Bonde puxado a burro foi primeiro transporte coletivo de Joinville; conheça história

Serviço durou seis anos e foi um marco para o início da modernização

Bonde puxado a burro foi primeiro transporte coletivo de Joinville; conheça história

Serviço durou seis anos e foi um marco para o início da modernização

Yasmim Eble

Inaugurada em janeiro de 1911, o primeiro sistema de transporte coletivo de Joinville foi um marco para o início da modernização da cidade. O serviço de bondes puxados a burro durou seis anos, até 1917, e foi criado pela empresa joinvilense Ferro-Carril. 

Crédito: Arquivo Histórico de Joinville

A companhia era a mesma que comandava a telefonia joinvilense.  “Em 1910, eles começaram a importar todo o material necessário da Europa e na metade daquele ano os primeiros trilhos começaram a ser instalados”, relata o coordenador do Arquivo Histórico de Joinville, Dilney Cunha. 

Registros arquivados no local mostram a montagem dos trilhos e a chegada dos 16 bondes, oito destinados aos joinvilenses e outros oito para carga. O sistema era simples: os bondes eram puxados por dois burros e cada um dos veículos era equipado com quatro bancos.

Crédito: Arquivo Histórico de Joinville

O meio de transporte podia levar até 16 pessoas sentadas. “Mesmo com poucos anos em funcionamento, o investimento foi gigante para a época. Principalmente por conta do material e pelo ferro dos trilhos”, explica Dilney.

Para o coordenador, os bondes estavam completamente ligados ao contexto de desenvolvimento urbano da cidade, no início da década de 20. “Foi um conjunto de reformas urbanas que ocorreram na cidade, principalmente nas duas primeiras décadas que deram ares modernos a Joinville”, acrescenta. 

Crédito: Arquivo Histórico de Joinville

Após os bondes, chegaram à cidade veículos e meios de transporte a motor, representando o início do avanço no processo de urbanização de Joinville. “Os bondes foram essenciais para isso ser realizado, pois foi o primeiro sistema de transporte coletivo do município”, completa. 

Trajeto e preço

Os bondes percorriam por uma extensão de sete quilômetros na área central de Joinville. Havia duas linhas em funcionamento, a mais longa era a linha rua Norte-Porto-rua Santa Catharina, com bondes circulando onde atualmente é a rua João Colin até onde fica a Estação da Estrada de Ferro, atual avenida Getúlio Vargas. 

Crédito: Arquivo Histórico de Joinville

Outras ruas também foram incluídas como a XV de Novembro e Princesa Isabel. Também nas ruas do Príncipe, 3 de Maio e Conselheiro Mafra. Os horários eram abundantes, com bondes circulando entre 6h e 22h.

“Os veículos partiam de 20 em 20 minutos e o preço da passagem era muito acessível para a época, podendo os trabalhadores utilizarem do transporte”, conta o coordenador.

Falência

Segundo Dilney Cunha, a derrocada dos bondes em Joinville foi devido a diversos fatores, no entanto, os principais estavam ligados aos veículos a motor, que se popularizaram no final da primeira década e início da década de 20. 

“Os carros ganharam força e destaque por ser algo diferente, algo mais pessoal. Ainda era um meio de transporte de elite, mas com os táxis e ônibus a motor, o bonde puxados a burro começaram a ser descartados”, explica. 

A companhia tentou realizar reajustes das passagens, no entanto, o serviço de bondes foi encerrado em 1917, com a empresa responsável encerrando as atividades. Pouco tempo depois, os trilhos começaram a ser arrancados das ruas centrais. 

Crédito: Arquivo Histórico de Joinville

“Os ônibus chegaram no início de 1920 com viagens intermunicipais. A população acabou gostando, a passagem era barata e acessível para a população, isso facilitou a locomoção”, finaliza.


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