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Vítimas de maus-tratos, cachorrinhos são adotados e ganham nova vida em Joinville

Mike, Íris, Gaia e Otto vivem de forma tranquila graças ao resgate e amor

Vítimas de maus-tratos, cachorrinhos são adotados e ganham nova vida em Joinville

Mike, Íris, Gaia e Otto vivem de forma tranquila graças ao resgate e amor

Isabel Lima

A reportagem do jornal O Município Joinville conversou com quatro tutores que adotaram animais vítimas de maus-tratos em Joinville. Nos novos lares, os cachorrinhos ganharam uma nova vida com muito amor, carinho e atenção. Conheça as histórias:

Mike, simpático e amoroso

Mike, um border collie ficou tetraplégico e perdeu uma perna após passar por maus-tratos. Foi resgatado e tratado pela Frada, e como não poderia voltar para o antigo dono, precisava de um novo lar. Mas as complicações da situação de saúde dele tornaram ainda mais difícil uma adoção. Até que Nathália apareceu.

Nathália, de 29 anos, é cuidadora de idosos. Ela acompanhou a história do Mike pelas redes sociais da Frada desde que ele foi resgatado. Ajudou financeiramente no tratamento dele e a tutora que o adotou inicialmente.

Foto: Arquivo Pessoal

“Em cinco meses ela quis devolver”, recorda. “ Eu já tinha vontade de estar com ele, pedi à ONG para eu poder adota-ló caso a outra moça que estava com ele permitisse. Ela topou, pois não queria mais há tempos estar com ele e levou para mim em Itapoá”, conta Nathália. Eles estão juntos desde abril de 2022.

Quando foi encontrado, Mike vivia no quintal de uma mulher que se dizia veterinária e fazia reprodução. Ele estava encoberto de fezes, machucado e preso há meses em uma casinha de bonecas. Com ele estavam cerca de 20 animais na mesma situação.

Antes e depois de Mike | Foto: Arquivo Pessoal

Nathália conta que, por exames e vídeos antigos, descobriram que Mike não era paralítico. A condição teria sido causada por maus-tratos. “Ele precisou de tratamento, exames e amputar uma perna toda”, explica. “Até hoje ele depende de mim, às vezes usamos a cadeirinha de rodas, outras o carrinho pet que ele ganhou de uma seguidora, outras ele mesmo vai se arrastando pulando para brincar, usa fraldas, lenços umedecidos e pomadas de assadura”, explica a tutora.

Foto: Arquivo Pessoal

Mesmo com todo o sofrimento que passou, Nathália enfatiza que Mike é muito carinhoso e se mostra grato a ela. Antes Mike convivia com fezes e comida estragada, hoje é mimado com petiscos, roupinhas, ursinhos, beijinhos e muito amor.

Íris, carente e passeadora

Foto: Arquivo Pessoal

Íris foi resgatada na rodovia. O corpo dela estava sendo devorado por larvas e a chance de sobreviver era mínima. Mas a Frada resgatou, levou na clínica e ela foi tratada. “Quando vi a situação da Íris meu coração acelerou”, conta Camila Solis, a atual tutora da cachorrinha.

Camila acompanhou a recuperação de Íris enquanto a cachorrinha estava internada. Liliane estava com dificuldades para encontrar um lar para ela e o coração de Camila apertou ainda mais. Então, decidiu adota-lá.

Foto: Arquivo Pessoal

Quando foi visitar na clínica veio a surpresa: Íris já tinha recebido alta e poderia ir para a nova casa. Em janeiro deste ano, a vítima de abandono e maus-tratos ganhou um lar. “Tivemos que sentar no chão e ficar por uns momentos para que ela perdesse o medo”, relembra Camila.

A analista de compras não consegue esconder a paixão que sente pela nova amiga ao descrever o quanto ela adora passear e é carente de abraços. “Ela é a cadelinha mais amorosa que já vi”.

Foto: Arquivo Pessoal

Inspirada na mãe, que mora em outra cidade e atua com a causa animal, Camila sempre anda com ração no carro e costuma recolher animais que ela encontra abandonados. Além de ser muito mimada, Íris tem três irmãs, a cadela Nebulosa e as duas gatas Luna e Blanca.

Gaia, bebezona e brincalhona

Foto: Arquivo Pessoal

Como seguidor da Frada, Ruan acompanhava as publicações e casos de resgate de animais. Até que apareceu Gaia, uma filhote que já havia sofrido muito. A cadelinha tinha contraído parvorirose, uma doença que mata cerca de 90% dos animais infectados.

Resgatada pela Frada e tratada em uma das clínicas parceiras, Gaia ainda precisava de um lar. “Toda vez que via uma postagem dela, parecia que ela olhava no fundo dos meus olhos, pela tela do celular, foi quando decidi mandar mensagem falando que tinha interesse em ficar com ela”, relembra Ruan.

O CAD designer já estava apaixonado, mas tinha medo do Neguinho, outro cãozinho que ele tinha adotado, estranhasse a nova moradora. Quando buscou Gaia na clínica, Ruan conta que se assustou, mesmo que Liliane tivesse avisado que ela era um pouco grande, ele não esperava tanto.

“Quando a Mary Bortoli apareceu com a Gaia no colo, com umas patas gigantes, enorme, levei até um susto, mas não foi motivo para eu desistir”, recorda. Ao chegar em casa, Neguinho suspeitou, mas com o passar dos dias se acostumou e hoje os dois viraram grandes amigos.

Foto: Arquivo Pessoal

“Apesar do tamanho, é uma bebezona, que ama brincar e estar sempre por perto”, conta Ruan, que está com Gaia há cerca de três meses.

Otto, carinhoso e brincalhão

Foto: Arquivo Pessoal

Desnutrido, com glândulas da terceira pálpebra e uma bicheira no ânus que acabou danificando parte do reto, Otto foi encontrado pela Frada. Ele estava na SC-418 completamente debilitado.

A ONG, como de costume, começou a publicar a situação do cachorrinho, que foi levado direto para o hospital. Nesta época, a advogada Moniche ainda tinha dois cães Chineque e Maia. Como não tinha condições de pegar outro cachorro, ficou acompanhando Otto pelas redes sociais.

Foto: Arquivo Pessoal

Tempos depois, Maia teve um grave problema de saúde e faleceu. Moniche sofreu muito o luto da companheira. “Tinha decidido não ter mais nenhum pet, ficaria somente com o Chineque”, ela conta.

Em outro dia, a Frada publicou que teria que devolver Otto para a antiga proprietária, pois a conta dele estava muito cara e eles não tinham mais como manter no hotel. A advogada não pensou duas vezes e ligou para Liliane, mas para encontrar um novo tutor, a casa dela seria apenas um lar temporário.

“Minha tentativa de achar alguém para adotar o Otto não durou um dia. Decidi que ele faria parte da minha família”, relembra.

Devido às complicações causadas pelo abandono, Otto teria que usar fraldas pelo resto da vida, pois os músculos do ânus não conseguiam controlar a saída de fezes. Entretanto, para a surpresa de Moniche, o caso não era tão drástico e ela mantém o animal sem fraldas.

Foto: Arquivo Pessoal

“Ele é muito carinhoso e brincalhão. “Quando levei ele para casa, fiquei com medo que
ele e o Chineque não se dessem bem, mas agora não se desgrudam”, explica a advogada.

Hoje ela conta que ele é muito carinhoso e brincalhão. Com o tratamento correto e uma ração especial para a digestão, Otto vive a melhor vida que poderia.

O desafio da causa animal em Joinville

Já virou rotina para a Frada resgatar animais vítimas de maus-tratos em Joinville. Além de acumular dívidas em diversas clínicas veterinárias da cidade, as voluntárias da ONG precisam correr contra o tempo para encontrar novos tutores, pessoas que vão adotar esses animais vítimas de abusos e restrições para dar amor e um lar.

“A gente não recebe nenhuma ajuda do poder público, a não ser a castração”, conta Liliane, uma das voluntárias da Frada. Ela explica que o Centro de Bem-Estar Animal só acolhe quando o animal está morrendo. No fim, o trabalho, contas e preocupação ficam com as ONGs.

Segundo Liliane, cachorros de grande porte são os mais difíceis de encontrar um lar fixo ou temporário, e muitas vezes não são resgatados. “Os que a gente resgata e tem onde ficar são os idosinhos”, explica. Isso porque são mais calmos e a ONG tem contato com voluntários que ajudam esses animais.

Quando o animal está em uma situação muito ruim, a Frada leva em alguma clínica, trata, e eles retornam para a rua. Liliane explica que conta com a colaboração dos moradores locais, que continuam cuidando dos cachorros de forma comunitária, já castrados e tratados.

Como ajudar a Frada

Quem quiser ajudar a Frada a pagar as dívidas, alimentação e remédio, existem diversas formas. Liliane explica que é possível ir direto nas clínicas, pagar um valor e informar que é para reduzir da conta da Frada, que já ultrapassou R$ 40 mil.

Quem quiser ajudar com remédio e ração pode fazer isso em pet shops e agropecuárias, basta avisar nas redes sociais da Frada depois para as voluntárias poderem ir buscar. O valor pode ser direcionado ou colocado em uma continha da ONG, assim pode ser gasto da forma mais proveitosa no momento em que se mostrar necessário.

Para aqueles que quiserem doar ração diretamente, Liliane faz uma ressalva. É melhor doar menos ração, mas de qualidade, do que uma grande quantidade e pobre em nutrientes. Ela conta que acontece de empresas doares toneladas de uma ração que faz os animais passarem mal e a ONG acaba gastando ainda mais no veterinário e com medicamentos.

Atualmente a Frada alimenta: 120 gatos resgatados, 50 gatos de colônia, 70 cães em lares temporários e 120 de acumuladores.

Outra forma é mandar dinheiro diretamente para a instituição, através da conta no banco ou PIX. Confira abaixo os endereços das clínicas que a Frada tem dívida e as informações bancárias da ONG.

Ajuda financeira direto para Frada:

Picpay: @frada.joinville
Apoia-se: https://apoia.se/fradajoinville
PIX CNPJ: 12.282.452/0001-92
PIX e-mail: [email protected]

Conta no banco:
Associação Frada
Sicoob
Banco Número 756
Agência 3039
Conta 314 440-2
CNPJ: 12.282.452/0001-92

Locais que a ONG tem dívidas:

Dividas nas clínicas:

Vita Vet: 11 mil
Endereço: Rua Otto Boehm, 847 – Atiradores.

Clinicão: 15 mil
Endereço: rua Papa João XXIII, 1198 – Iririú.

Vet Plus: 4 mil
Endereço: rua Anita Garibaldi, 924 – Anita Garibaldi.

Hotelzinhos:
2250,00 por mês (custa R$250 cada resgatado que ninguém quis adotar por ser idoso ou vira-lata adulto porte grande).


Assista agora mesmo!

Palácio Episcopal foi construído para primeiro bispo de Joinville, inspirado no estilo barroco:

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