Com um crescimento acumulado de 1.054% no Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos dez anos — o maior da região Norte de Santa Catarina —, Araquari dá sequência a um processo de expansão, que já redesenha a estrutura urbana, social e econômica do município. A cidade mantém a ambição de atrair grandes investimentos, enquanto busca equilibrar o desenvolvimento econômico com qualidade de vida, infraestrutura urbana e sustentabilidade, para manter a toada.

“Araquari deixou de ser apenas uma cidade de passagem entre Joinville e São Francisco do Sul e se tornou uma referência em desenvolvimento em Santa Catarina”, resume o ex-prefeito Clenilton Pereira.

Com esse crescimento, surgiram também desafios, com o crescimento da demanda por serviços essenciais, como saúde, educação e assistência social. “Quem se muda para a cidade em busca de oportunidades passa a depender dos serviços públicos. Então é um processo que acontece tudo ao mesmo tempo”, observa Clenilton. Isso exige uma resposta rápida da prefeitura para atender à nova demanda.

Londry Turra, secretário de Desenvolvimento Econômico de Araquari, faz uma projeção, que classifica de conservadora, que o município deve subir para a décima colocação entre as maiores economias do estado (é a 12ª atualmente) e para a sétima entre as arrecadações de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (é a décima).

Para que esse ritmo seja mantido, a cidade tem alguns gargalos para resolver. O prefeito Gordo Jasper destaca que, com o crescimento da cidade, a máquina pública precisa acompanhar a demanda.

“É necessário um investimento constante em infraestrutura, ampliação da rede de atendimento na área da saúde, construção de escolas, e realização de concurso público para contratação de mão de obra em diferentes áreas. O grande desafio é conciliar o atendimento básico como saúde, educação e infraestrutura com acesso ao lazer e à qualidade de vida”, destaca.

O poder público viu a procura pelos serviços públicos crescerem junto com o crescimento econômico, principalmente na busca de vagas na rede municipal de educação, e aumento da demanda por atendimento na saúde.

Em 2019, a rede municipal de educação tinha 3,6 mil alunos matriculados, e em 2025, são 7.720 alunos, mais do que o dobro.

“No ensino público, temos 500 crianças entrando no ensino público, muitas que nascem em Araquari, mas também de migrantes e imigrantes que buscam oportunidades, de todos os cantos do país e também de outros países. Uma escola para atender essa demanda custa R$ 13 milhões, por exemplo”, conta Londry Turra, secretário de Desenvolvimento Econômico.

Para acompanhar esse crescimento a Prefeitura investe na construção de escolas, Unidades Básicas de Saúde e também em pavimentações.

Segundo o prefeito, nos últimos oito anos, mais de 123 quilômetros de ruas foram pavimentadas dentro de Araquari – se colocasse no mapa, daria mais do que a distância de deslocamento até a cidade de Tijucas. Depois de anos de espera, o primeiro hospital de Araquari também está saindo do papel.

O secretário Londry relata que o poder público tem limitações burocráticas e que busca parcerias com as empresas para atender algumas demandas.

“Tudo depende de projeto e licitação, mas a necessidade do munícipe é imediata. Buscamos parcerias com as empresas e eles têm sido muito solícitos. São várias empresas que nos apoiam, além do programa da BMW, a Hyosung nos auxiliou a equipar um parque com equipamentos de recreação. A burocracia procrastina o trabalho do município, mas temos contado com a ajuda de muitos empresários”.

A falta de mão de obra também é uma dificuldade para várias empresas locais. Mesmo com um alto índice de migração de diversos estados do país e até do exterior e também uma mudança do fluxo histórico de trabalhadores – Araquari hoje atrai moradores de cidades da região, como Joinville, São Francisco do Sul, Barra Velha etc. –, esse é um desafio real.

“A geração de empregos e a vinda de novos moradores é o maior reflexo dessa realidade. O araquariense que cresceu à margem do rio Parati, na pacata cidade, hoje convive com o imigrante estrangeiro, e com pessoas vindas de outras regiões do país. Todos são bem vindos aqui”, garante o prefeito Gordo Jasper.

Vilmar Francisco Leone, presidente da Associação Comercial Industrial Agrícola de Araquari, também destaca a BR-280 como uma demanda das mais importantes – e já antiga. Em horários de pico, os motoristas levam até 50 minutos para percorrer um percurso de quatro quilômetros.

Enquanto lida com os desafios naturais, Araquari segue aprimorando a prospecção de novos investimentos.

O prefeito ressalta que, mesmo Araquari sendo um endereço industrial privilegiado no Estado, antes de as empresas decidirem, é muito comum que os investidores, principalmente internacionais, realizem uma ampla pesquisa, com extenso questionário sobre questões fiscais/tributárias, jurídicas, trabalhistas, logísticas, portuárias, aeroportuárias, energia elétrica, gás, água/esgoto etc, perguntas determinantes para balizar a decisão de vir para o Brasil, e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Araquari realiza esse trabalho.

Nesse sentido, o trabalho é constante para manter o ambiente de negócios aquecido. E o resultado tem sido bem-sucedido.

O secretário Londry relata que a equipe da secretaria, atualmente, identifica empresas com dificuldades de expansão em suas cidades de origem, como em Guarulhos (SP), onde indústrias tradicionais enfrentam limitações físicas. A partir disso, identificavam as empresas e as visitavam. “É uma coisa que só bancos faziam, os empresários até se surpreendem”, diz.

Ele cita, por exemplo, viagens a Lorena (SP), onde foi feita a prospecção da empresa ArcelorMittal Perfilor, e a São Leopoldo (RS), para atrair uma metalúrgica de alta precisão que produz até componentes para a indústria bélica.

“Esse movimento de captação de empresas vai continuar. Hoje, temos quatro condomínios industriais consolidados e outros quatro em formação. A gente conversa com empreendedores e sabemos das negociações para trazer mais empresas para Araquari”, resume o secretário Londry.

*Colaborou Lara Donnola

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