Este momento de fim de ano costuma trazer algumas reflexões, como já diz a música: então é Natal e o que a gente fez? Essa época do ano traz consigo ideia de retrospectiva e também de vislumbre de um novo horizonte que está por vir: um novo ano que se inicia.

Todas essas festas de fim de ano trazem uma sensação de fim de ciclo e realmente é o fim de um longo ciclo de 365 dias. Eu gosto de pensar, ao fim de cada ano, no que eu pude fazer e viver naquele ciclo que se encerra, e quero te convidar a fazer o mesmo. Sei que muitas vezes não costumamos pensar muito sobre o que já vivemos, principalmente quando (entre muitas aspas) “não foi algo tão importante”.

No entanto, tudo aquilo que vivemos nos constitui, nos modifica de alguma forma, e assim não é “menos” e talvez nem seja “mais”, mas é parte do que nos tornamos. Então, ao invés de pensar em o que 2021 fez com você, pense no que você fez em 2021.

Muitas pessoas costumam começar a organizar suas roupas das mais variadas cores, planejam onde irão passar a virada de ano e as promessas que irão fazer para o novo ano. Mas, muitas vezes, essas promessas não são cumpridas. Isso porque às vezes seguimos como a música de Zeca Pagodinho, que diz “deixa a vida me levar, vida leva eu”. Não é mesmo?

Empurramos um trabalho ou um relacionamento com a barriga, sem nos questionar se aquilo continua realmente fazendo sentido para nós. Vamos levando um dia após o outro sem perceber muito bem o que estamos fazendo. Mas que tal ao invés de deixar a vida te levar, você levar a vida? Afinal, todo dia nos proporciona algo diferente: algo que foi bom, algo que temos a agradecer.

Comece a perceber esses momentos no seu dia a dia. Se não conseguir, tente ao fim do dia pensar no que aconteceu e o que você viveu. Porque, afinal, já dizia também a música de Túlio Dek: o que se leva da vida é a vida que se leva.

E talvez, ao invés de pular sete ondinhas, entrar em casa com dinheiro no bolso, colocar uma roupa amarela/rosa/vermelha/azul/branca, nessa virada de ano você possa não deixar que seu novo ano fique a mercê da sorte. Pense consigo: o que eu quero desse novo ciclo na minha vida? O que eu gostaria realmente de fazer?

Atenção: cuide para não se dar metas inalcançáveis. Pense mais nos momentos que gostaria de viver e menos nas coisas que gostaria de ter. Pense mais nas emoções que gostaria de sentir, nas pessoas com quem gostaria de estar, e menos nas coisas a fazer. Pense, pense e pense. Mas não esqueça de também viver tudo isso em 2022.

Um novo ano sempre me traz essa sensação de muitas possibilidades. Uma nova chance para ser mais você, para se encontrar. Busque se conhecer mais: desenvolver autoconhecimento é bom pra mente e pro coração, e melhor ainda: não tem contra indicações. Afinal: ano novo, vida nova.

Claro que isso nem sempre é fácil, tendemos a continuar na rotina e talvez você se pergunte: porque é tão difícil mudar? Bem, o nosso cérebro gosta mesmo daquilo que é padrão, que é previsível. Daquilo que não muda. Isso nos deixa confortáveis pois traz uma sensação de confiança e segurança.

No entanto, o novo/diferente nos abre possibilidades: nos faz pensar fora da caixa, nos convida para olhar por outros ângulos, outros óculos. É imprevisível, não conhecido, e é natural que isso assuste um pouco. Acontece que permanecer na “zona de conforto” nos faz estagnar, ficamos sempre com o seguro, com o certo, o padrão previsível, no entanto, deixamos de crescer.

Crescer envolve mudar, afinal, para que você passasse da infância para a adolescência, ou seja, crescesse, teve uma mudança bem considerável, certo? E esse crescimento muitas vezes requer se reconhecer, se permitir olhar para você mesmo como uma pessoa nova que pode fazer coisas diferentes do habitual, se permitir viver e ser. Esse processo de autoconhecimento pode ser desenvolvido num processo de psicoterapia.

Em 2022, se puder, faça terapia.