Delegado defende operação contra rachadinha em Joinville: “a polícia não pode parar”

Operação Backbone foi realizada nesta quinta-feira

Delegado defende operação contra rachadinha em Joinville: “a polícia não pode parar”

Operação Backbone foi realizada nesta quinta-feira

Fred Romano

O delegado Pedro Alves concedeu coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, 19, para explicar a Operação Backbone. A ação da Polícia Civil investiga uma suspeita de rachadinha no gabinete do vereador Nado (PSD).

Segundo o delegado, as investigações começaram em meados de junho de 2023 após uma denúncia anônima. Com a denúncia, a 3ª Delegacia de Combate à Corrupção — Decor — iniciou a verificação preliminar das informações.

Após confirmar os indícios de rachadinha, a polícia iniciou as investigações. Nesta quinta-feira, 18, após representação no Poder Judiciário e no Ministério Público, mais de 80 policiais civis cumpriram 26 mandados de busca e apreensão.

No momento, mais de 20 pessoas são investigadas por envolvimento no esquema. Além disso, mais de 20 aparelhos eletrônicos, entre celulares e computadores, foram apreendidos.

Os depoimentos dos investigados começaram ainda nesta quinta-feira. O material apreendido segue para perícia da Polícia Científica. Conforme Pedro, não é possível determinar um período para o fim da perícia devido à quantidade de aparelhos eletrônicos apreendidos e também considerando o tamanho do armazenamento dos aparelhos.

Entre os locais onde os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, o único endereço não residencial visitado foi a Câmara de Vereadores de Joinville. Um endereço em Palhoça também foi investigado. Segundo o delegado, um dos investigados possui uma residência no local, porém não foi informado quem é o proprietário.

A Câmara de Vereadores de Joinville se manifestou em nota afirmando que a operação não tem ligação com o Poder Legislativo todo. O alvo da investigação é apenas o gabinete do vereador Nado.

O que é rachadinha e como crime acontecia?

O delegado Pedro explica que a rachadinha é uma prática realizada por agentes políticos ou públicos que consiste no recebimento do salário de prestadores de serviço.

A pessoa envolvida, que possui cargo de liderança, contrata pessoas e faz com que elas compartilhem com ela parte do salário. A polícia ainda não sabe ao certo como esta prática acontecia no gabinete do vereador, mas, ela pode ocorrer mediante a ameaças de demissão ou até mesmo violência.

No caso do vereador Nado, o delegado explica que a Decor ainda está em fase de apuração de como ocorria o esquema. Também ainda não é possível definir se os servidores eram contratados sabendo desta condição.

O delegado explica que uma ou mais pessoas eram responsáveis por fazer essa coleta de parte do salário dos servidores. Para esta prática, são normalmente escolhidas pessoas de confiança do chefe do esquema.

Pedro também conta que no esquema vários valores eram repassados para o mandante. Além disso, o repasse desse dinheiro era feito de várias formas, com dinheiro físico e transferência bancária.

A Polícia Civil também verificou que estaria acontecendo desde o começo do mandato. Nado tomou posse como vereador pelo Pros em agosto de 2021, após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) cassar o mandato do vereador Osmar Vicente, que estava no PSC na época.

O delegado também explica que a Operação Backbone não tem relação com outras operações realizadas na Câmara de Vereadores de Joinville no ano passado, como a Operação Lajotas, do Gaeco, e a Operação Profusão.

Delegado rebate falas do vereador

Ainda nesta quinta-feira, o vereador Nado divulgou uma nota se manifestando sobre a investigação. O parlamentar afirmou que não tem conhecimento dos autos da investigação e se colocou à disposição das autoridades.

“Afirma que a possível denúncia não encontra respaldo e é ação “politiqueira”, tendo como objetivo denegrir sua imagem perante a comunidade joinvilense. O aproximar das eleições faz com que adversários políticos se utilizem de artimanhas para destruir reputações”, informa a nota.

Na coletiva desta sexta-feira, o delegado Pedro rebatou a fala do vereador. Ele citou que investigações da Polícia Civil acontecem todos os dias por diferentes crimes. “Por que tem que ser diferente quando é corrupção? A Polícia Civil não pode parar de trabalhar porque é ano de eleição”, disse.

Além disso, o delegado reafirmou o compromisso da polícia enquanto órgão do Estado, sem ligação qualquer com viés político. Pedro também comenta que a Polícia Civil, o Poder Judiciário e o Ministério Público não autorizariam uma operação com mais de 80 policiais envolvidos sem material probatório robusto e suficiente.

Quem é Nado?

Ednaldo José Marcos, conhecido como Nado, fez 2.287 votos nas eleições municipais de 2020 pelo Pros. Ele nasceu em Luiz Alves, tem 49 anos, é formado no ensino superior, empresário, casado e pai de quatro filhos. Ele cumpre seu primeiro mandato como vereador em Joinville.

Nado assumiu a cadeira na Câmara após o TRE-SC manter a cassação do mandato de vereador de Osmar Vicente após publicar decisão que identificou fraude à cota de gênero nas eleições de 2020.

Na janela partidária deste ano, se transferiu para o PSD. Em entrevista ao jornal O Município Joinville em novembro do ano passado, ele revelou que será candidato à reeleição neste ano. “Quando você faz um bom trabalho, isto já te credencia para uma reeleição”, comentou na época.

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