Nosso cérebro tem uma grande gama de habilidades. Desde bebês já formamos conexões que permitem aprendermos, conhecermos o mundo e interagir com ele. Esse processo de aprendizagem, no nosso cérebro, acontece através de conexões neuronais. Mas o que é isso?

Neurônios são como rodovias. Quando sentimos um cheiro, por exemplo, e lembramos de alguma vivência, como o bolo da avó na infância, essa lembrança desencadeada pelo cheiro é um percurso por diversos neurônios, até que cheguem na memória e ativem aquela lembrança específica que estava guardada. É mais ou menos assim que acontece.

Quando pensamos em aprendizagem, também vamos precisar ativar essas vias. Numa prova, por exemplo, você vai ler “10 dividido por 3” e para pensar na resposta você ativa no seu cérebro informações como números, divisão e tabuada. Na leitura para entender o que se precisa responder, vai lembrar talvez de algumas lembranças, como você e seus dois irmãos tinham sempre que dividir as coisas igualmente entre vocês e por aí vai.

Tudo isso acontece muito rápido e, quanto mais usamos as nossas conexões, mais fortes e rápidas elas se tornam. Voltamos a pensar na tabuada: quanto mais repetimos, mais fácil se torna lembrar quando é 5×5, não é?

Mas além dessa repetição, como podemos aprender mais? Nossa mente é muito sagaz e para aprendermos podemos ver, ouvir, fazer e falar. Enfim, temos uma variedade de formas de aprender algo.

Cada pessoa terá suas preferências, algumas pessoas ao ouvir um professor já conseguem absorver o conteúdo, outras precisam traduzir nas suas palavras e escrever ajuda a fixar melhor o aprendizado. Outras precisam ver um esquema, desenho ou algo escrito para aprender melhor.

De uma forma geral aprendemos pela via passiva e pela via ativa, ou seja, aprendemos fazendo e colocando em prática, mas também aprendemos vendo e ouvindo apenas.

E será que tem uma melhor forma de aprender? Existe uma teoria, proposta por William Glasser, que apresenta uma pirâmide de aprendizagem. Antes disso outros autores propunham algumas ideias parecidas, mas a pirâmide mais conhecida e considerada atualmente é de Glasser.

Essa pirâmide envolve as duas formas de aprendizado (passivo e ativo) e propõe que aprendemos mais com as formas ativas, mas ainda assim, conseguimos aprender apenas no modo passivo (em menor grau).

A pirâmide é mais ou menos assim, lembrando que alguns estudiosos discordam da percentagem como medição do conhecimento, mas para termos uma base aqui, seguimos com a pirâmide no modo que foi proposta por Glasser. Confira:

Reprodução

A proposta de Glasser com esta pirâmide é mostrar que, quanto mais ativos somos com o conhecimento, mais aprendemos de fato sobre aquele tema. Em termos cerebrais, como vimos antes, mais ativamos aquela via de conexão relacionada àquele conteúdo e mais rápida chega aquela informação quando precisamos dela.

Então apenas ler, escutar e ver podem trazer aprendizados, mas o mesmo acaba sendo num percentual baixo. Isso quer dizer que logo que “passar a prova”, podemos esquecer com facilidade aquela informação. É como se construíssemos uma picada no mato, por exemplo, que se não revisitamos, em breve é tomada pelo crescimento do mato ao redor e se fecha.

Quando temos um aprendizado mais ativo, conversamos, investigamos, definimos com nossas palavras, debatemos com outros, praticamos de fato e, principalmente, quando tentamos ensinar outra pessoa sobre aquele tema, o nível de conexão acaba sendo maior. Usamos mais caminhos e fica mais fácil lembrar dessa informação. Seria como a construção de uma rodovia, mais consistente e mais robusta, que até pode perder força, ganhar uns buracos no trajeto, mas com mais dificuldade será extinguida.

Vamos pensar juntos, se lermos a tabuada, até podemos lembrar um pouco dela, se ouvimos, talvez um pouco, se vermos, também pode ser útil, mas quando repetimos (praticamos), conversamos e tentamos ensinar para alguém, esse aprendizado se torna bem mais consolidado em nossa mente, não é?

Buscar sempre se desenvolver é uma possibilidade do ser humano. Aprender e crescer é uma busca constante e necessária na nossa vida. Até o último suspiro estamos em desenvolvimento, seja aprendendo algo novo, sempre aprendendo sobre nós mesmos e desenvolvendo o autoconhecimento.

Esse processo de conhecer mais a si mesmo, por ser muito facilitado ao ouvirmos, conversarmos com um profissional e nos dar conta do nosso fazer. Se puder, faça terapia!

Psicóloga Ana Carolina Schmidt