ARTIGO DE OPINIÃO – Eleições 24 horas

ARTIGO DE OPINIÃO – Eleições 24 horas

Redação O Município Joinville

Artigo escrito por Thiago Facchini Visconti
Estudante de Jornalismo

Quando uma eleição acaba, outra começa. Políticos, potenciais políticos, lobistas e outros sempre estão interessados no poder. Alguns, em se manter nos mesmos cargos. Outros, almejam alçar voos mais altos. As eleições, que acontecem de dois em dois anos, passam a ocorrer 24 horas por dia, sete dias por semana.

Os políticos que já exercem cargos eletivos dividem o compromisso entre o trabalho diário no Legislativo ou Executivo e as articulações eleitorais que acontecem frequentemente.

A eleição de 2022 sequer terminou direito. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), ainda montam suas equipes de governo. O que se escuta muito nos bastidores são as articulações políticas pensando já nas eleições de 2024.

O diretório de um partido em uma cidade catarinense, por exemplo, fez uma reunião em que anunciou que a sigla terá candidato a prefeito em 2024. Além disso, colocaram que um dos cotados para concorrer ao cargo é um deputado estadual. “Teremos metade daquela Câmara de Vereadores”, disse o deputado no encontro.

Não entendo a necessidade de trazer essa discussão faltando mais de um ano para as eleições. A conversa deveria iniciar a partir de 1º de janeiro de 2024, ano da eleição municipal. Vejo que discussões tão precoces como essas de nada adiantam e só atrapalham as atuações do Legislativo e do Executivo.

De que adianta formar grupos com tanta antecedência se há risco de rompimento futuro? Já vi três grupos de vereadores se unindo em busca da prefeitura e, no fim, todos romperam, lançaram candidatos próprios e ficaram nas três últimas posições. Um fracasso.

Como dizia uma frase atribuída ao ex-governador e ex-prefeito de Balneário Camboriú, Leonel Pavan, e a outros políticos notórios: “na política, boi voa”. Traições acontecem aos 45 minutos do segundo tempo. Mostrar o trabalho que é realizado é diferente de montar grupos em busca do poder ou anunciar pré-candidaturas, diretamente ou indiretamente, faltando um ano para a eleição.

Até na hora de mostrar serviço há exageros. Vereadores de oposição ao prefeito de determinada cidade começam a aparecer em vídeos com frases genéricas e sensacionalistas acusando a prefeitura. Neste caso, o parlamentar está apenas fazendo o trabalho como vereador em fiscalizar ou tem interesse em ser “promovido” a prefeito na próxima eleição?

É possível notar alguns casos de falta de respeito com a população que elegeu determinado político. Em outra cidade catarinense há um exemplo recente. O então prefeito da cidade, reeleito em 2020, decidiu concorrer a deputado estadual nas eleições de 2022 e, para isso, teria que renunciar ao cargo, conforme prevê a legislação.

O que acontece é que o vice-prefeito, que assumiria o cargo de prefeito, também informou que iria renunciar. Sendo assim, uma nova eleição aconteceria. Ambos renunciaram em 2022, com pouco mais de um ano após o início do segundo mandato para o qual a chapa foi reeleita em 2020. Por que o prefeito não deixou de lado a tentativa de concorrer a deputado estadual quando soube que o vice também renunciaria?

Uma possível solução para esse “vício eleitoreiro” seria uma grande reforma política. Defendo que a reeleição deixe de existir para cargos do Executivo e seja limitada para cargos do Legislativo, sendo possível somente o parlamentar se reeleger apenas para mais um mandato e, depois, obrigado a procurar outro cargo para concorrer.

Acredito também que as eleições unificadas para os cargos de vereador, prefeito, deputado estadual, governador, deputado federal, senador e presidente seria uma boa opção. Cogitou-se algo parecido na pandemia, quando a realização das eleições de 2020 ainda era dúvida.

Se colocadas em prática com uma grande reforma política, ambas as medidas tornariam os cargos eletivos mais eficientes e garantiriam maior rotatividade nas Câmaras, Assembleias, prefeituras e governos. Ah, e no Senado: pelo fim dos oito anos de mandato. O modelo de mandato no Senado precisa ser igual ao da Câmara, com renovação a cada quatro anos.

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