TJ-SC ouve primeiras testemunhas sobre chacina no Ulysses Guimarães, em Joinville

De três pessoas ouvidas até o momento, duas são sobreviventes do crime de cárcere de privado

TJ-SC ouve primeiras testemunhas sobre chacina no Ulysses Guimarães, em Joinville

De três pessoas ouvidas até o momento, duas são sobreviventes do crime de cárcere de privado

Redação O Município Joinville

Nesta segunda-feira, 9, foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento do processo que trata de quatro homicídios e dois cárceres privados, no caso que ficou conhecido como a “Chacina do Ulysses Guimarães”, em Joinville. Os crimes aconteceram em janeiro deste ano.

A audiência transcorreu sem registro de intercorrências. Segundo o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), foram ouvidas nesta segunda-feira as duas sobreviventes de forma remota e mais uma testemunha presencial.

O TJ-SC também informou que uma nova data será marcada para prosseguimento das oitivas, além do interrogatório dos seis réus – quatro homens e duas mulheres – que foram denunciadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC). O processo tramita em segredo de Justiça.

Relembre o caso

De acordo com a denúncia do MP-SC, os seis denunciados e outros indivíduos ainda não identificados, todos supostamente integrantes de uma organização criminosa, teriam mantido seis vítimas, entre elas uma menina menor de 18 anos, em cárcere privado durante algumas horas no interior de uma ONG no bairro Ulysses Guimarães.

Conforme consta na denúncia, “os denunciados mantiveram as vítimas em cárcere privado para confirmar se elas integravam ou não a facção criminosa rival à dos agentes criminosos, para então deliberar sobre a morte das vítimas, atuando numa espécie de Tribunal do Crime Organizado”.

Após o “julgamento” e longa negociação, duas das vítimas teriam sido libertas e coagidas a retornar imediatamente para o estado do Paraná. A ação penal pública destaca que um dos crimes de cárcere privado foi praticado contra menor de 18 anos, pois uma das vítimas tinha 16 anos de idade na data dos fatos.

Em seguida, dois réus, com comparsas não identificados e por determinação de outro réu, além de demais integrantes também não identificados, dirigiram-se até uma região de mata no bairro Ulysses Guimarães e teriam matado quatro vítimas com diversos tiros.

Três das quatro vítimas foram identificadas como Neucael Roque Kleina Pimentel, de 23 anos, Vanderson Rodrigues Kroll, de 39, e Jhonny Wesley dos Santos Kroll, de 19. Até o momento, a Polícia Cientifica não informou a identificação do quarto corpo.

Outros três réus também, supostamente, participaram do ato criminoso auxiliando e participando diretamente do “julgamento” das vítimas, sendo uma mulher, em princípio, quem informava aos membros da facção o paradeiro das vítimas no bairro Ulysses Guimarães, bem como, junto a dois denunciados, teria iniciado o interrogatório das vítimas.

Após a suposta execução das vítimas, dois denunciados, com os comparsas ainda não identificados, teriam ocultado os cadáveres. De acordo com a denúncia, “eles enterraram os corpos em uma região desconhecida nas proximidades do local em que foram mortos”.

Promotoria

A 23ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville quer que as pessoas suspeitas sejam julgadas e condenadas pelo Tribunal do Júri por quatro homicídios duplamente qualificados – motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas – e pelos crimes conexos de cárcere privado, organização criminosa e ocultação de cadáver. A Justiça recebeu a denúncia nesta terça-feira, 16.

Para o Promotor de Justiça Marcelo Sebastião Netto de Campos, “o motivo do crime foi torpe, em razão da guerra de facções criminosas instalada na cidade, uma vez que os denunciados entenderam que as vítimas teriam vínculos com a facção criminosa rival”.

Ele ressalta que “os homicídios foram praticados mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, pois estavam sob o domínio de seus executores, os quais se encontravam em superioridade numérica, em cárcere privado, dificultando que esboçassem válida tentativa de defesa”.

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