Agência Brasil/Ministério da Saúde/Creative Commons
Diagnóstico precoce evita complicações e casos severos de doenças inflamatórias intestinais
Doença de Crohn e retocolite ulcerativa são as DIIs mais conhecidas
As DIIs são crônicas, ou seja, sem cura, mas tratáveis. As mais conhecidas são chamadas de doença de Crohn e retocolite ulcerativa. O tratamento indicado muda de acordo com o grau de intensidade da inflamação, variando de medicações a intervenções cirúrgicas e bolsa de colostomia.
Quanto mais cedo o diagnóstico, menor a probabilidade da doença se agravar. Por conta da sua contribuição ao tratamento, a conscientização sobre diagnóstico precoce das DIIs é uma das principais campanhas realizadas na área da saúde durante o mês de maio.
“É de grande importância o diagnóstico precoce. Quando vocês sabe antecipadamente e trata, a recuperação é melhor e evita complicações”, explica Paulo Mafra, médico gastroenterologista que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena.
Para identificar a inflamação, é preciso se atentar aos sinais. Diarreia acompanhada de mucos e sangue, febre, dor abdominal semelhante à cólica, cansaço e falta de apetite também podem apontar a doença.
A intensidade dos sintomas vão depender do grau da inflamação, explica Mafra. O especialista aconselha que os pacientes procurem a ajuda médica logo nos primeiros sinais. A partir daí, vários testes podem identificar as DIIs.
O principal exame de diagnóstico é a colonoscopia. Isso porque nela é possível identificar o grau e extensão da inflamação, além de permitir a coleta de material para biópsia.
Porém, há outros testes que auxiliam no diagnóstico das inflamações. Entre eles ressonâncias magnéticas, tomografias e laboratoriais, como de fezes, com a calprotectina fecal, e de sangue, pela proteína c-reativa e velocidade de hemossedimentação (VHS).
É neste estágio que também pode ser definida a doença pela qual o paciente é acometido. “No caso da retocolite ulcerativa, apenas o intestino grosso e reto são atingidos. No caso da doença de Crohn, pode haver inflamação desde da região da boca até o anus, passando pelo esôfago, estômago, intestino grosso, intestino delgado e o reto”, explica o especialista.
Ambas são tratadas de acordo com a intensidade. Divididas em três graus inflamatórios, o mais leve precisa de medicações para ser controlado. Já nos casos moderados e intensos, são usados corticoides e outros remédios mais fortes. Por último, intervenções cirúrgicas e bolsa de colostomia, mas apenas em casos mais graves. Estes, são minorias, aponta Mafra.
Durante o tratamento, mudanças na alimentação também podem ser necessárias. Quanto maior a inflamação do paciente, maior é a restrição necessária. Normalmente, é preciso cortar alimentos gordurosos e industrializados. Conforme a inflamação reduz, a alimentação se torna mais flexível.
Mitos sobre as DIIs
Mafra conta que muitas pessoas associam as inflamações intestinais aos problemas psicológicos. E de fato, há doenças gastrointestinais que são causadas pelo sistema nervoso, como a gastrite nervosa, por exemplo. Porém, este não é o caso das DIIs. “O sistema nervoso tende a piorar os sintomas, mas não os causa”, explica.
Segundo o especialista, vários fatores podem estar relacionados às patologias. Entre eles, a genética e alimentação. O consumo exagerado de gordura e industrializados contribuem para o aparecimento das inflamações.
Além disso o sistema imunológico também influencia para que o paciente seja acometido pelas DIIs. “Precisa ficar de olho na diarreia, mas, também há casos de sintomas nas articulações e no fígado, porque mexe no sistema imunológico e atinge outras partes do corpo”. Porém, estes casos acontecem em um terço dos pacientes, afirma Mafra.
Tratamento multidisciplinar
A maior parte dos diagnósticos de DIIs são de pessoas jovens, com idade entre 20 e 40 anos, afirma Mafra. Em seguida, a doença aparece com mais frequência em idosos com 55 a 75 anos.
“Há impactos (na saúde mental) de jovens adultos. É uma idade fértil, então atrapalha e mexe com os demais pontos da vida”, comenta.
Por isso, apesar de atingir o sistema digestivo, o tratamento das inflamações não é feito apenas com o médico gastroenterologista. O especialista afirma que um acompanhamento multidisciplinar, com nutricionista e psicólogo, por exemplo, também contribui para a qualidade de vida do paciente.
Segundo a psicóloga Gláucia Bonotto, do Hospital Dona Helena, as doenças crônicas vem acompanhadas de mudanças permanentes, perdas, limitações e adaptações, o que pode ameaçar o bem-estar do paciente.
“Elas vem de uma forma que muda sua vida e muitas vezes força a pessoa a refazer seus planos e essas limitações implicam muitas vezes na perda da autonomia e podem levar a quadros de ansiedade, estresse e depressão”, comenta Gláucia.
Ao realizar o acompanhamento, o paciente aprende a lidar com a patologia, melhora a adaptação em relação às mudanças da vida, busca o equilíbrio emocional e diminui o sofrimento psíquico. Questões estas, que auxiliam no bem-estar não só para o paciente, mas para toda a família, afirma a psicóloga.
Por estes mesmos motivos, o médico gastroenterologista indica que o tratamento seja feito de forma multidisciplinar, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para o paciente e um recuperação mais rápida, já que os fatores de estresse e má alimentação estão ligados à intensidade das inflamações.
Cuidados contínuos
Além dos cuidados multidisciplinares, o médico destaca que o tratamento e acompanhamento do paciente precisam ser feitos de forma contínua. Como a doença de Crohn e retocolite ulcerativa não têm cura, elas precisam ser acompanhadas constantemente.
Inclusive, o gastroenterologista comenta que, a partir dos oito ou dez anos do primeiro diagnóstico, um novo tipo de acompanhamento precisa ser feito. Desta vez, para investigar se há caso de câncer. Isso porque a doença pode acometer pacientes com DIIs mesmo após anos.
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