Número de assinantes de TV fechada em Joinville é o menor desde 2013
Mais de cinco mil joinvilenses cancelaram o serviço apenas entre setembro de 2018 e setembro de 2019
Mais de cinco mil joinvilenses cancelaram o serviço apenas entre setembro de 2018 e setembro de 2019
Os pacotes de TV por assinatura vêm perdendo espaço em Joinville. De acordo com a Anatel, entre setembro de 2018 e setembro de 2019 (último mês divulgado), o total de assinantes na cidade passou de 80.086 para 74.427, queda de 7%. Número mais baixo desde janeiro de 2013, quando as operadores tinham 74.163 clientes.
O município segue a tendência nacional, que apresenta queda há pelo menos cinco anos. Conforme dados da Anatel, o setor encerrou o ano abaixo de 16 milhões de assinaturas, um encolhimento de 17,8%. Especialistas apontam dois fatores que ajudam a entender esta baixa: comportamental e econômico.
Para Beatriz Cavenaghi, mestre em jornalismo e pesquisadora em televisão e audiovisual, a mudança de comportamento da população tem um papel importante nesta diminuição. Para ela, o brasileiro tem migrado para os serviços de streaming, como Youtube e Netflix, que oferecem serviços com a mesma capacidade. Segundo dados da consultoria Statista, o Brasil é o terceiro país que mais consome Netflix no mundo.
“Antes precisava das TVs a cabo para se ter acesso a produções de mais qualidade, agora as pessoas têm acesso a isso por outro meio, que custa mais barato e que está acessível de forma mais fácil”, explica a pesquisadora.
Há também o fator econômico. De acordo com Jani Floriano, professora de Economia com especialização em finanças pessoais, por conta da crise econômica do país, muitas pessoas perderam poder de compra e gastos considerados supérfluos acabam sendo descartados. Além disso, o que pesa também é a necessidade de contratação de pacotes combos, com canais, internet e telefone, sendo que as plataformas streaming oferecem serviços mais pontuais.
“Caso eu queira contratar apenas internet e telefone, por exemplo, o valor é praticamente o mesmo ou até mais caro”, considera.
Na avaliação da economista, outro fator que tem impactado é a falta de tempo para ser dedicado à TV. Para ela, com a rotina do dia a dia, as pessoas não têm parado em casa durante a semana e contratar um pacote por assinatura pode pesar no orçamento, ainda mais se for mais utilizado aos fins de semana.
Entre as vantagens dos serviços de streaming, estão os aplicativos que podem ser baixados no celular, possibilitando às pessoas acesso a seus programas preferidos em qualquer lugar.
“Se eu posso usar o tempo que estou no ônibus ou metrô para assistir no meu celular, por que vou pagar canais por assinatura para assistir em casa quando poderia estar fazendo outras coisas?”, questiona a pesquisadora Beatriz.
Outra questão fundamental que deve ser avaliada, até que antecede o fator comportamental, de acordo com a pesquisadora Beatriz Cavenaghi, é que a TV a cabo é um serviço de nicho, onde o usuário procura o canal de acordo com sua preferência. Já no serviço de streaming, o usuário tem a possibilidade de criar o próprio nicho.
“Mesmo tendo todo tipo de conteúdo, o streaming oferece a possibilidade de, através de algoritmos e mecanismos de buscas, do usuário criar o próprio nicho. Isso faz com que essas plataformas tomem espaço da TV a cabo”, explica a mestre em jornalismo.
Na avaliação da pesquisadora, os serviços de streaming estão se adequando cada vez mais, buscando mais conteúdos e melhorando sua qualidade, o que pode reduzir ainda mais o consumo de canais por assinatura.
“Acredito que esta é uma tendência que vai se acentuar, não só pela questão financeira, mas as plataformas de streaming estão se aprimorando. As assinaturas de TV a cabo tendem a cair ainda mais”, diz.