Campanha contra poliomielite inicia com baixa adesão em Joinville e Saúde aponta negacionismo como fator

Até o momento, apenas quatro mil crianças foram vacinadas contra a doença

Campanha contra poliomielite inicia com baixa adesão em Joinville e Saúde aponta negacionismo como fator

Até o momento, apenas quatro mil crianças foram vacinadas contra a doença

Yasmim Eble

“O negacionismo contra vacinas somado a baixa percepção de risco da poliomielite podem ser fatores de risco para a cidade”, alerta o secretário de Saúde, Andrei Kolaceke, em conversa com o jornal O Município Joinville sobre a cobertura vacinal em Joinville. Até o momento, apenas 4 mil crianças do público-alvo, entre 1 a 5 anos, foram vacinadas contra a doença. 

O número é baixo quando comparado com a meta de vacinação da cidade. A intenção é vacinar 32 mil crianças até o final da campanha, em setembro. “Mesmo com todos os esforços, estamos bem distantes da meta”, comenta o secretário. O município tem a taxa de cobertura vacinal relativamente alta, comparado a outras regiões, com uma média de 80% a cada mês para cada população destinada à vacinação. 

No entanto, é um número distante dos 95% recomendados pelo Ministério da Saúde. As principais hipóteses para a baixa adesão são o negacionismo e a baixa percepção de risco das pessoas pela doença. “Não temos incidência de casos de poliomielite desde 1994 no Brasil. Essa situação traz uma falsa segurança de que a doença não existe mais, sendo o contrário”, explica o secretário. 

A falta de vacinação, segundo ele, é a condição perfeita para a proliferação de casos. “É possível perceber que não é nem tanto a desinformação e sim a população acreditar que a poliomielite não é um risco real”, ressalta. O secretário reforça que apenas a vacina consegue parar doenças infectocontagiosas e gerar uma imunidade coletiva. 

Para Andrei, o Brasil tem uma cultura de vacinação muito forte e que é referência no cenário mundial. Segundo o secretário, os movimentos antivacina no país eram pequenos se comparados a outros países como o Estados Unidos. “Com a Covid-19, tivemos um aumento no negacionismo em relação a vacinas. No entanto, sempre reforçamos que trabalhamos com vacinas com segurança comprovada”, pontua.

Mesmo com a cobertura considerada alta em Joinville, o crescimento do negacionismo e de outros fatores podem ser um problema para a cidade e irão impactar a cobertura nacional para doenças. 

Ações realizadas

A Secretaria de Saúde de Joinville trabalha com duas frentes para superar as dificuldades encontradas na campanha nacional de vacinação contra a poliomielite: facilitar e estimular. 

As ações facilitadoras são colocadas em prática ao promover acesso a vacinação com unidades móveis e horários estendidos de atendimento. Com estratégias atrativas e facilitadores para os responsáveis familiares do público-alvo. 

Outra frente é estimular e convencer a pessoa a se vacinar. Segundo o secretário de Saúde, a campanha é amplamente divulgada em todas as redes sociais da Prefeitura de Joinville, em espaços públicos e em escolas de Joinville. “Essa educação em saúde é fundamental, só que são ações que vão ter resultados a longo prazo, por isso fazemos também ações imediatas”, explica Andrei.

Pontos de vacinação

Entre segunda e sexta-feira, as UBSFs em Joinville estarão atendendo para vacinação, com horários específicos para cada unidade. Outro local disponível é a Sala de Vacinas Central, na rua Abdon Batista, 172 – Centro, que funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h.

Cobertura da Covid-19

A cobertura vacinal contra a Covid-19 para crianças também está baixa. Para o secretário de Saúde, a dificuldade em avançar não está na falta de vacina ou na falta de pontos de atendimento, e sim na procura. 

“A situação é a mesma da poliomielite. Quando tínhamos UTIs lotadas em decorrência da doença, tínhamos uma alta procura. Agora com a diminuição de casos graves, as pessoas não procuram a vacina”, explica Andrei. A cobertura da primeira e segunda dose é alta, com quase 90%. No entanto, o cenário muda para as doses de reforço. 

A faixa etária com mais adesão é a de idosos, com 80% de pessoas vacinadas. “A Covid-19 é um vírus mutável, teremos novas atualizações e precisamos manter uma boa cobertura em Joinville”, finaliza o secretário.

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