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Vitor Forcellini: Surgiu a oportunidade do JEC comprovar que é neutro politicamente

A coluna desta semana causou muita polêmica entre os torcedores do Tricolor. Muitos concordaram com a visão de que a nota do clube desautorizando o movimento JEC Antifascista colocava o clube contra valores democráticos defendidos pelo grupo. Outro, porém, discordaram e acham que a nota é uma clara afirmação de o clube não vai se aliar ideologicamente e nem politicamente a ninguém. Opiniões diferentes fazem parte do processo democrático e o debate é sempre válido desde que feito com respeito.

Porém, neste sábado, 6, surgiu a grande oportunidade do JEC dar fim a todas as dúvidas. De mostrar que de fato não quer sua marca aliada a nenhuma manifestação política, muito menos partidária. Nas redes sociais da Loucos do Alambrado, uma das torcidas organizadas do Joinville, surgiu uma foto de alguns torcedores e conselheiros entregando materiais personalizados do clube ao deputado estadual Coronel Armando, do PSL.

Nas camisas, estavam os nomes do deputado e do presidente Jair Bolsonaro, acompanhadas do número 38, que identifica o partido que o presidente pretende criar. Além disso, alguns dos presentes na foto fazem o gesto da arma, também identificado com o presidente e seus apoiadores.

Inicialmente a legenda da imagem trazia o seguinte texto: “O trabalho de resgate do JEC é um exercício diário. Loucos do Alambrado com único intuito, propagar a nível Brasil a camisa do nosso amado clube. Agradecemos pela receptividade do Deputado Federal mais bem avaliado do país @dep.coronel.armando. JEC acima de TUDO! DEUS acima de TODOS!”.

Posteriormente, a legenda no Instagram foi editada e ganhou mais algumas palavras: “Informamos que o Joinville Esporte Clube não tem nenhuma participação nessa postagem. Iniciativa particular do Loucos do Alambrado”.

É fato que a torcida é uma entidade independente. Seus posicionamentos, ações, apoios e atitudes dizem respeito somente a ela mesma. Se ela decidir apoiar candidato A ou B em um pleito eleitoral, o clube nada tem a ver com isso. Porém, o mesmo vale para o movimento JEC Antifa. Ambas são organizações independentes e representam somente a si mesmas e não o clube como um todo.

O problema é que a nota do JEC desautorizando os antifascistas a usarem sua marca em ações também tem que valer para todas as outras organizações. Senão não é um posicionamento isento. A Loucos do Alambrado também usa a marca do JEC em suas logos e símbolos.

Além disso, se o clube ficou tão incomodado ao ver seu escudo ligado a cartazes antifascistas, o que dizer de sua camisa exposta por torcedores com nome de candidatos e número de partidos. Sem falar no gesto da arma, algo tão incompatível com uma entidade esportiva que tem função social. O fato de conselheiros também aparecerem na foto gera ainda mais proximidade do clube com a ação.

Aliás, a nota emitida pela diretoria na última semana parece não ter sido lida por todos os diretores, já que alguns inclusive curtiram a postagem feita pela torcida neste domingo. Imagino que se o clube se coloca como isento institucionalmente, os diretores devem tomar o cuidado de não endossar manifestações políticas quando associadas a símbolos tricolores.

A realidade é que um clube com uma torcida tão numerosa quanto o Joinville, não pode mesmo tomar um posicionamento politico e nem ideológico. Na torcida tricolor há todo o tipo de pensamentos e visões de mundo. De maneira alguma o clube conseguiria representar todas elas em um posicionamento.

Por isso eu creio que a diretoria errou ao emitir a nota contra o JEC Antifa. Agora, sempre que o símbolo do JEC for associado a alguma questão política, ela será cobrada a se posicionar. Por um lado ou pelo outro. Além disso, divide a torcida e coloca o clube no meio de uma polarização da qual ele não precisaria se envolver. O silêncio em relação a foto publicada pela torcida, vai dar a entender que o clube não é tão neutro assim. Aguardemos os próximos capítulos.