obtido, que a rotatória, da forma que está instalada atualmente, não apresenta a necessária segurança para
pedestres, motoristas e passageiros que passam e trafegam pelo local”.
Em resposta ao MP-SC, a prefeitura ressalta que conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), tem a preferência na rotatória aquele veículo que já estiver em circulação.
Na mesma portaria de abertura do inquérito, foi solicitada a notificação do Detrans e da Sepur para que em 30 dias entreguem estudos viários e/ou de tráfego acerca da rotatória e sua harmonia à legislação de regência mencionada.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Joinville, que resolveu não se manifestar sobre a questão no momento, pois aguarda a tramitação do inquérito.
Número de acidentes
Segundo o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, cinco acidentes com vítimas foram registrados na rotatória entre agosto de 2021 e esta terça-feira, 18. Dos acidentes, quatro foram colisões entre carro e moto. O quinto acidente aconteceu entre dois carros.
Nenhum dos acidentes resultou em morte no local. Todas as pessoas receberam atendimento e foram encaminhadas para o hospital. O maior número de acidentes aconteceu entre às 18h e às 20h. O segundo horário com mais acidentes foi entre às 13h e às 14h. Uma única colisão aconteceu por volta das 7h.
No inquérito, uma aba foi anexada com o relatório dos acidentes entre 2019 e 2021. Ao todo, seis acidentes com vítimas graves foram registrados no período.