Covid-19: infectologista acredita em segunda onda antes do fim do ano

Coordenador do Centro de Triagem de Joinville afirma que já é possível perceber aumento no número de casos

Covid-19: infectologista acredita em segunda onda antes do fim do ano

Coordenador do Centro de Triagem de Joinville afirma que já é possível perceber aumento no número de casos

Lucas Koehler

A diminuição do isolamento social e os desrespeitos as recomendações podem adiantar a chegada da chamada segunda onda de Covid-19. A opinião é do médico infectologista Luiz Henrique de Melo, coordenador técnico do Centro de Triagem de Joinville.

“Eu esperava que teríamos uma segunda onda no fim do ano, mas pelo que estou vendo teremos antes disso”, lamenta.

No feriadão de 12 de outubro viralizaram nas redes sociais imagens de praias e bares lotados, pessoas sem máscaras e não respeitando o isolamento social. As cenas estão ficando cada vez mais comuns, o que deve refletir no aumento da infecção por Covid-19.

O médico explica que o uso de condicionadores de ar com as portas fechadas devido as altas temperaturas também devem facilitar o proliferação do vírus. Além disso, para o médico, existe um engano que a Covid-19 é mais potente no inverno, já que não existem provas científicas.

A queda nos cuidados, porém, não aconteceu apenas nos últimos dias. No dia 25 de setembro, em uma sexta-feira, o estado já tinha registrado o pior índice de isolamento social desde março, mês em que as regras e medidas de segurança iniciaram para os catarinenses.

Prenúncios da segunda onda

Para Melo, o atual relaxamento pode acelerar o contágio, com um aumento significativo após 10 ou 14 dias dos eventos.

Segundo ele, Santa Catarina e o Brasil já estão registrando crescimento significativo, com destaque para o Pará, após o caso da inauguração da loja da Havan. “O desrespeito fará os casos aumentarem. Em alguns países, em destaque na Europa, os números estão mais altos do que na chamada ‘primeira onda’”, explica.

Uso de máscara é essencial para evitar contágio da Covid-19 | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Os eventos com aglomerações devem causar aumento significativo de casos até metade de novembro. Luiz compara a atual situação com a liberação do transporte coletivo de Joinville em junho. Ele lembra que 30 dias depois, o município teve um aumento significativo de novos casos.

Melo ressalta que naquele momento o número de infectados circulando pela cidade era menor do que agora. Além disso, as últimas aglomerações já estão sendo sentidas negativamente.

“Vamos ter uma real noção daqui um mês, mas nesses primeiros 10 dias já tivemos um aumento significativo. No Centro de Triagem já sentimos essa mudança para pior, em destaque após o feriado do dia 12 de outubro”, afirma.

O especialista acredita que a despreocupação da população está ligada a diversos fatores: impaciência, necessidade de voltar à “vida normal”, falso entendimento que a queda dos casos é algo natural e irreversível, notícias falsas e exemplos ruins de setores da sociedade.

“Junta todos esses pontos e temos a tempestade perfeita para ocorrer o fenômeno que estamos vendo”, diz.

Cuidados devem continuar

O coordenador técnico do Centro de Triagem de Joinville ressalta a necessidade da população manter os cuidados com a prevenção do coronavírus.

Para ele, a outra única forma de mudar o cenário é com a chegada da vacina, mas que vê como improvável até primeiro trimestre de 2021.

A vacina, porém, não deve trazer a normalidade a curto prazo. “Não vamos vacinar o país inteiro de imediato, primeiro serão os grupos de riscos. E terão dúvidas de quanto tempo ela terá eficácia. A tendência é de que vamos continuar com os mesmos cuidados durante todo ano de 2021”, destaca.

Até lá, os cuidados necessários são uso de máscara, evitar aglomerações, encontros a céu aberto e manter distanciamento social.

Porém, para ele, a perspectiva é pessimista.

“Eu acho utópico as pessoas se cuidarem. Elas não entendem ou não querem entender o que uma doença contagiosa exige de nós. Só veem a gravidade quando alguém próximo fica na UTI ou até perca a vida”, finaliza.

Prefeitura pretende aumentar número de testes

A Prefeitura de Joinville afirma que segue monitorando os casos de aglomerações e tentando evitar que eventos clandestinos sejam realizados.

De acordo com o secretário da Saúde, Jean Rodrigues da Silva, os últimos eventos com lotação devem ser sentidos nos próximos 14 dias.

Ele afirma que as medidas de flexibilização estão sendo tomadas para que se encontre um equilíbrio, mas desde que não coloquem a vida das pessoas em risco. “Sem as regras de segurança não forem cumpridas, as medidas de flexibilização serão revistas”, ressalta.

Em caso de segunda onda, o secretário diz que a prefeitura não pode cometer os mesmo erros da primeira. “Vamos avançar e manter o equilíbrio que estamos conquistando”, finaliza.

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