O dia dos namorados está chegando e, para além das questões comerciais, esse dia nos faz pensar nos relacionamentos amorosos. Todo relacionamento tem um início e muitas vezes é rodeado de incertezas, ansiedades, borboletas no estômago e o pacote completo que envolve o estar apaixonado.
No entanto, uma pessoa que vive com ansiedade acaba encontrando e tendo que lidar com uma intensidade muito maior quando falamos dessas inseguranças e medos iniciais que envolvem o início de uma relação amorosa.
A ansiedade em si já traz uma porção de questões para a pessoa: dúvidas sobre si mesmo, medos, insegurança, dificuldade de confiar nos outros, dúvida sobre a sinceridade dos outros, preocupações excessivas, dificuldade de expressar o que quer por medo de magoar, imaginação muito intensa sobre o que o outro está pensando ou quer sem ter ou buscar confirmação disso, procrastinação em algumas questões, principalmente no que tange se expressar, esperar que o outro tome iniciativas, autoestima muitas vezes diminuída. Enfim, são questões que impactam a vida como um todo de quem sofre de ansiedade.
E nas relações, como isso impacta? Bem, num relacionamento, é natural que no início haja um pouco de ansiedade, afinal tudo é sempre muito novo e cada relacionamento vai se desenrolar de formas distintas. O início é sempre um momento de conhecer o outro e encontrar um lugar para essa relação na rotina do casal.
A pessoa que tem ansiedade, no entanto, tem uma dificuldade a mais: cada pequena coisa pode gerar emoções muito intensas. Como a pessoa com ansiedade tende a pensar muito, como dizemos no senso comum, acaba “buscando pelo em ovo” e essa sensação de não saber se existe mesmo esse “pelo” pode causar muito sofrimento.
Outro ponto muito importante quando pensamos no relacionamento é a comunicação, para a pessoa que tem ansiedade, se expressar pode ser muito difícil, afinal vem com isso muitas questões internas: será que sou suficiente? Será que tenho que criar uma forma mais descolada e menos emocionada de me mostrar? Será que se eu falar isso ou aquilo a pessoa vai gostar? Será que vou acabar magoando a pessoa?
São diversos os “e se” que acompanham os pensamentos de quem tem ansiedade e isso impacta demais na forma de expressar, de tanto pensar em como agir corretamente, muitas vezes acaba não reagindo no momento, ou até mesmo omitindo alguns sentimentos por vergonha de como pode parecer para o parceiro.
Além da comunicação, outro ponto muito intenso para quem tem ansiedade é o controle. Existe uma necessidade de controlar as situações, as reações do outro, os ambientes, etc. Isso impacta imensamente a pessoa, uma vez que dificilmente conseguimos de fato controlar alguma coisa. Enquanto qualquer chuva imprevista, qualquer atraso, qualquer demora ao responder uma mensagem, se tornam causa de sofrimento intenso.
As dúvidas em relação ao sentimento do parceiro e também em relação a possibilidade de término acabam fazendo essa pessoa ficar em conflito e agir muitas vezes dessas formas: evitando se expressar livremente, esperando qualquer mini reação do parceiro para conferir ou negar uma hipótese, tentando fazer verificações sobre a compatibilidade, seja perguntando a amigos ou até mesmo investigando o passado do parceiro, querendo controlar as coisas para que nada desagrade o outro, evitando ao máximo qualquer coisa que possa trazer o término por sua conta.
A questão é que quando um relacionamento traz mais sofrimento do que alegrias, algo precisa ser olhado com mais atenção. Em decorrência de todas essas formas de agir da pessoa com ansiedade, muitas vezes ela acaba sendo o estereótipo de pessoa grudenta, ciumenta e descontrolada e muitas vezes até mesmo fria por evitar demonstrar o que sente de fato. Por conta dessas questões psicológicas, muitas vezes a pessoa com ansiedade intensa e que tem sua autoestima abalada acaba entrando em relacionamentos tóxicos ou abusivos, inclusive, o que agrava ainda mais o seu sofrimento.
Nada disso é “mimimi”. A ansiedade quando patológica traz todas essas questões para a vida da pessoa. Por isso é tão importante que se busque terapia e atendimento profissional para poder lidar de formas mais efetivas e tranquilas com as situações do dia a dia que geram essas emoções mais intensas do que o comum, inclusive em relação aos relacionamentos.
O que fazer então para lidar com os relacionamentos se tenho todas essas angústias mais intensas, aumentadas pela ansiedade? Confira dicas:
1. Trabalhar a comunicação
De uma forma geral os relacionamentos requerem uma boa comunicação. Isso envolve expressar o que sente e como se sente em relação às situações vividas com a pessoa com quem você se relaciona. Um momento de ciúmes pode se tornar muito sofrido e, por vezes, quando compartilhado com o outro pode ter um desfecho menos dolorido. Uma boa alternativa é tentar trabalhar a comunicação não violenta.
2. Curtir o momento
Controle é uma necessidade muitas vezes presente para quem tem ansiedade, mas cada vez que tentamos controlar algo e não dá certo, surge uma frustração. Aquela sensação de que “agora tudo deu errado, nada mais vai funcionar, o dia está acabado”. Isso muitas vezes impede de aproveitar o momento e viver as coisas boas que podem surgir, mesmo que um dos planejamentos não saia como esperado. Quanto menos expectativas criamos, menos nos frustramos.
3. Buscar mais independência
Muitas vezes as relações nos fazem imergir e ficar envoltos totalmente naquele relacionamento. Por diversas vezes esquecemos de todo resto ou damos uma importância minimizada ao restante da nossa vida, ainda mais àquilo que compete a nós mesmos.
Então trabalhar essa independência, ou seja, as coisas que você gosta de fazer sozinho e não precisa sempre estar com a pessoa com quem se relaciona, pode ser uma forma muito benéfica, inclusive para a autoestima pessoal. Afinal, a pessoa com ansiedade deposita muita energia na relação e às vezes a outra pessoa pode, inclusive, se sentir esgotada com esse movimento. Assim como a pessoa com ansiedade que acaba se tornando dependente e por diversas vezes não sabe mais como viver sem aquele relacionamento.
Tudo isso podem parecer coisas simples, mas nem sempre é fácil de ser colocado em prática. Muitas vezes é necessário ter ajuda profissional.
Para viver melhor esse amor, se puder, faça terapia!