Confira tudo o que sabemos sobre operações que investigam vereadores de Joinville
Uma delas prendeu o vereador Mauricinho Soares (MDB) na manhã desta quinta-feira
Uma delas prendeu o vereador Mauricinho Soares (MDB) na manhã desta quinta-feira
A reportagem de O Município Joinville separou tudo o que se sabe sobre as operações realizadas na manhã desta quinta-feira, 30, que investigam os vereadores de Joinville Claudio Aragão (MDB) e Mauricinho Soares (MDB).
Na manhã desta quinta-feira, 30, foram realizadas duas operações: uma chamada Lajotas, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), em apoio à 13ª Promotoria de Justiça de Joinville, e a outra chamada Profusão, liderada pela 3ª Delegacia de Combate à Corrupção (3ª Decor).
A operação Lajotas investiga supostos crimes contra administração pública como peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e sonegação fiscal.
Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão em Joinville e Araquari, a fim de apurar os crimes, que teriam sido cometidos entre 2016 e 2020, no contexto do programa de pavimentação comunitária, utilizando lajotas cimentadas, implementado em diversas ruas de Joinville.
Conforme as investigações, as subprefeituras de distintas localidades de Joinville foram distribuídas para livre indicação política pelos vereadores das respectivas regiões.
Segundo o MP-SC, utilizando-se das estruturas das subprefeituras, os vereadores investigados teriam agido como facilitadores das contratações celebradas para pavimentação de ruas, indicando empreiteiros para a realização dos serviços.
A operação Profusão apurar a suposta prática de falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e organização criminosa. Os crimes teriam sido cometidos por agentes públicos visando beneficiar condutores de veículos penalizados com suspensão do direito de dirigir.
Conforme apurado pela 3ª Decor, os supostos autores dos fatos orquestraram um esquema ilícito que possibilitou a inserção de inúmeras informações falsas nos sistemas do Detran-SC, possibilitando que mais de 100 condutores fossem indevidamente beneficiados com a liberação de penalidades a eles aplicadas.
Dentre os investigados, além do vereador Mauricinho Soares, estão agentes públicos terceirizados do Detran-SC, um despachante e pessoas a ele vinculadas, e um agente ligado a um escritório de advocacia especializado em multas de trânsito.
As buscas foram realizadas nas residências dos investigados e em seus locais de trabalho, tais como um escritório de advocacia, a 2ª Ciretran-Joinville e a Câmara de Vereadores de Joinville. Nos locais, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, especialmente telefones celulares, e documentos relacionados aos fatos sob apuração.
A promotora de Justiça Elaine Rita Auerbach, titular da 13ª Promotoria de Justiça de Joinville, explica que no decorrer da operação Lajotas desvendou que o vereador Mauricinho Soares estaria em envolvido em outros supostos crimes que não eram relacionados à pavimentação comunitária.
Com isso, após autorização judicial, a 13ª Promotoria de Justiça compartilhou as informações com a 3ª Decor, que tinha sido recém criada, para que investigasse o esquema de fraude no Detran.
“Em razão disso, havia grande necessidade da gente fazer essas operações no mesmo momento”, diz Elaine. Se elas fossem realizadas em datas diferentes, poderia haver prejuízo na colheita de provas.
Até o momento, os vereadores Claudio Aragão e Mauricinho Soares, ambos do MDB, são alvos das operações. Aragão é investigado na operação Lajotas. Mauricinho é investigado tanto na Lajotas, quanto na Profusão.
O vereador Mauricinho Soares (MDB) foi preso pela Polícia Civil na operação Profusão” Segundo a polícia, ele foi preso por posse ilegal de arma de fogo e vai responder por crimes de falsidade ideológica e organização criminosa.
Segundo a Polícia Civil, um servidor terceirizado que atuava no Detran em Joinville, que também tinha uma relação de amizade com Mauricinho, “roubou” a senha de um colega do Detran para iniciar os atos ilícitos.
Ele acessava o sistema do Detran e, ilegalmente, desbloqueava motoristas que estavam com a carteira nacional de habilitação (CNH) suspensa por atingir o limite de pontos permitidos.
Conforme as investigações, Mauricinho, por se relacionar com muitas pessoas, seria quem indicava o serviço ilegal para pessoas que o consultavam. “Isso era utilizado de modo a dar credibilidade à informação repassada”, afirma o delegado regional Rafaello Ross.
Mauricinho Soares e Claudio Aragão, ambos do MDB, e um ex-vereador não identificado são os parlamentares investigados na operação Lajotas. Segundo a 13ª Promotoria de Justiça de Santa Catarina, eles atuavam como facilitadores das contratações celebradas para a pavimentação de ruas.
As investigações apontam que eram feitas reuniões com os moradores, a subprefeitura e os próprios vereadores ou assessores, já com a presença dos empreiteiros. Ela afirma que as empresas eram escolhidas sem qualquer trâmite burocrático.
Os documentos e equipamentos apreendidos na operação desta quinta-feira vão ajudar a aprofundar a investigação. O objetivo é identificar até onde poderia existir uma relação entre os agentes públicos, os vereadores e as empreiteiras. Também devem ajudar a apurar se houve alguma vantagem financeira, indicando corrupção.
O vereador Claudio Aragão está em casa e até o momento não se pronunciou sobre a operação. A assessoria dele informou à reportagem de O Município Joinville que o vereador ainda não tem detalhes sobre a operação e aguarda mais informações para se manifestar.
Já a assessoria do vereador Mauricinho Soares, que está preso, explicou à reportagem que a advogada soube do ocorrido pela imprensa e até o momento nenhum posicionamento foi divulgado.
O presidente da Câmara de Vereadores de Joinville, Diego Machado (PSDB), publicou em seu Instagram uma nota se manifestado sobre o caso. Ele ressalta que a operação é realizada nos gabinetes, e não contra a Câmara. “Como presidente estamos dando todo apoio e suporte”, comenta.
*Colaborou Fred Romano
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