Passageiros relatam dificuldades após 36 horas na rodoviária de Joinville: “sentimento de abandono”

Local possui 26 ônibus parados por conta das manifestações que bloqueiam rodovias em todo o estado

Passageiros relatam dificuldades após 36 horas na rodoviária de Joinville: “sentimento de abandono”

Local possui 26 ônibus parados por conta das manifestações que bloqueiam rodovias em todo o estado

Bernardo Gonçalves

Por conta das manifestações que bloqueiam rodovias em todo o estado de Santa Catarina, nenhum ônibus chega ou sai da rodoviária de Joinville desde a noite do último domingo, 30, após o resultado do segundo turno das eleições. Devido a isso, diversos passageiros já estão no local por mais de 36 horas.

Uma dessas pessoas é Silvana Martins, de 49 anos, que chegou de Itapema às 23h de domingo, enquanto se deslocava para Londrina (PR). Segundo ela, na rodoviária não há nenhuma pessoa repassando informações sobre a situação das rodovias. “Estou me informando através do WhatsApp com familiares. É um sentimento de abandono”, lamenta.

Por causa da parada forçada em Joinville, Silvana perdeu uma audiência importante no município paranaense. Além disso, está em uma aventura, como mesmo descreveu, já que está com o neto de 8 anos. Porém, nada divertida. “Eu vou ficar num hotel para poder dar mais conforto para ele, porque não tem o que fazer”, conta chorando.

Com a decisão, deixará as passagens atuais e terá que compras novas posteriormente. Ao todo, ela terá que desembolsar R$ 482 reais a mais, além do valor da hospedagem.

Diferente de Silvana, outros passageiros ainda vão aguardar a liberação no local. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Nayane Maria, 30, também chegou na noite de domingo, mas da cidade de Itajaí e um pouco mais cedo – às 22h. Com as duas filhas, de 4 e 8 anos, dormiu no ônibus da empresa em que comprou as passagens. Porém, conforme ela, a companhia não tem dado todo o suporte que é necessário. “Eles nem apareceram aqui para ver se a gente tá vivo”, relata.

Querendo seguir para a cidade de Ponta Grossa (PR), também afirma que a situação é um descaso com os passageiros. “Sei que a empresa não tem culpa, mas pelo menos um suporte deveria ter”, critica.

Ônibus diversas empresas ainda seguem estacionados na rodoviária de Joinville. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Já Maria Prestes Clementino, 49, também chegou em Joinville após sair de Itajaí. Moradora de Navegantes, busca chegar em Apucarana, também no Paraná, para poder ver o pai que está internado há 17 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Eu só queria ver meu pai, mas estou presa aqui. Nem voltar para casa, que é apenas duas horas daqui, eu consigo. Estou muito triste com tudo isso.”

Improviso

Com objetivo de chegar em São Paulo (SP), Vinícius Alexandre, 27, precisou improvisar para poder trabalhar nesta terça-feira. Com outras cinco pessoas, comprou uma extensão para manter o computador e celular ligados.

Vinícius Alexandre trabalha de forma improvisada em uma das mesas na praça de alimentação da rodoviária. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Outros passageiros também buscaram uma forma de poder seguir trabalhando. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Também desde a noite de domingo na rodoviária, quando chegou de Jaraguá do Sul, Vinícius aguarda a liberação das rodovias para seguir viagem. “Está péssimo. Estou sem meu direito de ir e vir e ainda tendo que lidar com uma estrutura precária. Estamos tentando nos virar por aqui.”

Atualização

Segundo atualização da Secretaria de Infraestrutura Urbana de Joinville, na manhã desta terça-feira, a rodoviária possui passou de 31 para 26 ônibus parados. Dois veículos foram para a garagem e cinco conseguiram seguir viagem em linhas que não estavam bloqueadas. O órgão informou que a quantidade de passageiros no local diminuiu. Eram 1,2 mil na manhã desta segunda-feira, 31, mas algumas pessoas optaram por se hospedar em hotéis.

Além disso, disse que aos passageiros que permanecem na rodoviária, foi oferecida a opção de deslocamento até o restaurante popular para café da manhã, almoço e jantar, onde as alimentações são oferecidas com preço acessível. Outro serviço oferecido é o banho no Centro Pop, que fica ao lado.

“A prefeitura tem garantido também banheiro e segurança, por meio da Guarda Municipal e Agentes de Trânsito, além das lanchonetes que operam no local. A orientação para os passageiros que precisam viajar é entrar em contato com as empresas ou agências onde fizeram a compra das passagens para verificar a questão da remarcação e prazos”, finalizou.

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