Diretoria, conselheiros e torcedores debatem sobre pedido de recuperação judicial do JEC

Reunião aconteceu na noite desta quinta-feira

Diretoria, conselheiros e torcedores debatem sobre pedido de recuperação judicial do JEC

Reunião aconteceu na noite desta quinta-feira

Lucas Koehler

Nesta quinta-feira, 2, foi realizada a reunião aberta, convocada pelo conselho deliberativo do Joinville, para discutir sobre a recuperação judicial (RJ) do clube. Com objetivo de debater o tema, o evento contou com a presença de membros da diretoria executiva, conselheiros, torcedores e ex-jogadores do JEC. O encontro aconteceu na Associação Empresarial de Joinville (Acij).

Primeiro a se manifestar, o presidente do conselho deliberativo, Darthanhan Oliveira, ressaltou que o clube precisa priorizar a transparência e que o Joinville é um clube associativo, por isso, pensa que a discussão da RJ deveria ter passado por todos os poderes. “Temos um estatuto. Um clube sem dono precisa ter ordem” diz. Para ele, por não respeitar as hierarquias, o Joinville se tornou uma “bagunça”.

Darthanhan cita que, com base no estatuto, compete ao conselho deliberativo autorizar a diretoria aprovar contratos envolvendo bens do clube, assim como qualquer mudança de curso deve ser apresentado ao grupo.

O presidente deliberativo analisa que o JEC ignora os outros poderes há várias gestões. “Se o conselho, antes, fosse ativo, teria evitado dívidas de diretorias passadas”, comenta. Ele lembra o fato do Joinville ter criado um grupo para estudar questões da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no clube, mas criticou que o mesmo não aconteceu no processo da RJ.

“Tem algo muito errado. Diretoria que não tem interesse em se reeleger, em fim de mandato e decide, sozinha, pedir uma recuperação judicial”, expôs.

Charles Fischer diz que decisão é pensada na SAF

A segunda pessoa a falar foi o presidente do JEC, Charles Fischer, que afirmou ter consultado diversas pessoas da área jurídica ao tomar a decisão de recuperação judicial. “Me falavam: ‘primeiro a RJ, depois a SAF'”, argumenta.

Ele destaca que a diretoria buscou uma solução para o clube, pois, do modo atual, o clube iria “quebrar”, citando as contas e o dinheiro de patrocinadores bloqueados pela Justiça.

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Charles pediu desculpas por não ter levado o debate aos outros poderes, mas que era o modo necessário. “Não fizemos nada escondido. Consultei toda a diretoria antes. O estatuto foi consultado pelo nosso jurídico, ele foi respeitado”, sinaliza.

O presidente do Joinville desabafou. “É o meu CPF que está ali. É o meu nome que está na ‘merda’ em toda a cidade. Eu assumo a responsabilidade pelos resultados do time. Mas eu não vou deixar o clube falir. Temos um plano para limpar o nome do JEC”, destaca.

Diálogo entre poderes

Charles Fischer afirma que o processo de decisão voltado ao pedido de recuperação judicial teve a participação de dez pessoas, incluindo Luis Carlos Guedes e Roberto Pugliese, vice-presidente do conselho deliberativo.

Ele também ressalta que, em abril, durante uma feijoada, evento social do Joinville, informou Darthanhan sobre o processo jurídico do JEC. “Diz que se surpreendeu, tenta jogar para a torcida, mas já sabia”, crava.

Evento contou com a presença de torcedores do Joinville | Foto: Lucas Koehler/O Município Joinville

Darthanhan, por sua vez, disse que soube da RJ por conselheiros da Chapecoense e pela imprensa. Ele ainda criticou a forma em que foi comunicado pelo presidente. “Avisar não durante uma feijoada, mas em um evento oficial. Chame uma assembleia. Eu ainda tinha um fio de esperança que não fariam”, argumenta.

“Não tem outro jeito de fazer”, diz advogado

Felipe Lollato, do escritório Lollato Lopes Rangel Ribeiro Advogados, que faz a defesa do JEC no pedido de recuperação judicial, explica ter experiência no tema após ter participado do processo realizado pela Chapecoense e Coritiba. Ele destaca que em ambos os clubes a direção não avisou os conselhos com antecedência. “O segredo de justiça caiu só depois de formalizado”. E complementa dizendo que “não tem outro jeito de fazer”.

Isso porque, de acordo com Felipe, a RJ é um processo que deve ser feito em segredo para não ser alvo de ataques. “Aqui, temos 300 credores, um batalhão de advogados que tentam trucidar o clube”, compartilha.

Ele argumenta que a SAF, isolada, não é um caminho adequado na situação atual do clube. “Ela não salva ninguém por si só. Ninguém quer herdar os R$ 40 milhões de dívidas do Joinville”, ressalta. A recuperação judicial, conforme o advogado diz, vai diminuir a dívida e gerar melhores condições de serem pagas, sendo possível parcelar em diversas vezes.

Felipe ainda fala que o processo foi feito de maneira correta. “Não deveria ter sido divulgado. Gostaríamos de fazer de outra forma, mas a que foi feita é a única possível”, destaca.

Por fim, ele assumiu o fato da decisão não ter sido dialogada com os outros poderes. “Nosso escritório que recomendou não divulgar. Se alguém errou, fomos nós, não o presidente Charles Fischer”, finaliza.


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