Dois empresários de Joinville depõem na CPI dos respiradores
Gustavo Steglich, da Oltramed, e Rafael Wekerlin, da Brazilian Trading, foram ouvidos pelos deputados
Gustavo Steglich, da Oltramed, e Rafael Wekerlin, da Brazilian Trading, foram ouvidos pelos deputados
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões ouviu nesta quinta-feira, 18, mais três pessoas: o médico pneumologista Marcio Martins, o representante da empresa Oltramed, Gustavo Steglich, e o representante da empresa Brazilian Trading, Rafael Wekerlin. Os dois últimos de Joinville.
A Brazilian Trading, de Rafael Wekerlin, faria a importação dos respiradores antes da Veigamed entrar no jogo. Segundo a força-tarefa, Wekerlin saiu do negócio após o pedido de pagamento de “comissão” de R$ 3 milhões. Nas mensagens de Whatsapp, ele diz “3 milhões para quem? furada na minha opinião”.
Rafael reforçou ainda aos deputados que a Veigamed copiou sua proposta de entrega dos equipamentos. A empresa carioca utilizou o mesmo modelo, e inclusive esqueceu de retirar o nome dele em algumas partes do documento. Ele negou que conhecesse Fábio Guasti ou Pedro Nascimento Araújo, que representaram a Veigamed junto ao Estado.
A proposta da Brazilian Trading foi substituída pela da Veigamed como fornecedora dos respirados em contato de Guasti com a então superintendente de Gestão Administrativa, Marcia Regina Geremias Pauli, no dia 27 de março.
Especialista em importação, Wekerlin disse ainda que “esse tipo de compra deve ser feito diretamente com os fornecedores, não passar por intermediários. O procedimento já estava errado”. Ele acrescenta que, mesmo com o período crítico de compras, o governo deveria ter enviado uma comitiva à China para verificar os respiradores e poderia trazê-los via voo fretado em até dez dias.
Gustavo Bissacotti Steglich, representante da empresa Oltramed, afirma que a empresa não teve participação na compra dos respiradores, mas é apontada pela força-tarefa como sendo usada pela Veigamed em um suposto esquema para lavagem do dinheiro.
Após o pagamento do Estado, a Veigamed pulverizou o dinheiro em 56 transferências. Parte desses depósitos foi destinada à Oltramed, que atingiu cerca de R$ 11,1 milhões. A intenção da Veigamed, segundo a força-tarefa, era comprar 100 mil testes para Covid da Oltramed e revender para outros estados e municípios, a fim de tornar o dinheiro limpo.
Só que a transação com a Oltramed, que não possui irregularidades, foi identificada pela polícia antes de acontecer e o dinheiro – e a carga – foram apreendidos.
“Nosso contato se restringe a um único negócio que foi feito com a Veigamed na tentativa de compra de testes de Covid […] A venda seria concluída, mas deu tempo de fazer o caminhão voltar”, disse Steglich. “Na hora errada, lugar errado”, acrescentou.
O valor depositado pela Veigamed à Oltramed compõe a maior parte do montante bloqueado pela Justiça para garantir o ressarcimento aos cofres do Estado. Segundo Steglich, o bloqueio nas suas contas fez com que ele ficasse duas semanas sem poder fazer negócio, até que a Justiça bloqueasse apenas os R$ 11,1 milhões.
O dinheiro já foi depositado numa conta em juízo, mas a empresa já havia pagado R$ 3 milhões em impostos e agora busca uma forma de receber o recurso de volta. O valor foi transferido ao Estado do Rio de Janeiro, destino da mercadoria.