Conselho Municipal da Mulher repudia falas de vereador de Joinville na Câmara; entenda o caso
Assunto da sessão era sobre a campanha Maio Furta-Cor, que visa sensibilizar população sobre saúde mental materna
Assunto da sessão era sobre a campanha Maio Furta-Cor, que visa sensibilizar população sobre saúde mental materna
O Conselho Municipal de Direito das Mulheres de Joinville (CMDM) divulgou uma nota de repúdio às falas do vereador Wilian Tonezi (Patriotas) na sessão ordinária de quarta-feira, 17. No momento da tribuna livre, Gerrana Portugual, consulta de amamentação e mãe atípica, apresentou dados alarmantes sobre saúde mental materna no Brasil.
Durante o discurso, Gerrana pontuou a situação das mães solo, do pós-parto e do cenário provocado pela pandemia. A consultora discorreu sobre os impactos econômicos, das diferenças salariais s e duplas jornadas de trabalho que mães, principalmente as periféricas e pretas, passam no país.
Ao fim do discurso com caráter de alerta, Gerrana pediu aos vereadores que se dediquem a pensar em soluções e políticas públicas que defendam a saúde das mães e das crianças. Ela vestia uma camiseta referente a campanha Maio Furta-Cor, que busca sensibilizar a população sobre saúde mental materna.
Ao fim da tribuna livre, começou o momento da sessão em que cada vereador pode falar durante alguns minutos. Na vez do vereador Wilian Tonezi (Patriota), ele abordou a campanha Maio Furta-Cor e a fala de Gerrana.
Na opinião do vereador, o feminismo seria o culpado pelos dados alarmantes trazidos por Gerrana e cita o livro da deputada estadual Ana Campagnolo (PL) sobre feminismo. Conhecida contrária às pautas do movimento, a deputada acredita e defende que o feminismo seria o verdadeiro vitimador dessas mulheres.
A nota do Conselho Municipal de Direito das Mulheres explica a campanha Maio Furta-Cor e repudia a fala do vereador. “Utilizou do seu tempo de fala para desqualificar de alguma forma a mensagem da campanha Maio Furta-cor que traz a conscientização sobre a saúde mental materna relacionando- a como feminista”, diz o texto.
O conselho repete alguns dados apresentados por Gerrana na tribuna livre como a morte de 830 mulheres diariamente no mundo em função de complicações quanto ao parto, o suicídio de 3,7 mulheres a cada 100 mil pessoas no momento pós-parto; a sobrecarga de 11 milhões de mães solo no Brasil únicas responsáveis pela criação de seus filhos; o dobro de mulheres em comparação com os homens diagnosticadas com depressão.
Em relação à citação do vereador ao livro da deputada Ana Campagnolo, o conselho reitera que a deputada não tem trabalho acadêmico publicado reconhecido na área de saúde mental materna. “Não cabe a um vereador tentar desmoralizar um (a) cidadão (ã), um movimento ou um partido com base nas suas convicções pessoais, muitas vezes, preconceituosas e infundada”, diz a nota.
“Reforçamos que o objetivo da Campanha Maio Furta-cor é de alertar a população para que as pessoas entendam como a saúde mental da mulher precisa de cuidados e atenção”, diz a nota. “O CMDM tem a dizer que a campanha Maio Furta- Cor não é oriunda de um movimento dito feminista, e é uma lástima saber que o vereador assim a associou. Reforçamos que, de qualquer forma, não vemos nenhum problema em ser tachados de feminista, mas entendemos que pela vossa fala, vimos um menosprezo quanto a esse conceito, o que não deve integrar a postura de um representante do povo”, conclui a nota.
O vereador Wilian Tonezi fez seu posicionamento oficial durante a sessão ordinária desta quarta-feira, 24.
“Essas pessoas que votaram favoráveis dentro do conselho têm um problema cognitivo grave”, disse o vereador. “Eu disse que as mazelas às quais ela [Gerrana] dedica o seu trabalho foram feitas pelo feminismo”, completou.
Durante sua fala, o vereador ainda retirou de uma caixa um rolo de papel higiênico, ao qual ele se referiu como “moldura” da nota de repúdio.
Ele leu a nota e alegou não ter desqualificado a campanha Maio Furta-Cor. Porém, Tonezi confirmou que critica o feminismo e ainda afirmou que o movimento faz “vítimas” no Brasil e no mundo.
Palácio Episcopal foi construído para primeiro bispo de Joinville, inspirado no estilo barroco: