Como identificar a depressão na gravidez? Qual a diferença entre baby blues e depressão pós-parto? A depressão pode ser desencadeada por diversos fatores: emocionais, situacionais, mudanças hormonais. A gravidez é um momento de muitas mudanças no corpo da mulher, principalmente mudanças hormonais. Essas mudanças hormonais, em muitos momentos, podem provocar uma porção de mudanças emocionais também.

É comum que a gestante se sinta mais emotiva devido a essas alterações hormonais. No entanto, em alguns momentos, pode-se perceber um início do quadro de depressão neste período. Neste sentido, é importante estar atento aos sinais e sintomas da depressão, bem como identificar como começa a depressão.

Há também o aspecto inverso: a mulher que já tem um quadro de depressão pode ficar grávida e, neste caso, a depressão certamente não dá uma pausa de nove meses. Portanto é mais do que essencial que esta gestante continue o acompanhamento psiquiátrico, além de informar ao ginecologista/obstetra que tem um quadro de depressão para que ambos possam orientar a gestante da melhor forma, pensando no bem-estar tanto da futura mamãe quanto do bebê.

Com todas as mudanças provocadas pela gestação, não é de se esperar que o nascimento do bebê não traga também muitas mudanças para a mulher. Assim como acontece um aumento significativo de hormônios na gestação, no pós-parto há uma queda significativa de hormônios, o que traz, mais uma vez, muitas mudanças, principalmente emocionais.

A depressão também provoca uma série de alterações emocionais. Mas é importante diferenciar o que é uma depressão e o que é uma alteração emocional natural do pós-parto, conhecida como baby blues.

O que é baby blues?

O baby blues é uma condição que acontece no pós-parto, na qual, devido a toda essa nova onda de mudanças biológicas que acontecem na mulher após o parto, há uma mobilização emocional mais perceptível. É comum um choro fácil, falta de motivação, irritabilidade, cansaço, tristeza, insegurança e mudanças de humor.

Baby blues não é uma depressão pós-parto. Seus sintomas são mais amenos e a duração tende a ser cerca de 2-3 semanas. Ainda assim, todas essas predisposições advindas da queda hormonal aliadas à privação de sono e aos medos e receios que vêm junto com a nova função de ser mãe e cuidar de um recém-nascido podem ser muito desgastantes e difíceis.

Por isso, caso você conheça uma puérpera, é importante compreender essa situação, inclusive para que se evite a evolução para uma depressão, afinal, a depressão é coisa séria.

E se você está aqui tentando entender melhor a depressão, esse já é um grande passo, parabéns. Aproveito para deixar aqui também três dicas valiosas e simples para que você possa ajudar de verdade uma amiga que esteja passando por um quadro de depressão ou mesmo de baby blues.

Três dicas de como ajudar: 

1. Acolha

A primeira coisa que você pode fazer para ajudar alguém com depressão é acolhê-la, isso significa tentar ao máximo não julgá-la. Afinal, o que ela sente não é besteira e nem fingimento e às vezes pode ser difícil mesmo para você compreender, mas ainda sem entender muito bem, acolha sua amiga ou companheira, esteja ao lado dela, isso faz muita diferença.

2. Não tente se colocar no lugar

Parece contraditório, mas muitas vezes ao tentar se colocar no lugar da sua amiga ou companheira, você pode tentar encontrar soluções que para ela não fazem sentido. Lembre-se: cada pessoa é única, cada dor é incomparável. Só ela sabe a dor que está sentindo. Quando você faz alguma comparação como “eu já passei por isso” ou “já passei por coisa pior e não fiquei assim”, ao invés de ajudar, você só estará piorando a situação e fazendo se sentir ainda pior e menos capaz. Lembre-se que a depressão é uma doença. É diferente de ficar triste por um motivo corriqueiro da vida.

3. Indique ajuda profissional

A depressão pode ser mesmo difícil de compreender e, às vezes, a pessoa em depressão nem consegue descrever o que se passa com ela. É muito importante que você acolha e seja compreensivo, mas saiba que algumas coisas e situações talvez sua amiga ou companheira não consigam compartilhar contigo e precisem de uma ajuda profissional. Indique que ela busque terapia para ajudá-la a compreender melhor a sua depressão e a encontrar junto ao profissional formas possíveis de melhorar.

Lembre-se de ser um ombro amigo, mas se possível, oriente a busca de terapia.

Psicóloga Ana Carolina Schmidt.

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