VÍDEO – Funcionários de empresa terceirizada da Celesc entram em greve
Leituristas dizem que estão com salário atrasado
Leituristas dizem que estão com salário atrasado
Cerca de 40 leituristas da empresa Propulsão, pertencente ao Grupo Floripark, entraram em greve nesta terça-feira, 11, em Joinville. Os trabalhadores são responsáveis por emitir as faturas de energia elétrica da Celesc e prestam o serviço de forma terceirizada.
Na manhã desta quarta-feira, 12, um grupo deles estava em frente a Celesc, na esquina da rua Bento Gonçalves com a Timbó. Conforme o grevista Eder Ferreira, a Propulsão teria atrasado o pagamento dos salários e realizou uma série de cortes não previstos quando começou a prestar serviço para a Celesc.
Segundo Eder, a Propulsão ganhou a licitação da Celesc para começar os trabalhos em 2022. Assim como ele, diversos outros leituristas já prestavam serviço para a Celesc pela antiga empresa contratada. Quando houve a mudança de empresa, a Propulsão teria prometido manter os benefícios como farmácia, plano de saúde e premiações por qualidade de leitura.
Entretanto, além dos atrasos no pagamento dos salários, os funcionários contam que os vales-alimentação também estão atrasados. “Nós tínhamos convênio com a farmácia, cortaram a farmácia. Nós recebíamos um prêmio pela qualidade de leitura, eles cortaram esse prêmio que nós tínhamos, foram cortando e agora está esse problema”, diz o leiturista. Eder conta que solicitou um crachá para a Propulsão há cerca de um ano, mas até o momento, não recebeu o item.
Também grevista, Anderson Djones explica que chega a ficar duas horas no posto de gasolina aguardando o depósito da empresa para abastecer a motocicleta e poder trabalhar. Anderson reclama também que a antiga empresa exigia de 4 mil a 4, 5 mil leituras por mês de cada funcionário. Segundo ele, a Propulsão exige quase o dobro, 8 mil leituras por mês.
“Nós estamos querendo que essa empresa saia, desde janeiro do ano passado já começou com pagamento atrasado”, explica Anderson. Embora o movimento não tenha sindicato, os leituristas não pretendem voltar a trabalhar enquanto a Celesc não romper o contrato com a Propulsão.
“No primeiro mês que trabalhamos saiu tudo normal, já o segundo mês atrasou, e assim foi sucessivamente, atrasando todo mês, às vezes atrasava sete dias, dez dias. Nós estamos sem pagamento até agora, eles não honram o compromisso deles”, explica Eder.
“Estamos aguentando demais já. Tenho pensão de filho para pagar, tenho luz, tudo isso. Estamos há quarenta dias sem receber”, diz Anderson.
No dia 4 de abril, a Propulsão teria realizado uma reunião com os leituristas e explicado que teria os bens congelados pela Justiça, devido a um processo de recuperação judicial. A informação foi confirmada tanto pelos grevistas quanto por um funcionário interno da Floripark.
A reportagem do jornal O Município Joinville tentou contato com a Propulsão e com a Floripark para ouvir a versão da empresa sobre as alegações dos grevistas. No entanto, apenas conseguiu falar com um funcionário, que afirmou não ser representante da empresa e não ter contatos para repassar. Segundo ele, o telefone da reportagem seria repassado para um responsável, mas até a publicação desta notícia ninguém entrou em contato. O espaço segue aberto para contraponto.
Os grevistas afirmam que a empresa informou o congelamento dos bens, mas que o salário de março cairia normalmente. Outro ponto levantado pelos leituristas é do novo horário de trabalho para os próximos dois meses. Segundo Éder, os leituristas vão precisar trabalhar até junho sem folga.
“Ela acabou de mandar um comunicado dizendo que eles estão correndo atrás para tentar fazer o pagamento para nós e eles estão tentando manter o contrato com a Celesc”, diz Eder.
Conforme o funcionário interno da empresa, entrevistado pela reportagem do jornal O Município Joinville, essa exigência teria partido da Celesc. Ele diz que a Celesc passa por uma troca de sistemas e essa alteração vai demandar serviços extras dos leituristas, até nos sábados e domingos.
Entretanto, a Propulsão teria informado à Celesc sobre as horas extras e que a situação precisaria ser averiguada com o jurídico, pois os funcionários não podem trabalhar sem descanso. “Não é má-fé da empresa não”, afirma o funcionário.
Segundo ele, a Floripark tem uma audiência com o juiz nesta quinta-feira, 13, quando vão pedir a liberação dos recursos para o pagamento dos funcionários, que ele afirma ser 3,8 mil em toda Santa Catarina.
A greve também engloba a região. Há funcionários de Garuva, Araquari e Balneário Barra do Sul que também paralisaram os serviços.
Nesta quinta-feira, 13, os grevistas estarão em frente a Celesc em Joinville às 9h.
Em resposta à reportagem do jornal O Município Joinville, a Celesc afirmou que está em dia com os pagamentos junto à empresa terceirizada Propulsão. A Celesc também informou que emitiu uma notificação cobrando o pagamento dos salários e que esta situação acontece desde outubro.
“Reforçamos que o atraso neste pagamento se deve a problemas administrativos da empresa Propulsão e não tem origem na Celesc”, comunicou a empresa.
A reportagem também questionou sobre o caso dos leituristas terem que trabalhar por dois meses sem folga. Até a publicação desta matéria, a pergunta não havia sido respondida.
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