Investigação de homicídio de adolescente em Santa Catarina tem auxílio de WhatsApp, Uber e Google
Crime foi transmitido em chamada de vídeo
Crime foi transmitido em chamada de vídeo
Nesta semana a Divisão de Investigação Criminal da Fronteira (DIC), da Polícia Civil de Chapecó, chegou ao fim da investigação do homicídio de Gustavo Farias Chiesa, 16 anos. Para esclarecer o caso, a polícia contou com a ajuda de empresas internacionais, a Uber, Google e também da Meta, que é proprietária do WhatsApp.
De acordo com o delegado do caso, Vagner Papini, foi uma investigação complicada. “Esse, sem dúvida, foi um dos casos mais complexos já investigados pela unidade policial que coordeno”, afirma.
Gustavo desapareceu no dia 9 de junho de 2020 e seu corpo só foi encontrado cerca de 40 dias depois, no dia 23 de julho no interior de Chapecó. Devido ao estado avançado de decomposição do corpo, a cabeça e um dos braços estavam separados do tronco.
Assim que o corpo foi encontrado, as investigações iniciaram. De acordo com as informações obtidas pela Polícia Civil, o crime envolveu ao menos quatro pessoas de uma facção criminosa que a vítima fazia parte. “O crime foi praticado ao menos por quatro indivíduos. Dois deles na condição de autores intelectuais, que planejaram toda empreitada criminosa, e ao menos dois deles na condição de executores desse crime”, revela.
Conforme apurado ao longo da investigação, Gustavo estava em um bar jogando sinuca quando saiu, a pedido de amigos, para o bairro Bom Pastor para adquirir drogas. Chegando no local, ele se encontrou com os executores do crime.
Entre as qualificadoras do homicídio está a traição, pois, de acordo com o delegado, os dois amigos são as pessoas que se configuraram como autores intelectuais. “Os dois amigos encaminharam Gustavo até o local de sua morte”, conta.
No local do crime foi realizado uma espécie de tribunal do crime, onde Gustavo foi condenado. Ele foi julgado e condenado por manter e nutrir amizade com pessoas integrantes de outra facção criminosa e foi taxado como “falso profeta”.
Além disso, outra tese levantada pela Polícia Civil é que a morte de Gustavo também foi uma “queima de arquivo”. Ele, junto de outras duas pessoas, era investigado pela participação de outro homicídio e ao ser intimado para depor, Gustavo fez uma publicação nos status do WhatsApp mostrando o documento.
Todo o julgamento e a execução foram transmitidos em tempo real através de uma chamada de vídeo no WhatsApp, fato que chamou a atenção da Polícia Civil. “Um fato que chamou a atenção é que todo o crime foi transmitido em tempo real aos autores intelectuais. Ou seja, eles estavam no bairro Santo Antônio, enquanto a execução ocorreu no bairro Bom Pastor”, explica.
O delegado Vagner destaca que o crime foi cruel, visto o número de pessoas envolvidas e os disparos feitos contra a vítima. Do corpo de Gustavo foram extraídos quatro projéteis de munição.
Após dois anos de investigação, com auxílio do WhatsApp, Google e Uber, a Polícia Civil conseguiu concluir o caso e encaminhar para a Justiça.
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