Diagnóstico precoce evita complicações e casos severos de doenças inflamatórias intestinais

Doença de Crohn e retocolite ulcerativa são as DIIs mais conhecidas

Diagnóstico precoce evita complicações e casos severos de doenças inflamatórias intestinais

Doença de Crohn e retocolite ulcerativa são as DIIs mais conhecidas

Fernanda Silva

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A maioria das pessoas associa casos de diarreias com viroses ou algum mal-estar passageiro. Porém, este é um dos primeiros sintomas que aparecem em casos de doenças inflamatórias intestinais (DII). Estar atento aos sinais pode garantir um diagnóstico precoce e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida.

As DIIs são crônicas, ou seja, sem cura, mas tratáveis. As mais conhecidas são chamadas de doença de Crohn e retocolite ulcerativa. O tratamento indicado muda de acordo com o grau de intensidade da inflamação, variando de medicações a intervenções cirúrgicas e bolsa de colostomia.

Quanto mais cedo o diagnóstico, menor a probabilidade da doença se agravar. Por conta da sua contribuição ao tratamento, a conscientização sobre diagnóstico precoce das DIIs é uma das principais campanhas realizadas na área da saúde durante o mês de maio.

“É de grande importância o diagnóstico precoce. Quando vocês sabe antecipadamente e trata, a recuperação é melhor e evita complicações”, explica Paulo Mafra, médico gastroenterologista que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena.

Paulo Mafra é gastroenterologista e integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena | Foto: Divulgação

Para identificar a inflamação, é preciso se atentar aos sinais. Diarreia acompanhada de mucos e sangue, febre, dor abdominal semelhante à cólica, cansaço e falta de apetite também podem apontar a doença.

A intensidade dos sintomas vão depender do grau da inflamação, explica Mafra. O especialista aconselha que os pacientes procurem a ajuda médica logo nos primeiros sinais. A partir daí, vários testes podem identificar as DIIs.

O principal exame de diagnóstico é a colonoscopia. Isso porque nela é possível identificar o grau e extensão da inflamação, além de permitir a coleta de material para biópsia.

Porém, há outros testes que auxiliam no diagnóstico das inflamações. Entre eles ressonâncias magnéticas, tomografias e laboratoriais, como de fezes, com a calprotectina fecal, e de sangue, pela proteína c-reativa e velocidade de hemossedimentação (VHS).

É neste estágio que também pode ser definida a doença pela qual o paciente é acometido. “No caso da retocolite ulcerativa, apenas o intestino grosso e reto são atingidos. No caso da doença de Crohn, pode haver inflamação desde da região da boca até o anus, passando pelo esôfago, estômago, intestino grosso, intestino delgado e o reto”, explica o especialista.

Ambas são tratadas de acordo com a intensidade. Divididas em três graus inflamatórios, o mais leve precisa de medicações para ser controlado. Já nos casos moderados e intensos, são usados corticoides e outros remédios mais fortes. Por último, intervenções cirúrgicas e bolsa de colostomia, mas apenas em casos mais graves. Estes, são minorias, aponta Mafra.

Durante o tratamento, mudanças na alimentação também podem ser necessárias. Quanto maior a inflamação do paciente, maior é a restrição necessária. Normalmente, é preciso cortar alimentos gordurosos e industrializados. Conforme a inflamação reduz, a alimentação se torna mais flexível.

Mitos sobre as DIIs

Mafra conta que muitas pessoas associam as inflamações intestinais aos problemas psicológicos. E de fato, há doenças gastrointestinais que são causadas pelo sistema nervoso, como a gastrite nervosa, por exemplo. Porém, este não é o caso das DIIs. “O sistema nervoso tende a piorar os sintomas, mas não os causa”, explica.

Segundo o especialista, vários fatores podem estar relacionados às patologias. Entre eles, a genética e alimentação. O consumo exagerado de gordura e industrializados contribuem para o aparecimento das inflamações.

Além disso o sistema imunológico também influencia para que o paciente seja acometido pelas DIIs. “Precisa ficar de olho na diarreia, mas, também há casos de sintomas nas articulações e no fígado, porque mexe no sistema imunológico e atinge outras partes do corpo”. Porém, estes casos acontecem em um terço dos pacientes, afirma Mafra.

Tratamento multidisciplinar

A maior parte dos diagnósticos de DIIs são de pessoas jovens, com idade entre 20 e 40 anos, afirma Mafra. Em seguida, a doença aparece com mais frequência em idosos com 55 a 75 anos.

“Há impactos (na saúde mental) de jovens adultos. É uma idade fértil, então atrapalha e mexe com os demais pontos da vida”, comenta.

Por isso, apesar de atingir o sistema digestivo, o tratamento das inflamações não é feito apenas com o médico gastroenterologista. O especialista afirma que um acompanhamento multidisciplinar, com nutricionista e psicólogo, por exemplo, também contribui para a qualidade de vida do paciente.

Segundo a psicóloga Gláucia Bonotto, do Hospital Dona Helena, as doenças crônicas vem acompanhadas de mudanças permanentes, perdas, limitações e adaptações, o que pode ameaçar o bem-estar do paciente.

“Elas vem de uma forma que muda sua vida e muitas vezes força a pessoa a refazer seus planos e essas limitações implicam muitas vezes na perda da autonomia e podem levar a quadros de ansiedade, estresse e depressão”, comenta Gláucia.

Gláucia Bonotto é psicóloga do corpo clínico do Hospital Dona Helena | Foto: Divulgação

Ao realizar o acompanhamento, o paciente aprende a lidar com a patologia, melhora a adaptação em relação às mudanças da vida, busca o equilíbrio emocional e diminui o sofrimento psíquico. Questões estas, que auxiliam no bem-estar não só para o paciente, mas para toda a família, afirma a psicóloga.

Por estes mesmos motivos, o médico gastroenterologista indica que o tratamento seja feito de forma multidisciplinar, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para o paciente e um recuperação mais rápida, já que os fatores de estresse e má alimentação estão ligados à intensidade das inflamações.

Cuidados contínuos

Além dos cuidados multidisciplinares, o médico destaca que o tratamento e acompanhamento do paciente precisam ser feitos de forma contínua. Como a doença de Crohn e retocolite ulcerativa não têm cura, elas precisam ser acompanhadas constantemente.

Inclusive, o gastroenterologista comenta que, a partir dos oito ou dez anos do primeiro diagnóstico, um novo tipo de acompanhamento precisa ser feito. Desta vez, para investigar se há caso de câncer. Isso porque a doença pode acometer pacientes com DIIs mesmo após anos.


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